Luanda - Um movimento de bispos e pastores da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), iniciado ontem, segunda-feira, 22 de Junho, em Luanda, tomou 30 templos em seis províncias do país, designadamente Benguela, Cuanza-Sul, Huambo, Malanje e Namibe.

Fonte: JA
Liderados pelo bispo Valente Bizerra, os pastores angolanos decidiram romper com a representação brasileira em Angola, encabeçada pelo bispo Honorilton Gonçalves, a quem acusam de uma série de irregularidades.

O movimento reivindicativo diz-se pronto para iniciar as reformas na igreja e não aceita ser conotada com dissidência nem o rótulo de “ex-pastores”, como os brasileiros pretendem fazer passar junto da opinião pública.

Em declarações ao Jornal de Angola, o pastor Agostinho Martins da Silva, porta-voz da denominada “Comissão Instaladora da Igreja Universal do Reino de Deus Reformada em Angola”, disse que os angolanos continuam a testemunhar actos de discriminação racial, castração, abortos forçados às esposas dos pastores angolanos e usurpação das competências da assembleia geral de pastores.

De acordo com o porta-voz dos 300 pastores angolanos da Igreja Universal do Reino de Deus, que decidiram montar o seu “Estado-Maior” na Catedral do Morro Bento, localizada na Avenida 21 de Janeiro, em Luanda, o abuso de confiança na gestão financeira, assim como as irregularidades no pagamento da segurança social aos pastores e privação de visitas aos familiares, estão na base desta rotura com os brasileiros. Além da capital do país, aderiram à rotura os pastores das províncias do Huambo, Benguela, Cuanza-Sul e Huíla.

Agostinho Martins da Silva assegurou que a revolta levada a cabo na sede da Igreja Universal do Reino de Deus, no Morro Bento, vem na sequência do “Manifesto Pastoral” tornado público a 28 de No-vembro de 2019.

Agostinho Martins da Silva explicou que, nos últimos sete meses, os 300 pastores aguardaram por reformas, que não conheceram avanços, acusando o representante do bispo Edir Macedo em Angola, bispo Honorilton Gonçalves, pela situação.

“Tivemos uma reunião com a liderança brasileira, que prometeu fazer reformas em relação ao racismo, evasão de divisas, bem como a inserção de pastores angolanos e das respectivas esposas em postos de maior destaque na igreja, mas sem sucesso”, disse o porta-voz dos protestantes.
Os pastores angolanos, disse, decidiram realizar a revolta porque a instituição que servem há 27 anos os tem marginalizado.

“Os nacionais parecem estrangeiros e os estrangeiros tomaram o lugar dos nacionais no nosso próprio território”, disse, acrescentando que as igrejas localizadas nos principais centros urbanos são controladas por pastores brasileiros, que vivem no Condomínio das Laranjeiras e os pastores angolanos são colocados em bairros miseráveis. Acusou a existência de pastores angolanos há mais de 18 anos na obra e com 40 anos de idade impedidos de casar por recusarem a vasectomia.