Para o começo desta conversa, Hitler por quê?

O meu nome completo é Hitler Jessy Tshikonde. Mas preferi adoptar Hitler Samussuku para ser facilmente identificado no leste de Angola, sobretudo, no Moxico onde nasci. O meu pai atribuiu-me este nome em função do contexto em que nasci, ou seja, depois da “Queda do Muro de Berlim”. Falava-se muito das causas da Segunda Guerra Mundial e do seus actores. O meu pai gostou do nome Hitler e atribuiu-me.

O que é que sabe de Adolf Hitler?

Muita coisa! Quando era criança, o meu pai, ao invés de contar estórias de quadradinhos, contava-me histórias políticas. No Ensino Médio, frequentei e conclui o curso de Ciências Humanas. Na Universidade, frequentei e conclui o curso de Ciência Política. Além do mais, tenho alguns livros específicos que falam deste homem e de outros da mesma linhagem. Mas eu não me identifico com ele. Aliás, eu sou chara do seu pai, porque ele chamava-se Adolf e o pai Hitler.

 

Como é que a sociedade reage pelo facto de ter este nome?

A reacção depende muito do grau de informação de cada um. Algumas pessoas acham bonito outras ficam meio assustadas. A primeira questão que me colocam é: “você sabe quem foi o Hitler?”

 

Nunca foi mal interpretado ou deixado de ter sido levado a sério por causa deste nome?

Quando fui preso em 2015, o director adjunto dos Serviços Prisionais decidiu travar um debate comigo, na prisão, a respeito do nome. Ele insinuava que sou o que sou fruto do nome. Mas eu perguntei-lhe se o Hata, o Luaty, o Arante se tornaram activistas em função do nome. Foi uma discussão que durou cerca de três horas na Comarca Central de Luanda e na presença dos agentes. Na verdade, foi a única vez que alguém nas vestes de funcionário público tocou na questão do meu nome.

 

Foi preso com outros companheiros e acabaram por ficar conhecidos como 15+2. Que notícias tem dos seus companheiros de luta e de cárcere?

Fomos presos em Junho de 2015 e ficamos conhecidos como os “15+2”. Alguns deles eu já conhecia como activistas. Outros eram colegas meus na escola e outros conheci através do Hip-Hop. A nossa prisão fortificou os laços de amizade. Conversamos sempre que possível. Alguns estão em Angola e outros fora de Angola. Alguns estão mais activos e outros menos. Mas continuamos a ser os “15+2”, nome atribuído pela sociedade porque antes éramos um grupo de jovens que partilhava os mesmos ideais. Por isso decidimos aperfeiçoar os métodos de contestação através das teorias de Gene Sharp e acabamos presos com uma acusação longe das nossas expectactivas, mas que valeu a pena.

 

Valeu a pena?!

Valeu a pena porque conseguimos atingir o nosso objectivo principal, o de afastar José Eduardo dos Santos do poder; ou seja, em 2011 quando iniciamos a contestar o lema era: “32 (anos) é Muito”. O nosso foco era José Eduardo dos Santos. Hoje ele já não faz parte do cenário político, porque não cruzamos os braços nem traçamos as pernas, mas agimos à medida do regime.

 

Vocês eram conhecidos como “15+2”, mas também como um grupo de “jovens frustrados”, tal como disse um dia o ex-presidente da República José Eduardo dos Santos. Falando por si, continua frustrado?

Somos frustrados na percepção dos nossos detratores e até o outro presidente também disse que somos avarentos. Diziam ainda que não temos sucesso escolar, mas a realidade contraria a percepção deles. Fui um dos melhores estudantes da Universidade Agostinho Neto, tive 18 valores na apresentação do meu trabalho de fim do curso. Esses epítetos são simplesmente estratégias de diminuir o adversário, porque realmente nós somos as escapatórias do sistema apodrecido. O sistema absorveu todos, menos a nós. E na percepção do povo, nós somos os bravos heróis, àqueles que de peito aberto enfrentaram o sistema.

 

O ex-Presidente José Eduardo dos Santos subestimou-vos ou não tinha ideia da vossa força da juventude?

Os ditadores de todo mundo possuem semelhanças surpreendentes. Todos eles subestimam o povo, até mesmo quando o povo se levanta alegam que há uma mão invisível por detrás da reacção. O povo suporta até um certo nível e por mais coeso que seja um regime de ditadura, um dia ela colapsa e nós acreditávamos que seriamos capaz de abalar a estrutura apodrecida do regime. Hoje dividimos a opinião pública, porque o povo reconhece que foi fruto da nossa coragem que desgatou a imagem de José Eduardo dos Santos, enquanto o MPLA procura minimizar a nossa coragem inventando estórias de uma transição geracional quando todos conhecemos os meandros do ápice do desgaste da imagem do ex-Presidente da República. Numa entrevista que concedeu a uma televisão brasileira, José Eduardo dos Santos chegou a dizer que o País não estava preparado para transição. A nível interno fazia-se eco ao seu discurso. À luz da Constituição, ele poderia muito bem concorrer para mais um mandato. Mas felizmente desgastamos a sua imagem e desistiu da corrida. O actual está a seguir o mesmo caminho.

 

Explique-se.

Inicialmente João Lourenço apresentou-se como um reformador. Mas à medida que o tempo foi passando, percebeu que não será possível ter um segundo mandato sem o apoio do seu partido. Por essa razão, adoptou um recuo estratégico com vista à manutenção do Poder Político. Hoje a governação de João Lourenço prioriza a vontade das instituições de Bretton Woods (Banco Mundial e a FMI) e os membros do “núcleo duro” do seu partido, razão pela qual vê-se um reaproveitamento daqueles que eram tidos como bajuladores de José Eduardo dos Santos. Nos últimos meses, houve uma onda de violação dos Direitos Humanos. O nível de repressão voltou como na era “eduardista”. O combate à corrupção fracassou redondamente. João Lourenço não conseguiu, em três anos, resolver os problemas do povo e com receio de ser detonado pelo seu partido…está a submeter-se à decisão da maioria.

 

Está a dizer, por outras palavras, que o País deu um passo em frente e, a seguir, dois para trás?

Exactamente! O País tinha marcado um passo em frente e agora marcou dois atrás. Se continuarmos a ser cúmplices da nova urdidura partidocrática, provavelmente marcará um terceiro passo para atrás. Os escândalos de corrupção voltaram de forma galopante, sobretudo, na gestão do PIIM, em que não há nem um pouco de transparência. Não sabemos o que é do OGE e o que é do PIIM. Uma confusão propositada, que cria um ambiente fértil para a corrupção. O pior de tudo é que agora é sob um olhar silencioso daqueles que no passado atacavam os casos de corrupção e as práticas de violação dos Direitos Humanos.

 

Disse que o País deu dois passos para trás, que regrediu. Mas não é esta ideia que se tem de Angola no estrangeiro.

Aos estrangeiros sempre foi vendida a imagem de uma Angola prospera, com vista a atrair investimentos. Recentemente a televisão mostrou famílias a procurar o que comer em contentores de lixo. Essa Angola real só a conhece quem nela vive. A onda de rejeição de João Lourenço está clara e pode ser percebida actravés das medidas que ele vai tomando. Parece um Presidente muito inseguro e que não sabe o que faz. Sempre achei que ele é como alguém que vai banhar num rio sem noção da profundidade e quando sai do primeiro mergulho, fica a calcular se vale a pena voltar a mergulhar. Para quem inicialmente tentou distanciar-se daqueles que com José Eduardo dos Santos destruíram o país, é sinal que alguma coisa não está bem e nós ainda não percebemos.

 

Por que razão se diz com que frequência que o Presidente da República está mal rodeado?

O próprio Presidente da República faz parte do conjunto de pessoas, que desde 1975 faz vida cara ao povo angolano. Antes de ser Presidente, João Lourenço não tinha nenhuma obra de caridade em Angola. E se tem, desconheço. Acho que a intenção de lhe propor como Presidente constituiu uma surpresa para ele, porque até hoje ele mostra insegurança em tudo que faz, ou seja, nomeia- exonera, exonera-nomeia, repatriamento de capital zero, combate à corrupção igual à fachada, o desemprego cresceu de forma galopante, as autarquias continuam a ser miragem, transparência na gestão da coisa pública, zero. É só muita propaganda. Os problemas do povo continuam a ser os mesmo desde 1975: Luz, Água, Saúde e Educação. Estes problemas seriam resolvidos com a distribuição geográfica do poder, ou melhor, os autarcas iriam diminuir a responsabilidade do Presidente da República, resolvendo os problemas básicos das comunidades. Mas a ambição é tanta que os membros do MPLA perdem a racionalidade e agem como se fossem contra o bem-estar dos angolanos.

 

Há um vídeo da sua autoria a rolar nas Redes Sociais em que afirma que, em Angola, a Polícia mata mais que o coronavírus…

Sim! Neste momento, as forças que deveriam manter a ordem e a tranquilidade públicas já fizeram oito vítimas mortais, enquanto que a Covid 19, em todo País, fez apenas duas vítimas mortais. O pior de tudo é a impunidade dos agentes e a responsabilização do ministro e dos comandantes da Polícia Nacional, porque existem métodos e meios de dispersão pacifica como o gás lacrimogéneo, que utilizam frequentemente nas nossas manifestações e as balas de borrachas que são utilizadas nos outros países. João Lourenço jurou cumprir a Constituição, fazer cumprir e está a deixar o mal passar sem impunidade.

 

Que leitura faz do exílio de José Eduardo dos Santos e família, o pedido de contas da Justiça angolana e portuguesa a Isabel dos Santos Dokolo e a impunidade dos generais que eram colaboradores próximos do então PR?

Faço muitas leituras. A primeira, é a de que a vida dá muitas voltas. José Eduardo dos Santos está a viver o destino que pretendeu dar a Jonas Savimbi em 1989, durante a conferência de Gbadolitte. A segunda, é a de um abuso extremo contra o sofredor povo angolano que não tem o que comer e o responsável da desgraça vive na Espanha como rei, com um aparato de segurança e mordomias pagas pelo Estado angolano, mesmo depois de deixar os cofres vazios. Quanto à impunidade dos generais que colaboraram com o ex-PR, não tenho nada a comentar. Nós vivemos num sistema de implicação geral, ou seja, além dos generais muitos civis também estão impunes depois de tudo quanto fizeram.

 

Quantos à situação de Isabel dos Santos na Justiça angolana e portuguesa?

As autoridades angolanas deveriam ser mais inteligentes e evitar forjar provas como essa da assinatura de Bruce Lee. Estes erros descredibilizam as instituições.

 

O que diz sobre o afastamento de Welwitchia José dos Santos do Parlamento?

Se preferiu o asilo político, só ela sabe o que lhe levou a abandonar o País.

 

O MPLA desfez-se de José Eduardo dos Santos ou ele deixou pura e simplesmente o partido e o País?

Essa questão é complexa, porque pode dar-se o caso de ser uma estratégia do MPLA manter-se no Poder. Desfazer-se de alguém ruim e garantir-lhe uma vida de rei, é contraditório. O Estado angolano deveria preocupar-se com o ex-PR em solo angolano. Quando a assistência ultrapassa fronteiras, alguma coisa não está clara.

 

João Lourenço corre o risco de vir a ter a mesma “sorte” que o seu predecessor?

O MPLA é assim mesmo. Foi assim com Viriato da Cruz, que foi secretário-geral e fundador do MPLA, foi assim com Mário Pinto de Andrade, foi assim com Lúcio Lara. O MPLA será sempre assim com quem quer que seja. O MPLA não tem ideologia. Os militantes do MPLA são motivados pelo dinheiro. E as relações baseadas em dinheiro, terminam sempre mal.

 

Acredita que João Loureço já sente a tentação de alterar a Constituição para cumprir um terceiro mandato?

Numa entrevista concedida no ano passado, demarcou-se da ideia da revisão da Constituição, porque os poderes que herdou ficaram-lhe muito bem. Mas agora percebeu que não está a cumprir as promessas neste mandato e que não será possível no próximo. Então a única saída é alterar a Constituição, zerar o seu mandato e ficar mais tempo no poder. Mas isto tem riscos. Alguns presidentes de países africanos e não só, que tentaram, não foram bem-sucedidos. Resta saber se teremos um cenário político favorável para isso. Talvez a necessidade de cooptar algumas figuras, que no passado eram demasiadas controversas, para dar legitimidade às medidas do Presidente. Tudo é possível, mas só o tempo dirá.

 

Até quando é que o Parlamento vai continuar a ter uma relação vertical e não horizontal com o Executivo?

Quando o País for conduzido para uma democratização plena e efectiva. Por enquanto estamos a viver um regime autoritário sem separação de poderes. O Presidente da República domina até o Poder Judiciário. E para mudar esse quadro, os partidos políticos e as organizações da Sociedade Civil devem ser mais fortes e actuantes.

 

A Liberdade de Imprensa e de Expressão já têm em Angola um “porto seguro”?

É notória a desigualdade no tratamento dos profissionais da Comunicação Social. Temos jornalistas do Governo e jornalistas da oposição. A “Rádio Despertar”, por exemplo, não consegue estender o seu sinal para todo País. Existem iniciativas comunitárias de rádio e tv, que são bloqueadas. Essa estratégia do MPLA visa evitar informações contraditórias. Os regimes ditatoriais, em todo mundo, monopolizam os meios de Comunicação Social por saberem ser o Quarto Poder.

 

Foi preso por delito de Opinião já na vigência do presidente João Loureço. Por quê?

Por ter feito um vídeo a advertir o Presidente João Lourenço a não seguir os passos do anterior presidente. O vídeo atingiu o âmago do Poder por eu ter utilizado um nível e linguagem facilmente percebido pelas massas. Os Serviços de Investigação Criminal (SIC) raptaram-me no dia 10 de Maio de 2019 e acusaram-me posteriormente de atentar contra a vida do Presidente da República e por último a Direcção Nacional de Investigação e Acção Penal (DNIAP) acusou-me de ultraje contra o Presidente da República. Fiquei detido durante 72 horas. Fui solto por Termo de Identidade e Residência. O processo continua em aberto.

 

E que leitura faz deste episódio?

Que o regime estava a efectuar um recuo estratégico ao autoritarismo. Naquela altura muita gente foi contra mim. Mas agora vejo pessoas que me haviam criticado a darem-me razão pela atitude e fiquei na História por ter sido o primeiro a confrontar o novo Presidente da República.

 

O que é que isso demonstra?

Que houve tentativa de mudanças. Pelo menos as pessoas agora falam à vontade questões políticas e não creio que esse ambiente será silenciado com facilidade. Há mais activistas, há mais debates, há mais ideias de discussão sobre o País. A sociedade agora tem referências de pessoas que contestaram o regime e sobreviveram. Isto inspira…

 

É verdade que os “15+2” rejubilaram de alegria quando souberam do julgamento e a consequente prisão do general António José Maria, ex-chefe do SISM?

Foi sol de pouca dura, até porque o mesmo encontra-se em casa. Eu e o Luaty chegamos a assistir duas sessões de julgamento dele.

 

Ele está a cumprir prisão domiciliar…

Seria bom se ele a cumprisse na comarca…em casa é como se de nada se tratasse. Mas também pouco me importa a desgraça dessa gente, porque eu não sou como eles. Fui educado a obedecer a um sistema de valores. Essa gente do MPLA faltou-lhes tudo na infância, por isso castigam o povo.

A Sociedade Civil tem de conquistar o seu espaço

 

Que leitura faz hoje da Sociedade Civil está mais ou menos actuante?

Novos tempos, novos actores. Hoje quando penso nas organizações da Sociedade Civil, julgo a dinâmica que implementamos, a que chamo de nova forma de associativismo. Nos últimos anos emergiram novas organizações com foco concreto, por exemplo, o “Ondjango Feminista” -um movimento que discute questões da emancipação da mulher, “Os Panafricanistas”, que se encarregam de questões da negritude e do resgate da ancestralidade africana. Quando o Executivo prometeu ( e não cumpriu) em criar 500.000 postos de emprego, criamos um grupo especifico só para realizar protestos contra o desemprego e conseguimos atingir o Governo que, atrapalhadamente, respondeu com uma feira mal organizada do emprego. Quando falaram em autarquias, criamos um movimento designado “Jovens pelas Autarquias”, com representações em alguns municípios de Luanda, tais como Cacuaco (“Projecto AGIR”), Cazenga (“PLACA”), Belas (“Núcleo Belas em Acção”), Matala (“Okulinga”), Lwena (“Laulenu”), Viana (“MUDAR”) e outros. A tendência é a de mostrar que também temos interesse nas autarquias e que estamos dispostos a concorrer de forma independente. Como grupo de cidadãos, levamos a cabo uma serie de manifestações defronte à Assembleia Nacional e uma série de conferencias em quase todo o País, durante as quais mostramos posições a respeito do Pacote Legislativo Autárquico. A par destas criadas por nós, haviam outras que tinham o seu papel e que muitas vezes se limitam nas apresentações de relatórios, que a maior parte da população angolana não tem acesso.

 

Hoje tem-se lançado suspeição sobre as organizações da Sociedade Civil, sob o argumento de que muitos activistas fizeram alianças espúrias…

A vida não é retilínea. Além do mais, somos livres. A Liberdade pressupõe agir de livre consciência. É normal que algumas pessoas mudem o foco, até porque as teorias dos movimentos sociais nos ensinam isso mesmo.

 

Apesar de terem vocações diferentes, concorda que as organizações da Sociedade Civil têm feito mais que os partidos políticos na oposição, quer seja no Parlamento ou fora dele?

Se dissesse que sim, estaria a desrespeitar o trabalho dos outros. Mas também não reconheço a acção dos deputados da CASA-CE, PRS e da FNLA. Mas através do Facebook acompanho a dinâmica dos deputados da UNITA e que também nem todos representam condignamente o povo. Contudo, o problema reside no sistema; ou seja, o modo como são eleitos os deputados não tem como eles estarem muito presente nos problemas sociais. 90 % dos deputados angolanos não são conhecidos pelo povo, nem sabe que existem enquanto pessoas. Foram parar ao Parlamento por conveniência partidária. De igual modo, muitas organizações da Sociedade Civil não actuam chocando com o Governo, porque em Angola vivemos um sistema político clientelista. Fala-se de participação, mas ninguém participa. Fala-se de transparência, mas ninguém é transparente. Não conheço uma organização da Sociedade Civil que tenha tornado pública as suas contas. O Estado subverteu os valores e cada um procura salvar-se como pode. É preciso, pois, mudarmos o sistema político e eleitoral para termos novos representantes políticos, tal como acontece no Brasil, no qual cada deputado corre atrás do seu próprio voto. Essa corrida, faz nascer um compromisso social, aquilo que em Ciência Política chamamos de “Natureza da Representação”; ou melhor, se sou deputado é porque alguém votou em mim. E se alguém votou, devo representá-lo para renovar a confiança.

 

A Sociedade Civil já tem o espaço e actuação que era suposto, possível e desejavel ter?

Os espaços de actuação conquistam-se. Se nós conseguimos manifestar duas vezes defronte ao Portão Sul da Assembleia Nacional, conquistamos o espaço, pese embora que na terceira vez fomos brutalmente torturados, mas é preciso conquistar. O espaço não será dado de bandeja pelo opressor.

 

BILHETE DE IDENTIDADE

Hitler Jessy Tshikonde (mais conhecido por Hitler Samussuku). Nasceu na província angolana do Moxico. É “revú” (revolucionário), rapper, promotor de manifestações e debates académicos. Formado em Ciência Política na Universidade Agostinho Neto. Considerado pela Amnistia Internacional como Preso Político, fez parte do grupo de jovens que desde 2011 levaram acabo onda de contestação do poder político e acabou por ser preso em 2015. Foi condenado a 4 anos e 6 meses de prisão, tendo cumprido apenas um ano e um mês.

Hitler Samussuku é também o percursor da nova forma de associativismo que surgiu nos últimos 4 anos.

Foi co-promotor da Marcha Contra o Desemprego. Liderou a Manifestação Contra a Morosidade na aprovação do Pacote legislativo autárquico.

É co-fundador do Movimento Jovens pelas Autarquias, que promove conferências, e debates nas comunidades sobre o Poder Local.

É ainda vice-presidente da Associação Cívica Handeka e responsável de Marketing da Associação Angolana de Ciência Política.