Luanda - Não foi possível conter a minha reação em relação às declarações feitas pelo Presidente João Lourenço aquando da tomada de posse do secretário de Estado para o Ensino Secundário e de outras entidades, também por si, nomeadas. Passo a citá-las: “temos que fazer um grande investimento no Ensino Primário e no Ensino Secundário de tal forma que, num futuro que se espera para breve, não continuemos a assistir ao triste cenário de termos estudantes do Ensino Superior a concluírem o Ensino Superior e que não sabem fazer uma redacção, não sabem escrever, não sabem falar. Este cenário tem que ser afastado da nossa realidade.” Fim de citação.

Fonte: Club-k.net


Além da iliteracia que pretende afastar da nossa realidade, também devia se preocupar com o lambe-botismo. Valores como a integridade moral, a honestidade, a verticalidade, a imparcialidade e a independência de pensamento são urgentes nas nossas escolas.


Quem vai ensinar estes valores? Gildo Matias José? Esse prosélito do MPLA vai apenas continuar com a degenerescência da educação. Pois, já o conhecemos de outras lides. Provavelmente, orientará a introdução da bajulação, como valor de referência, nos manuais de Educação Moral e Cívica.


O discurso do PR devia ser feito no sentido de se capacitarem os professores, de se munirem as escolas e bibliotecas do país à semelhança do que tem visto lá nos países onde estudaram os seus filhos, “de tal forma que, num futuro breve,” os seus netos não precisem de sobrevoar os oceanos para estudarem.


Já em 2013, o seu antecessor, em entrevista à SIC, declarou que o país não tinha pessoal qualificado, ou quadros formados se preferirem. Não será, obviamente, uma confissão pesarosa para nenhum dos dois, porque os seus filhos não estudaram nas nossas universidades.


E se as pastas da educação e da saúde fossem confiadas a pessoas provenientes da sociedade civil, pessoas independentes e apartidárias?


A nossa educação é partidarizada. Já muitos bons professores sofreram flagelos, nas universidades públicas, por não estarem alistados ao partido. E outros, não sendo os melhores professores, foram exaltados por força da sua militância ou simpatia.


Qual é o critério de nomeação para os cargos públicos? O jovem nomeado para o cargo de secretário de Estado para o Ensino Secundário é formado na área de Educação?


Percebe-se, claramente, que há meia-vontade para a resolução dos problemas que afectam a educação no país.


A condição sine qua non para se conseguir uma promoção no sector da educação é a apresentação do diploma. Não se avalia o desempenho do professor, a sua motivação o seu comprometimento com a função ou a quantidade de conhecimentos adquiridos em troca do famigerado diploma. Quando a promoção não devia apenas resultar da formação ou qualificação, mas também do tempo de casa, da produtividade, da capacidade de iniciativa, liderança e gestão.


Eu estudei aqui, numa universidade de um dos bairros de Luanda. Provavelmente, eu não saiba escrever, mas sei que, quem nos governa nunca conseguiu criar um sistema de educação limpo, incolor e inclusivo do qual eu me pudesse orgulhar.


Nós somos vítimas do sistema político, isto é, das políticas implementadas para a educação. A boa regra de resolução dos problemas diz que se deve atacar as causas, não as consequências. É necessário um trabalho de auscultação aos professores, se quiser conhecer as causas por detrás do débil sistema de ensino nacional.


O país precisa de mais acção, menos discurso.