Lisboa  – O julgamento que decorre desde o dia 8 de Junho, contra o mais temido marginal do Cazenga  Flávio Pascoal Tavares,  também conhecido por “Pula Pula”,  de 34 anos de idade, foi abalado esta semana com contestação de agentes da Polícia Nacional alegando que o réu nunca foi efetivo dos órgãos do ministério do interior.

Fonte: Club-k.net

Amigos do temido  marginal do SIC contrariam versão das autoridades 

Fontes que acompanham o caso, alegam que a Polícia Nacional está na verdade a limpar aos mãos sobre “Pula Pula” que esta a ser julgado pelo assalto de 30 milhões de kwanzas a um cidadão estrangeiro, em Luanda.

 

Entretanto, amigos de “Pula Pula”, em Luanda, reprovam do comportamento Polícia Nacional e enviaram ao Club-K, fotografias do marginal uniformizado e em serviço na esquadra policial evidenciando que o bandido  mais temido do município do Cazenga pertence sim  aos quadros do ministério do interior tendo se destacado nas fileiras da brigada de baixa visibilidade que realiza execuções contra alegados marginais na capital do país.

 

Paralelamente são conhecidos comentários públicos  de um   amigo  de “Pula Pula”, identificado por “Osvaldo” alegando que  as execuções sumarias  cometidas  por este marginal ao serviço do SIC contribuíram  para a redução da criminalidade,  em Luanda.

 

Nascido no bairro Cazenga, “Pula Pula” cresceu e notabilizou-se no Bairro da Madeira, Frescangol, localidade onde fez a sua carreira criminal. Por dominar o mundo do crime, o Serviço de Investigação Criminal recrutou lhe para integrar a equipa de execução da Esquadra do IFA [Comando de Divisão do Cazenga].

 

Em Agosto de 2018, a Radio Luanda por via de uma reportagem do jornalista Liberato Furtado, noticiou que “Pula-Pula” estava preso, em conjunto com mais alguns elementos do SIC (Serviço de Investigação Criminal) do Rangel, dos quais se destacava o inspector-chefe Pacavira.

 

Aos olhos do público, “Pula-Pula” tornou-se conhecido depois de o jornalista Rafael Marques de Morais ter produzido um denominado relatório “O Campo da morte”, sobre as execuções sumarias nos municípios de Viana e Cacuaco, em que este agente do SIC e gialmente marginal é citado pelas famílias das vitimas como o homem que mais jovens inocente executou nestas localidades de Luanda.

 

Depois da denuncia de Rafael Marques, a PGR (Procuradoria-Geral da República) formou uma comissão de inquérito para averiguar os factos e retirar conclusões. Pula-Pula figurava com triste destaque no referido relatório como um dos mais temíveis executores do SIC.

As execuções de “Pula-Pula”


Recordemos o testemunho pungente de uma mãe, Esperança Mafuta “Makiesse”, que viu o filho ser assassinado por Pula-Pula: “Mal atravessou a porta, a mãe ouviu o filho a gritar ‘Makiesse, sai, vem ver esse senhor que está a matar-me! Fui ver o que se passava e vi um dos homens a disparar três tiros contra o meu filho. Um tiro na mão esquerda, outro na mão direita e o terceiro na cabeça’. Makiesse identificou o assassino como sendo um dos mais famosos assassinos, ‘conhecido como Pula-Pula’, que opera a partir da Esquadra do IFA [Comando de Divisão do Cazenga] e tem jurisdição sobre a Esquadra do Cauelele.”

 

Afinal, continuando a ouvir a reportagem da Rádio Luanda (que faz parte da estatal Rádio Nacional de Angola) percebe-se que as razões que terão levado Pula-Pula à prisão não têm qualquer ligação com as suas actividades enquanto exterminador policial. Na realidade, nunca mais se ouviu falar da Comissão de Inquérito da PGR, nem de quaisquer medidas tomadas para evitar esses assassinatos.

 

Numa volta irónica da vida, Pula-Pula estará preso (a Polícia Nacional não confirma nem desmente) por ser bandido, por andar a assaltar casas. Veja-se bem, Pula-Pula andava a assassinar supostos bandidos que faziam assaltos, e, no entanto, ele também assalta casas!

 

No assalto concreto de que Pula-Pula é acusado, terão sido furtados 30 milhões de kwanzas da casa de um empresário estrangeiro. Aparentemente, um colaborador desse empresário informou o bando de investigadores criminais da existência do dinheiro, e os operacionais do SIC apressaram-se a assaltar a casa para ficarem com o dinheiro. Parece, pois, que quando matava assaltantes Pula-Pula não andava a fazer justiça pelas suas próprias mãos, mas apenas a eliminar a concorrência.

 

 

 

“Pula Pula”  trabalhando de dia na sede do SIC