Luanda - Mais quatro jornalistas e um paginador, considerados “indigestos e incómodos” pelo director do Jornal O País, José Kaliengue, serão afastados por este no final deste mês, segundo uma fonte ligada à Rádio Mais, Grupo Media Nova.

*Pedro Vieira
Fonte: Club-k.net

Trata-se dos jornalistas e editores André Mussamo (Economia), Romão Brandão(Sociedade), Ireneu Mujoco(Política), Domingos Bento e Francisco Silva, este último paginador, cuja carta foi já remetida ao Departamento dos Recursos Humanos.

 

De acordo com a fonte do Club-K, José Kaliengue alega que os visados são jornalistas que não cumprem com as suas obrigações ou não se identificam com o jornal, acusações, entretanto refutadas por um dos jornalistas.

 

A suposta decisão de José Kaliengue terá surpreendido a chefe de Recursos Humanos, conhecida por Gabriela, pelo facto de, em pouco tempo, terem sido despedidos ou suspensos contratos de vários quadros no mês passado por questões financeiras.

 

Um dos jornalistas visados e contactados por este portal, disse que as acusações não têm nenhuma fundamentação, mas apenas uma decisão unilateral do director que se acha como sendo o jornalista mais importante do jornal e que despreza os restantes colegas.

 

O jornalista desafiou José Kaliengue a provar as acusações e a incompetência destes, tendo acrescentando que ele não gosta de ouvir e nem aceita crítica.

 

Segundo o jornalista, José Kaliengue pode ser um bom jornalista, mas é um péssimo gestor de homens, e está mais que provado.

 

Disse que ele não reconhece o esforço e a abnegação dos que “dão o litro” para o jornal sair à rua todos os dias, mesmo sem condições de trabalho para um jornal diário.

 

Hoje o jornal não tem uma única viatura para reportagens há mais de um mês, mas obriga que os jornalistas que estão a cumprir o confinamento em casa devido à COVID-19 têm de sair para fazer coberturas, mas com que meios, interrogou-se.

 

O jornalista disse também que nem dinheiro do táxi a empresa dispõe para estes se deslocarem, mas fazem tudo tirando do seu bolso para colocar a edição na rua.

 

Disse que a incompetência é um falso problema, porque nenhum gestor coloca um incompetente a trabalhar mais de três anos e a dirigir uma secção ou editoria.


O jornal o País enfrenta vários problemas, mas o director assobia de lado. Está há mais de um ano sem televisor para os jornalistas acompanhar os noticiários.


Desabafou dizendo que hoje o jornal está sem um único revisor, o único que havia, um velho de 70 e tal anos faleceu, mas ele não aceita admitir um outro sob alegação de fazer tudo.

Por assumir tudo, até a revisão que faz o chefe de Redacção ele volta a rever o que faz com que o jornal feche sempre a madrugada, sob alegação de corrigir erros.


Afirmou ainda que o jornal O País anda dividido em ilhas devido às intrigas fomentadas por ele próprio, e os poucos que ainda resistem cedo ou tarde poderão sair.