Luanda - O moçambicano José Carlos Oliveira de Sousa Horta, conselheiro político do MPLA, entre 1960 e 1961, morreu, Domingo, em Lisboa, Portugal, vítima de doença.

Fonte: Jornal de Angola

Nascido em Inhamússua, Homoíne, Moçambique, no dia 16 de Dezembro de 1935, José Carlos Horta foi o responsável pela edição dos primeiros cartões dos membros do MPLA, do programa, estatutos e o regulamento interno do partido. A José Carlos Horta coube, igualmente, a edição do livro “Le Procès des Cinquante”, que denunciava a prisão de nacionalistas, em Angola, em 1959.

O livro contém uma introdução, não assinada, de Viriato da Cruz e um texto assinado por Mário Pinto de Andrade, a quem o irmão, Joaquim Pinto de Andrade, enviou informação sobre as prisões, presos políticos e respectivas fotografias.

Horta foi, entre os estudantes das colónias africanas portuguesas que se encontravam no exterior, o primeiro a lançar a ideia de uma organização de jovens africanos.

Amigo de Viriato da Cruz

Em finais de 1959, escreveu ao amigo Viriato da Cruz, fazendo recurso às seguintes palavras: “A melhor lição que lá (no Sétimo Festival da Juventude e dos Estudantes de Viena) recebi foi a necessidade de uma associação para estudantes. A cada passo pude avaliar essa necessidade que pareceu imperiosa... todas as associações beneficiam de bolsas...”.

Entre 1959 e 1965, foi fundador e dirigente da União Geral dos Estudantes da África Negra sob Dominação Colonial Portuguesa (UGEAN), tendo organizado o primeiro e segundo congressos, que ocorreram em Rabat, Marrocos, em 1961 e 1963. Em Janeiro de 1961, em virtude dessas actividades, vê recusada a renovação da autorização de residência na Bélgica como estudante. Da Bélgica, segue para a Alemanha Democrática. Em Outubro de 1961, José Horta e o angolano Luís de Almeida são acusados pela PIDE de “intensa actividade subversiva contra as províncias ultramarinas portuguesas” e de estarem “a provocar o êxodo de estudantes africanos residentes em Portugal” (êxodo conhecido como a “Fuga dos Cem”).

Em função disso, a PIDE lançou um pedido de captura contra Horta. Depois do exílio na Alemanha Democrática (1961 a 1965), refugia-se em Argel (Argélia), até 1974, para, um ano depois, passar a viver em Algés, Portugal. Em 1957, participou, como membro da delegação belga, no Sexto Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes, em Moscovo, onde conheceu Marcelino dos Santos e Mário Pinto de Andrade.