Lisboa - Os jornalistas e demais funcionários da Rádio Nacional de Angola (RNA) estão em festa e não param de lançar foguetes ao ar por terem sido (tardia, mas oportunamente) livrados de quase dois anos e meio de uma pesada angustia e de uma insustentável “opressão” por parte de um Conselho de Administração inapto e “segregacionista” que – entre a baforada de um cigarro e outro e com “pó branco” no nariz à mistura – maquinavam, de forma fria e calculada, no conforto das poltronas dos seus gabinetes, como desmoralizar os profissionais e sabotar laboriosamente a casa que aquartela o maior e mais estratégico veículo de Comunicação Social público com o fito único de prejudicar o Estado angolano.

Fonte: Jornal O Kwanza

O Conselho de Administração ora defenestrado combatia, obstinadamente, os quadros da estação pública com o claro e inequívoco propósito de destruir a RNA. O Conselho de Administração recentemente destituído era “fascista” concebia (imaginem!) Jornalismo sem texto e perseguia com requintes de bestialidade nazista os melhores quadros da estação que, muitas vezes, se perguntavam se estavam a (re)viver o “27 de Maio de 1977”, com a única diferença de não haver derramamento de sangue para aniquilar a “intelligentsia” aborígene.

 

O Conselho de Administração a quem João Lourenço mostrou, com o dedo indicador em riste, o “olho da rua”, servia-se abusivamente do Contencioso Laboral para forjar processos disciplinares com vista a destruir a carreira daqueles que, aos seus olhos, não eram benquistos e por isso mesmo proscritos sem apelo nem agravo. Por isso (nada mais do que isso, só por isso e apenas por isso), o ex-Conselho de Administração, competentemente exonerado, não vai, segura e garantidamente, ficar na saudade e muito menos ocupar um lugar no rodapé na História da RNA devido ao seu “maniqueísmo” e à “Gramática do Mal” usado durante a sua sofrível magistratura de triste memória que, sejamos honestos, não agregou valor nenhum à estação pública.

 

O novo Conselho de Administração da RNA é, agora, magistralmente, capitaneado por um profissional cujos predicados técnico-profissionais e Relações Humanas são sobejamente conhecidos: Pedro Afonso Cabral. O homónimo do descobridor do Brasil (que não é fidalgo, não é comandante militar, não é navegador e muito menos explorador português, mas sim jornalista de profissão e jurista de formação angolano) tem agora (ele e a sua equipa) a difícil (mas não impossível) missão de pôr ordem numa casa em que há muito tempo não reina paz; uma casa que foi, à pala do “quero-mando-e-posso”, virada do avesso ao ponto de se descaraterizá-la editorial, técnica e administrativamente sem dó nem piedade e sem que quem de Direito pusesse cobro à desordem.

 

Depois de terem conjugado o “Verbo Esperar no Presente do Indicativo” durante alguns anos e ter implorado por uma solução, eis que, finalmente, os jornalistas e demais funcionários da RNA estão de braços, corações abertos e com sorrisos de orelha- à-orelha para receber um novo Conselho de Administração que terá como primacial preocupação acabar com o abuso de poder, perseguições, combate aos quadros, resgatar o harmonioso ambiente de trabalho e colocar, de uma vez por todas, um ponto final ao complexo rácico e à cultura de medo que os seus predecessores tentaram implantar durante um período de dois anos e alguns meses de “esquebra”.

 

A indicação de Pedro Cabral para liderança da RNA representa, na verdade, o regresso de um homem que nunca deixou a estação. É, em bom rigor, o regresso de quem nunca foi embora. A nomeação de Pedro Cabral confirma o versículo bíblico segundo o qual “os humilhados serão exaltados”. Pedro Cabral – como é por demais consabido – já foi humilhado, depois de ter sido alvo de uma intriga palaciana rasteira. O juiz Tempo fez-lhe Justiça e os resultados estão aí à vista de todos, sobretudo daqueles que, de forma mórbida, não se coíbem de fazer o seu próximo perder o seu ganha-pão ou denegar-lhes o Direito ao Trablaho. Agora está de volta para dominar o esférico e, com a sua equipa, dominar as jogadas de gestão administrativa da RNA. Vou apostar, neste jogo, com os únicos tesouros que possuo: os dedos e os anéis. Não me faças ficar sem eles, Pedro Cabral, pois a bola é, agora, toda tua!