Luanda - O COVID ORGANIC DA DISCÓRDIAO presidente do Madagáscar, Andry Rajoelina, lançou oficialmente um remédio local à base de plantas, que segundo ele previne e cura o novo coronavírus. A bebida, chamada Covid-Organics, é derivada da artemísia - uma planta com eficácia comprovada no tratamento da malária.

Fonte: Club-k.net

Ao apresentar o remédio à ministros, diplomatas, jornalistas e membros do Instituto de Pesquisa Aplicada Malgaxe (IMRA), que desenvolveu a bebida, Rajoelina disse: "Testes foram realizados - duas pessoas foram curadas com esse tratamento, este chá de ervas dá resultados em sete dias". Empunhando uma dose, ele disse: "Serei o primeiro a beber isso hoje, na frente de todo o mundo, para mostrar que esse produto cura e não mata".


Desde então, Rajoelina tem-se se desdobrado em campanhas de publicidade para o seu produto em toda a África - inclusive em uma reunião on-line da União Africana (UA) com a participação de vários chefes de estado - e, como resultado, várias nações, entre elas Tanzânia, Comores, Guiné-Bissau e República do Congo, disseram que o adoptariam. Apesar de os especialistas médicos manifestarem preocupação com o famoso remédio, dizendo que ele não foi testado adequadamente e que sua eficácia e efeitos colaterais são desconhecidos.


Na sequência, a Organização Mundial da Saúde (OMS), agência das Nações Unidas especializada em saúde, cujo mandato consiste em garantir o nível mais alto de saúde possível para todos os povos do mundo, diz que até ao momento não há provas de cura para o Covid-19 e que testes internacionais estão em andamento para encontrar um tratamento eficaz. Lembrar que a OMS possui escritórios em mais de 150 países, incluindo Angola, mantendo uma equipa que trabalha lado a lado com os governos locais e outros parceiros para a melhoria da saúde. Criando e reforçando parcerias para uma melhor saúde, desenvolvem esforços a nível mundial para o controlo de doenças e epidemias – desde a malária, tuberculose, VIH/SIDA às doenças imuno-preveníveis, doenças respiratórias, doenças crónicas e doenças tropicais negligenciadas, e uma maior consciência para a sua prevenção e mobilização comunitária.


A academia médica nacional do Madagáscar (Anamem) também pôs em causa a eficácia da prevenção do remédio de Andry Rajoelina. Segundo a Anamem, esse chá pode prejudicar a saúde das pessoas, uma vez que as suas "evidências científicas não foram estabelecidas".


Andry Rajoelina o Homem que Quer “Curar” o Mundo do Coronavírus!


O Madagáscar é um país com altos níveis de pobreza e corrupção, onde as grandes empresas são do presidente, dos seus filhos ou dos seus amigos. Nascido em Antsirabe, a 30 de Maio de 1974, Andry Nirina Rajoelina é o actual presidente de Madagáscar desde 2019.

Anteriormente, foi presidente de Madagáscar de 2009 a 2014. Antes disso foi administrador da capital, Antananarivo, e subiu ao poder depois de um golpe de Estado contra o presidente Marc Ravalomanana.


Antigo empresário e disc-jockey, introduziu-se na política em 2007, ao apresentar-se como administrador municipal de Antananarivo. Ganhou as eleições com 63% dos votos e levou a cabo uma política populista.


É esse o homem que quer ficar nos anais da história como sendo o homem que curou o mundo do coronavírus com o seu cocktail milagroso. "Nenhum país ou organização nos impedirá de avançar", disse Rajoelina em resposta às preocupações da OMS.

Poção do Madagáscar Contra o Vírus Desdenhada Por Ser de África?


A Organização Mundial da Saúde vem alertando repetidamente que a infusão Covid- Organics, que o presidente de Madagáscar, Andry Rajoelina, divulgou como remédio contra o coronavírus mortal, não foi clinicamente testada.


Ontem, Segunda-Feira, 11, o presidente de Malgaxe, minimizou as críticas à ele dirigidas por estar a promover um "remédio" caseiro para o COVID-19, alegando que o Ocidente tem uma atitude preconceituosa em relação à medicina tradicional africana. "Se não fosse do Madagáscar, e se fosse um país europeu que tivesse descoberto esse remédio, haveria tanta dúvida? Acho que não", disse ele à imprensa francesa em entrevista.


Mais adiante na mesma entrevista à France 24 e à Radio France International (RFI) disse que: "Cientistas africanos ... não devem ser subestimados", "Acho que o problema é que (a bebida) vem de África e eles não podem admitir ... que um país como Madagáscar ... inventou essa fórmula para salvar o mundo", disse Rajoelina.


Em solidariedade com o Madagáscar muitas vozes se levantaram contra a “pressão” das organizações internacionais (principalmente a OMS e UA), dizendo haver um “bloqueio” claro contra aquilo que seria o primeiro medicamento feito em Africa para a cura contra um vírus, um problema mundial.


Apesar da controvérsia, já alguns países africanos como a Guiné Equatorial, a Guiné- Bissau, o Níger e a Tanzânia receberam remessas da poção, lançada no mês passado.


O presidente disse que a prova da eficácia do tónico está na "cura de nossos doentes". O Madagáscar notificou oficialmente 186 infecções por coronavírus e 105 recuperações, sem mortes. Os pacientes que foram curados foram curados apenas pela administração da Covid-Organics, afirma o presidente.


O problema que se pões é que os experimentos que eles foram fazendo não obedeceram aos padrões da OMS e não há evidências de que os pacientes curados, tenham sido curados, efectivamente, pelo Covid–Organics, não tem como aferir essa informação. A outra questão é que em vários outros países há relatos de milhares de curados sem terem tomado o chá mágico. Aqui mesmo no nosso país tem 13 casos recuperados, dos quais há uma senhora que em entrevista à uma Tv disse que só tomou paracetamol e água e, ficou curada.


Em condições normais, quando se diz que determinado remédio cura tal doença é porque quando ministrado a doença desaparece do organismo. A cura para o paludismo, por exemplo, chama-se: Coartem, Artemether, Fansidar, e etc. Ham, “mas as pessoas continuam a morrer de doenças curáveis, como o paludismo”. É verdade, mas essas pessoas não morrem porque aqueles anti palúdicos deixaram de fazer efeito, elas morrem por falta de acesso aos cuidados médicos e medicamentosos de forma atempada.


Desde que foi lançado publicamente, se o Covid–Organics fosse realmente a cura, o Madagáscar nessa altura já não teria doentes com o vírus. Pelo contrário, de 20 de Abril até hoje houve um aumento de 65 novos casos. Até então, o país contava com 121 casos confirmados.

A Pressão Internacional Para que os Dados Científicos Sejam Colectados é Absolutamente Necessária


A decisão sobre se o nosso país devia já importar o cocktail milagroso não deve ser tomada assim de ânimo leve. As dúvidas em medicina podem custar a vida de alguém. Nenhum governo responsável deve apressar-se a comprar o Covid-Organics só por solidariedade, porque “é africano, é nosso”.


Por causa da pressão internacional a cobrar dados científicos, as autoridades Malgaxes estão a desdobrar-se para conseguirem compilar tais dados, é assim que solicitou assistência à Africa do Sul neste sentido. De acordo com o ministro da Saúde Zweli Mkhize, o Governo da África do Sul ajudará as autoridades do Madagáscar a testar e analisar um medicamento à base de plantas não comprovado para a cura do Covid-19. "Na verdade, recebi um telefonema do governo Malgaxe, eles nos pediram e, gostariam de ser auxiliados no processo de tentar validar, tentar ajudar a investigar as bases científicas pelas quais esse medicamento poderia ser usado", disse Mkhize aos jornalistas esta semana.


Até o Senegal que já importou o medicamento levanta algumas objeções. Para os testes em escala real da Covid-Organics no Senegal, a luz verde ainda está longe de ser adquirida. A decisão é do Ministério da Saúde, mas as autoridades e alguns especialistas mostram algumas reservas em relação a solução Malgaxe. As primeiras amostras já chegaram do Madagáscar, de acordo com o professor Daouda Ndiaye, que estabeleceu o protocolo para futuros testes. Primeiro precisamos analisar o que realmente está nas garrafas: "Haverá testes de laboratório que terão que ser feitos, para verificar se realmente tudo o que é dito é o que está lá. Internamente, em termos de ingredientes activos, em termos de homogeneidade, em termos de componentes, em termos de dosagem. Além disso, verificar que não há outros produtos que não saibamos", explicou o professor

O chefe do Serviço de Parasitologia de Micologia da Universidade Cheikh Anta Diop em Dakar, foi mais longe ao afirmar que "Não podemos dar um medicamento à uma pessoa sem antes analisá-lo".


A União Africana também está em discussão com a República de Madagáscar, através da sua embaixada em Adis Abeba, com o objectivo de obter dados técnicos sobre a segurança e a eficiência desse remédio.


A este respeito, a Comissária da UA para Assuntos Sociais, Amira ElFadil, convocou uma reunião com o responsável pelas relações exteriores da República do Madagáscar, o Sr. Eric Randrianantoandro, a 30 de Abril, na qual foi acordado que o Madagáscar forneceria à União Africana os detalhes sobre o remédio. Depois de fornecidos os detalhes, a UA, por meio do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da África (Africa CDC), revisará os dados científicos colectados até o momento sobre a segurança e eficácia do Covid-Organics. Esta revisão será baseada nas normas técnicas e éticas universais para que se possam reunir as evidências científicas necessárias sobre o desempenho do cocktail. O Africa CDC é uma instituição técnica da UA especializada que apoia os Estados Membros nos seus esforços para fortalecer os sistemas de saúde e melhorar a vigilância, resposta a emergências, prevenção e controle de doenças.

As descobertas Cientificas só Valem se for Observado o Protocolo Cientifico.


Era bom que cada um a partir do laboratório da sua casa andasse a inventar coisas e as pudesse publicar. Não é assim que as coisas funcionam na vida real! Há regras a serem cumpridas e uma delas é o principio da publicidade. As pesquisas científicas não se guardam a sete chaves, são públicas, quem quiser ter acesso aos dados pode tê-los. A outra regra é observância do protocolo científico. Protocolo é um conceito que é usado para denominar o conjunto de instruções ou normas que, seja por acordo ou por tradição, permite orientar um comportamento. Já investigação é a acção metódica que se leva a cabo com a intenção de aumentar os conhecimentos sobre algo ou com o objectivo de realizar um descobrimento, é o processo e o resultado de investigar.


Assim, os protocolos de investigação “são guias que detalham distintas questões que se consideram na hora de desenvolver um trabalho de investigação. A sua finalidade é acordar procedimentos comuns a todos os investigadores, de forma a facilitar a análise dos resultados e que as conclusões do trabalho possam ser partilhadas de forma simples.


Assenta referências de trabalho que se pretende desenvolver e estabelecer sob que parâmetros serão interpretados os resultados do projecto.” Depois de realizada a investigação, qualquer cientista pode tomar o protocolo em questão e estudar a documentação utilizada e os passos seguidos. Desta forma, a comunidade científica está em condições de considerar a validade e a qualidade da investigação realizada. Graças ao protocolo de investigação, por outro lado, o trabalho de investigação pode verificar- se e ser replicado passo a passo.


Em suma, um protocolo de investigação deve incluir detalhes suficientes em todos os itens que correspondam ao tipo de pesquisa a ser desenvolvida, para permitir o entendimento e a avaliação pelos membros do Comité (de avaliação por pares ou peer review). Deve descrever a pesquisa nos seus aspectos fundamentais, conter informações relativas aos sujeitos da pesquisa, a qualificação dos pesquisadores e de todas as instâncias responsáveis.


Não existe nenhum plano do ocidente contra a Africa. Os nossos irmãos do indico falharam nestes aspectos, não cumpriram com as etapas próprias do método científico para virem afirmar que o medicamento é seguro e pode ser usado. Há conteúdos mínimos que um protocolo de pesquisa deve fornecer e, todas evidências indicam que o Covid-Organics não as fornece. O ministro de Estado e responsável da comissão de combate à covid-19, Pedro Sebastião, esteve bem quando recomendou cautelas. Segundo ele, Angola prefere aguardar a certificação científica sobre 'Covid-Organics'. Já viu se daqui há algum tempo se descobrir que afinal aquilo é um veneno que mata lentamente?