Luanda - Bem a maneira de um bom Mucubal, Chicoca relembrou aos algozes que nas suas veias corre sangue de gente que não foge nem a leões nem a cobras.

Fonte: Club-k.net

O que seria do rebanho se o bom pastor das terras mais a Sul do litoral da linda Angola, batesse em retirada logo que aparecesse a primeira fera?


Por esta altura não teríamos nem bois nem cabritos, e certamente os mucubais estariam mortos e extintos de tão apegados que são aos seus animais. Disse-me um certo dia um vizinho na Calemba II, a quem convidara para um almoço de Domingo que ele, Potássio, não comia capim. Chamava capim a abundante oferta de legumes que minha amada esposa servira a mesa. O bom do meu vizinho Potássio só teve olhos para a carne, tanto a grelhada como a cozida.


Dizia que foi ensinado a treinar os dentes como se de garra se tratasse, desde a tenra idade, assim como lhe tinham ensinado a conduzir animais de grande porte com um simples açoite.


O boi não precisa surra. Ele obedece o Mucubal, porque sente-lhe a autoridade pela via do cheio e da imponência do seu olhar.


Gabava-se o Potássio, que já não é meu vizinho, mas ficou-me a lembrança: Mucubal não come capim.


Pois Mucubal que é Mucubal defende os seus, incluindo as suas manadas de gado. Portanto, não será certamente a invenção de crimes surreais que de certo levarão o bravo Chicoca a recuar e ainda bem que é assim.


O que estou ainda a procura de entender é onde a PGR Namibe vai encontrar meios e recursos para catalogar e convocar todos que, em solidariedade a uma profissional vilipendiada, fizeram questão de juntar as suas vozes em defesa da honra beliscada. Sim, todos nós que manifestamos a indignação afinal teremos cometido, tal como Chicoca, o tal crime de exacerbada liberdade de imprensa. Temos muito que aprender e preferencialmente com o Ministério Público do Namibe!


A profissional foi vilipendiada sim, porque só assim se entende que o mais alto mandatário do Namibe, por entreposta pessoa, tenha subscrito uma carta a rogar perdão a vítima que, dentro do ambiente de democracia e sã convivência, aceitou tal gesto certa de que assim se redimem os conflitos entre civilizados.


Ainda esta fresco no nosso imaginário, e talvez tenhamos sido às dezenas, o total de profissionais dentro das nossas fronteiras e no estrangeiro que manifestamos indignação a que temos direito, quando do Namibe chegou a triste notícia de violência gratuita contra uma frágil mulher que apenas cumpria o seu dever profissional.


Como bom pastor, Chicoca e equipa, exigiu do prevaricador um pedido de desculpa ou acção penal por tão vil falta a privacidade e honra alheia. Todos acalmamo-nos diante da pronta resposta de Archer Mangueira e equipa, que mostrou a grandeza da concórdia ao tomar a iniciativa de escrevê-la.


O que não sabíamos é que a trégua terminaria de forma surreal e inimaginável. Aquele que apenas defendeu o seu filiado, agora em contra-ataque é chamado a depor acusado afinal de ter cometido um infame crime!


Sinceramente, ainda que se tenha o rei na barriga, a petulância também pode ter limites.


E se o caminho afinal é este, nós os modestos escribas deste país não estamos interessados a abrir mão ao pouco que conquistamos e vamos serrar fileiras aos nossos direitos dizendo que estamos prontos, um a um, a ir depor por tão grave excesso nas nossas liberdades por termos ousado juntar nossas vozes à indignação do vilipêndio de uma profissional que no cumprimento do seu dever foi simples e gratuitamente destratada por um ente ao serviço do mesmo patrão de todos nós: Angola.

Portanto chamem-nos um a um.

*Jornalista e Presidente do MISA ANGOLA