Luanda - No decorrer do tempo, surge-nos a oportunidade de olharmos para aquilo que tem sido o trajecto da governação do Presidente da República, João Manuel Gonçalves Lourenço. Acordamos em 2017 no momento da tomada de posse, recordamos algumas palavras ditas pelo mesmo no acto solene que marcou o início das suas funções enquanto chefe-de-Estado angolano: «a construção da democracia deve fazer-se todos os dias, mas ela não compete apenas aos órgãos do poder do Estado. Ela é um projecto de toda sociedade, um projecto de todos nós».

Fonte; Club-k.net

Nestas palavras felizes do Presidente da República, reconhecemos a boa intenção de colocar o caboco para construção do Estado democrático de direito e contribuir no desenvolvimento do país que reconheça-se, todos os camaradas assumem que está aquém das espectativas. Nessa perspectiva, fazemos aqui um exercício de cidadania onde nos obrigamos a reflectir entorno das acções concretas das políticas que o presidente tem levado acabo para a concretização das boas intenções manifestadas no acto da sua tomada de posse.


No cumprimento do seu programa de governação, o Presidente da República teve (porque perdeu-se no tempo e no espaço, pois o tempo não perdoa ninguém) como sua bandeira «o combate a corrupção» o que lhe custou uma estagnação total, pois nem água vinha nem água ia. Acreditamos nós que o Presidente da República não esperava a resistência por parte dos seus camaradas, os quais denominou de marimbondo, que delapidaram friamente o erário público no tempo dos grandes assaltos ao cofre do Estado compadrinhados pelo MPLA.


Uma vez que assumiu o desafio «o combate a corrupção», viu-se obrigado várias vezes a assumir o combate firme e forte contra os lapidadores, isto depois de ultrapassar o período de moratória da lei de repatriamento de capitais que foi aprovada num tempo record com propósito de dar ênfase na sua vontade de recuperar activos do Estado e não só. No entanto, encontrou uma certa resistência para fazer fé aos seus planos, onde membros do seu pelouro envolvem-se em práticas que contrariam a sua boa vontade, influenciando-o na tomada de decisões que não abonam na sua política de contenção e eficiência na execução do erário público. Os seus membros, muitos deles carregam consigo os modus operandi do anterior executivo liderado pelo então Ex-presidente da República José Eduardo dos Santos, onde roubavam tudo e todos.

ENTÃO, QUAL SERÁ O LEGADO DO PRESIDENTE JOÃO LOURENÇO?


Eis a questão! No anterior governo, o Presidente José Eduardo dos Santos, tinham como pretensão, (diga-se, vontade expressa pelo mesmo o quanto a sua segunda e última entrevista enquanto titular do poder executivo na SIC TV) ser lembrado como um Bom Patriota. Hoje, colocamo-nos a reflectir no qual será o legado do

Presidente João Lourenço. Pelo andar da carruagem, não será nada mais e nada menos considerado como mais um Presidente que consta na galeria na Presidência da República de Angola. Por quê ousamos afirmar tais palavras?


Io O Presidente João Lourenço, escolheu o partido em detrimento ao país. Pensamos nós que para se concretizar a sua pretensão de combate à corrupção é necessário desfazer-se das amarras do MPLA e pôr Angola em primeiro lugar.


IIo O Presidente João Lourenço, está com o bolo e a faca nas mãos para influenciar o seu partido na aceleração, aprovação e realização das eleições autárquicas previstas para 2020, tal como manifestou essa vontade na reunião com os Conselheiros da República.


IIIo O Presidente João Lourenço, tem a oportunidade de influenciar na revisão da Constituição da República para que possa permitir a eleição directa do Presidente da República e Deputados à Assembleia Nacional, isto é, em 2021. Não concordamos com a posição assumida pelo camarada António Mussumari que defende estender os mandatos que são de cinco anos cada para sete anos, ambos renovados uma vez.


IVo O Presidente João Lourenço, tem a oportunidade de separar os órgãos de soberania à luz da Constituição da República, libertando o sistema da justiça das amarras do poder político, tornando-se assim num verdadeiro defensor do Estado Democrático de Direito.


Vo O Presidente João Lourenço, tem a oportunidade de cumprir com a sua maior promessa eleitoral, criando os quinhentos mil emprego.


Pensamos nós que, cumprindo com as cinco linhas de reflexão levantadas, o Presidente João Lourenço terá o seu lugar de honra reservado pela história como o bom samaritano.


Nicolau Maquiavel, na sua obra O PRÍNCIPE, diz «aquele que com intenção e obras se torna inimigo da sua Pátria merece ser chamado de parricida, ainda que tenha sido por ela ofendido», frase que nos leva a reflectir, pois só o fim ditará o legado do Presidente, uma vez que neste momento está meramente envolvido em discursos e promessas. Infelizmente, a vida do pacato cidadão continua saturada, pensamos nós que o Presidente corre um grande risco de vir a ser esquecido logo no primeiro ano que será substituído.


Para concluir o nosso exercício, ficamos com a frase do escritor Jerry Mander, que diz «o tempo representa um elemento crítico na formação, dado haver necessidade de um período bastante longo até a experiência dos aprendizes se encontrar unificada com as instruções dos líderes, dando as respostas adequadas e manifestando uma compreensão geral uniforme quanto ao pretendido. Entrementes, o monitor mantém uma expressão inflexível» um BEM-HAJA.