Luanda - A Frente de Libertação do Estado de Cabinda-Forças Armadas de Cabinda (FLEC-FAC) denunciou hoje um ataque das Forças Armadas Angolanas ao campo de refugiados de Sekezele, que causou a morte de uma pessoa e feriu outras duas.

Fonte: Lusa

Segundo um comunicado da FLEC-FAC enviado à Lusa, o ataque dos comandos angolanos ao campo de refugiados na região do Congo Central, a 180 quilómetros da fronteira cabindense, aconteceu na noite de terça-feira para hoje.

 

A incursão resultou na morte de um refugiado, dois feridos e uma casa foi incendiada.

 

No comunicado, a direção política da FLEC-FAC “condena veementemente este ato violento e terrorista” e denuncia o comportamento “tirânico” do Governo angolano no campo de refugiados.

 

A organização apela ainda à condenação “imediata e firme” deste “ato intolerável e bárbaro” por parte da comunidade internacional e pede sanções contra Angola.

 

A FLEC-FAC volta ainda a apelar a uma intermediação internacional para o conflito, instando em concreto o chefe da diplomacia norte-americana Mike Pompeo a regair “aos ataques terroristas do Exército angolano”, e pedindo às Nações Unidas que expressem a sua “viva indignação”.

 

“Face à multiplicação de ataques contra os campos de refugiados cabindenses, a comunidade internacional deve reagir para garantir a segurança dos refugiados e defender o direito internacional humanitário”, salienta a organização, indicando que nenhum dos militares das FAC, o braço armado da FLEC, se encontram nos campos de refugiados.

 

“A FLEC-FAC está decepcionada com o comportamento agressivo do Governo angolano que escolhe sempre o caminho errado, a força, a violência e a violação da lei internacional, pedimos ao Presidente angolano João Lourenço que privilegie o diálogo com os cabindenses para silenciar as armas no território”, acrescenta a nota.

 

Nos últimos meses, a FLEC-FAC tem anunciado vários confrontos entre as forças angolanas e os independentistas, com mortes de civis e militares.

 

O movimento luta pela independência no território alegando que o enclave, separado do norte de Angola e limitado pela República Democrática do Congo e pelo Oceano Atlântico era um protetorado português, tal como ficou estabelecido no Tratado de Simulambuco, assinado em 1885, e não parte integrante do território angolano.

 

Criada em 1963, a organização independentista dividiu-se e multiplicou-se em diferentes fações, efémeras, com a FLEC-FAC a manter-se como o único movimento que alega manter uma "resistência armada" contra a administração de Luanda.

 

Mais de metade do petróleo angolano provém desta província angolana.