Luanda - Excelência Presidente da República,Excelentíssimos ministros de estado da casa civil do Presidente da República,Excelentíssimas Ministras da Educação e do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação,Magníficos Reitores das Universidades Públicas e Privadas, Caros deputados das distintas bancadas parlamentares, Distintos membros da sociedade civil,
Caros académicos angolanos.
Aceitem nossas calorosas saudações a partir da diáspora,
Estudar no exterior é [até ao momento] uma situação privilegiada, pois, além de garantir um diploma respeitado no mercado de trabalho, permite também o conhecimento de outras realidades. Face a conjetura, anualmente cidadãos deixam o país em busca de formação, uns por via de bolsas de estudos, outros por assistência familiar a partir de Angola e outros ainda por auto-sustentação, isto é, através da prestação de serviços precários nesses países, mormente, Portugal, Brasil, Inglaterra, África do Sul e Namíbia.
A par do privilégio de um certificado respeitado no mercado de trabalho, concorre como fator estimulante de êxodo massivo ao exterior, a falta de oportunidades de formação no país em níveis mais avançados, como especialização, mestrado e doutoramento; fundamentalmente nas áreas de ciências e tecnologia,...
Com o surgimento da COVID 19 e os momentos iniciais de reabertura de [alguns] países afetados, os estudantes que permaneceram nesses países passaram os momentos mais difíceis de suas vidas, tendo a relatar algumas peripécias:
Dificuldades de aquisição de alimentos e riscos acentuados de violência policial e descriminação racial na busca dos mesmos em supermercados seletivos pelos preços;
Maus-tratos nos hospitais para os suspeitos e/ou casos pacientes testados positivo;
Perda das fontes de rendimento sem bonificação ou signature bonus, causando sérias complicações para sustentação das rendas de casa e pagamentos de despesas correntes; situação que contrasta com a subida dos preços de arrendamento de casa no retorno à vida normal.
Refletindo um pouco sobre esta situação que não foi relatada com exemplos nus e crus, relacionando-a com o momento económico atual do país, tal como fez referência o PR no seu discurso último, ao abordar sobre a falta de divisas e a consequente dificuldade de pagamentos no estrangeiro, levou-nos a dirigir esta missiva no sentido de se criar projetos de formação avançada no País, fundamentalmente em cursos de ciências puras e aplicadas, devendo o estado alocar valores antes destinados ao pagamento de complementos de bolsas para a contratação de professores estrangeiros e aquisição de equipamentos, de modos a assegurar a realização de cursos de especializações, mestrados académicos e doutoramento no País, ministrando as unidades curriculares em disciplinas de duração semestral; devendo osformandos beneficiar de isenção de responsabilidades laborais durante o ano de frequência da componente curricular.
Outra situação que queremos contribuir tem a ver com a criação recente de cursos de ensino de tecnologias com a mediação da União Europeia, conferindo o grau de bacharel. Análises feitas demonstram que é uma situação pouco acertada, aliás, a própria convenção de Bolonha estingue a formação de professores neste grau (bacharelato), pois não há compatibilidade de se inserir cadeiras técnicas, científicas, pedagógicas e estágio em três anos curriculares. Por outro lado, mal o curso começou, o Ministério da Educação aprovou um diploma que veta os bacharéis no acesso à educação. Nessas condições, que futuro se reserva aos jovens que deram início com a formação?
O certo não é cair neste erro induzido pela UE. Isso só nos dá luzes quanto a necessidade de criação de universidades pedagógicas; são estas as responsáveis pela formação de professores de ciências e tecnologia; instituições que podem surgir através da elevação dos ISCED ́s não inseridos nas universidades regionais a essa categoria. Entendemos a rápida aceitação desse martírio científico apadrinhado pela UE como sendo a necessidade de formação de quadros para o ensino técnico-profissional. Angola pode resolver vários problemas de ensino e a necessidade de formação de quadros, assim como preparar quadros para as universidades pedagógicas através da criação de especialização, mestrado e doutoramento em ensino de ciências e tecnologia, pois,
1. Muitos engenheiros gostariam possuir agregados pedagógicos que os capacite para o exercício da docência;
2. Muitos docentes do ensino superior das áreas de ciências e tecnologia fazem das tripas o coração para conseguir uma especialização ou níveis avançados nas suas áreas de formação; situação impossível de ser feita no País.
Abaixo avançamos alguns cursos de mestrado que achamos pertinentes para uma viragem no desenvolvimento educacional de Angola, anexando as respetivas grades curricular. São:
1. Mestrado em ensino de física eletrónica (física, engenharia eletrónica, eletrotécnica.,..)
Complementos de eletromagnetismo – 1o semestre;
Teoria de circuitos elétricos de corrente contínua – 1o semestre;
Prática de circuitos de corrente contínua – 1o semestre;
Fundamentos de literacia em ciências e tecnologia – 1o semestre;
Didática e currículo da física – 1o semestre;
Teoria de circuitos de corrente alternada – 2o semestre;
Prática de circuitos de corrente alternada – 2o semestre;
TIC ́s no ensino das ciências – 2o semestre;
Metodologia de investigação em educação – 2o semestre;
Estatística aplicada à investigação em educação – 2o semestre.
2. Mestrado em ensino de física térmica e de fluidos (física, engenharia mecânica, hidráulica)
Álgebra vectorial e tensorial e – 1o semestre;
Mecânica de fluidos – 1o semestre;
Estática e mecânica de corpos deformáveis – 1o semestre;
Fundamentos de literacia em ciências e tecnologia – 1o semestre;
Didática e currículo da física – 1o semestre;
Termodinâmica e estrutura da matéria – 2o semestre;
Fundamentos de Hidráulica – 2o semestre;
TIC ́s no ensino das ciências – 2o semestre;
Metodologia de investigação em educação – 2o semestre;
Estatística aplicada à investigação em educação – 2o semestre.
3. Mestrado em ensino da informática
Programação avançada I – 1o semestre;
Base de dados – 1o semestre;
Fundamentos de literacia em ciências e tecnologia – 1o semestre;
Jogos digitais I – 1o semestre;
Didática e currículo da informática – 1o semestre;
Programação avançada II – 2o semestre;
Jogos digitais II – 2o semestre;
TIC ́s no ensino das ciências – 2o semestre;
Metodologia de investigação em educação – 2o semestre;
Estatística aplicada à investigação em educação – 2o semestre.
4. Mestrado em matemática computacional
Programação avançada I – 1o semestre;
Lógica e sistemas digitais – 1o semestre;
Análise real – 1o semestre;
Matemática discreta – 1o semestre;
Equações diferenciais ordinais – 1o semestre;
Programação avançada II – 2o semestre;
Equações diferenciais com derivadas parciais – 2o semestre;
Pesquisa operacional – 2o semestre;
Análise funcional – 2o semestre;
Método de monte carlo – 2o semestre.
Mestrado em Física Matemática
Programação I – 1o semestre;
Séries numéricas e funções especiais – 1o semestre;
Cálculo e geometria diferencial – 1o semestre;
Métodos matemáticos da física – 1o semestre;
Equações diferenciais ordinais – 1o semestre;
Programação II – 2o semestre;
Equações diferenciais com derivadas parciais – 2o semestre;
Mecânica analítica – 2o semestre;
Métodos computacionais da física – 2o semestre;
Método de monte carlo – 2o semestre
Tal como os cursos de mestrados criados pela casa civil do PR a funcionar em Benguela e Lubango, é nossa opinião que se crie uma edição especial dos mestrados aqui projetados, sendo esta uma via capaz de proporcionar bons frutos ao país a curto, médio e longo prazo. Devido a falta de equipamentos, o governo pode fazê-lo em parceria entre instituições, tais como UAN, ISUTIC e ISPTEC. Todas essas IES pertencem o país, por isso devem contribuir para o país.
Uma caraterística fundamental dos bons governos é a luta para que seus filhos não emigrem em busca de serviços sociais e oportunidades vitais.