Luanda - O acto era de empossamento do diretor nacional do ensino geral para o I ciclo, o senhor Gildo Matias José, palavras de encorajamento, serenidade e seriedade ao longo do desempenho de suas funções não seriam suficientes se faltasse (como se deu) o comprometimento do próprio PR no sentido de maior investimento na educação, liberdade de trabalho ao novo quadro, assim como melhoramento do tecido social do país.

Fonte; Club-k.net

A grande surpresa se deu quando o titular do poder executivo decidiu acusar a classe docente como brincalhões, apresentando como base da concupiscência alunos que terminam o ensino superior sem saber fazer uma redacção ou alunos que terminam o ensino médio sem escrever corretamente. Esses males que ofuscam a qualidade, a seriedade, a serenidade e os sacrifícios da classe docente provêm de longe e foi implementado de forma sistemática pelo partido no poder como principal eixo de garantia da sua permanência para muitos e longos anos; salvando-se dessas escabrosidades os filhos de famílias visionárias, confiando à igreja católica e/ou colégios caros como únicas instituições capazes de permitirem que os seus filhos não fossem aquilo que o partido queria que fossem... Em tudo isso, o atual PR participou como ideólogo, pelo menos quando assumiu o cargo de secretário-geral do MPLA. Hoje, esquecido que ele é simultaneamente parte do problema e da solução (se quiser ser), lava as mãos de suas responsabilidades e atribui culpa a quem não as tem...

Vejamos a inocência dos acusados:

Angola é dos países com um elevado índice de falsificação de documentos, quem não garante uma base de dados unificadas para o asseguramento da licitude, são os professores?

Angola é o país com mais crianças a estudar debaixo de árvores, quando há chuvisco não há aulas, quando o sol intensifica as aulas terminam. Isso resolve- se com a nomeação de Gildo Matias José?

Angola é o único país africano em que se fala de transição obrigatória. Foram os professores ofendidos que implementaram essa prática que antecede a idade da pedra?

Angola é dos poucos países em que o partido também recrutava pessoa para admissão na docência, muitos deles formados em MPLAGOGIA. Todos professores devem pagar por esta atitude despatriótica do partido no poder?

Em Angola falta bibliotecas municipais em todo território nacional, assim como internet de qualidade. Serão os professores a resolver este problema?

O salário dos professores de todos os níveis de ensino é uma lástima, e para sobrevivência esses chegam a exercer várias atividades lucrativas como o táxi, guarnições em empresas, garimpos em várias empresas, lavras e mais, ou até mesmo corrupção. Quem não sabe que isso implica negativamente no trabalho dos docentes?

A qualidade de educação angolana é reconhecida como má, isso ninguém nega. O que falta ser compreendido pelos nossos políticos é que a educação é fenómeno social: nasce na sociedade, desenvolve na sociedade, com a sociedade e implica no desenvolvimento da sociedade; mas para que a implicação seja positiva e notória requer investimento sério, como aquele que se destina à defesa e segurança, maiores preocupações do seu governo.

Uma outra atitude falhada que o nosso querido PR tem demonstrado está relacionada com a negação de criação de condições para formação avançada e especializada no país, alegando que não se faz bons quadros com elevado nível académico, acrescentando que a licenciatura é suficiente. Essa expressão é exageradamente desconexa, pecaminosa e hedionda; pois, sem querer fundamentar que a licenciatura é formação geral e que os professores de todos os níveis precisam especializar-se, o nosso PR é mestre em ciências históricas, sabe para que fez; e não queremos compreender que não encontrou importância alguma em ter feito ou ainda que a fez porque precisava ter um título que não fosse militar.

Enquanto durar a vida, é preciso lembrar que um dia o PR organizou um fórum de auscultação no qual passou um tal Teixeira Cândido, formado em Angola e brilhou!

Muitos professores trabalharam com Agostinho Neto, foram respeitados; Outros trabalharam com José Eduardo dos Santos, receberam o seu respeito;

Queremos a mesma consideração mesmo que aparente, que os seus antecessores deram à classe.