Luanda - Os estudantes que já pagaram propinas referentes aos meses de Abril, Maio e Junho, vão pagar apenas a diferença, ou seja, os 40% nos meses de Janeiro, Fevereiro e Março do próximo ano, altura que termina o ano académico 2020, cujo reinicio está previsto para o dia 13 de Julho.

Fonte: JA
“Quem ainda não pagou nada, até agora, deve fazê-lo na totalidade, ou seja 100 por cento da mensalidade durante os três meses de extensão de aulas, no próximo ano”, indicou o porta-voz da Associação das Instituições do Ensino Superior Privadas de Angola (AIESPA).

 

Desta forma, adiantou Laurindo Viagem ao Jornal de Angola, os ministérios das Finanças e do Ensino Superior estão a trabalhar na regularização da situação, porque “o Decreto conjunto foi aplicado numa determinada circunstância e tem de ser substituído agora por um outro, para normalizar a situação”.

 

“Nós, os professores, estamos a reagir dentro das circunstâncias”, admitiu Laurindo Viagem, também secretário geral da Universidade Católica de Angola. “Fomos de acordo com o Decreto conjunto e pagamos salários dos professores de Abril e Maio e, agora, estamos a preparar o reinício ano académico”.

 

A decisão de um número reduzido de estudantes na sala de aulas, a principal dificuldade das instituições do ensino superior, que estão desprovidas de professores e infra-estruturas suficientes para redimensionar as salas.

 

Para a fonte, as instituições vão accionar toda a criatividade para poder atender estudantes dentro e fora da sala de aula. Ao longo do tempo que durou o Estado de Emergência e, agora, de Calamidade, por conta de Covid-19, alguns estudantes receberam aulas por via das plataformas tecnológicas. Mas muitos deles não tiveram condições para ser atendidos desta forma.

 

“Tenho uma turma de 76 estudantes, só consegui interagir com trinta e tal por via de um programa “classroom”, porque os outros não têm internet ou nas zonas em que vivem a energia não é constante”, disse. Laurindo Viagem antevê que estes problemas vão ser vividos tão-logo o ano académico reinicie nos moldes apresentados pelo ministério.

 

“Estamos a ver como vamos atender os alunos, através de tutores, plataformas digitas e trabalhos para casa”, disse. Sem avançar custos, disse que a Universidade Católica criou uma comissão de contingência que está a avaliar os custos dos equipamentos de biossegurança, de modo a garantir o funcionamento das aulas em segurança.

Início de aulas

Com a previsão de iniciar no próximo mês, o ano académico no ensino superior em Angola encerra a 27 de Março de 2021. A data encaixa-se dentro das previsões das universidades que, em conjunto com o Ministério do Ensino Superior, analisaram duas propostas que estiveram sobre a mesa. “Cada proposta tinha a sua vantagem e desvantagem”, refere o porta voz da Associação das Instituições do Ensino Superior Privadas de Angola (AIESPA).

 

O ministério optou pela segunda proposta, uma medida que não surpreendeu as academias. Mas os constrangimentos de ordem económica começam a interferir nos orçamentos das universidades, e, em princípio, o alargamento do ano leva as instituições a trabalhar 13 meses e a cobrar, apenas, dez meses, conforme o estipulado pelo Ministério do Ensino Superior.

 

Laurindo Viagem explica que, ainda assim, as universidades compreendem o calendário publicado, pelo facto de ele ser elaborado dentro de um quadro da pandemia da Covid -19. Em resumo, o porta voz da AIESPA admitiu que o momento exige a adaptação das estratégias, devendo as universidades, agora, preparar a redução das turmas e a aquisição de material de biossegurança.

 

“É um esforço financeiro que vamos ter de fazer, que não estavam dentro das nossas previsões”, reclamou. Com o novo calendário, o porta-voz das universidades observa com apreensão a inexistência, até agora, de uma data para o início das inscrições e matrículas do ano académico 2021.

 

O processo de preparação para o arranque de um ano lectivo dura, aproximadamente, dois meses e, deste modo, não vai poder prever que as aulas, no próximo ano, arranquem em Abril.

 

“Os inconvenientes são enormes, pois achamos que o próximo ano académico deve começar em finais de Maio ou princípio de Junho”, propõe, para lembrar que, entre outras possibilidades, o Ministério do Ensino Superior tinha, em cima da mesa, um tema relativo à anulação do ano, mas as associações de estudantes não eram partidárias deste posicionamento.