Luanda - Angola reúne todas as condições para passar de importador a exportador de frangos em grande escala, com o objectivo de inverter a dependência deste produto fundamental da cesta básica.

Fonte: JA

Esta posição foi sustentada pelo ministro da Indústria e Comércio, Victor Fernandes, que aconselha, igualmente, algumas mudanças dos hábitos alimentares das populações, sem, contudo, des- valorizar os produtos consumidos actualmente.

 

Em entrevista à Televisão Pública de Angola (TPA), onde fez o balanço dos seus cem dias de consulado, o ministro aproveitou o espaço para apelar aos produtores nacionais a duplicarem a criação avícola, convidando os empresários americanos a apostarem no mercado angolano.

 

Questionado sobre uma possível ruptura do stock alimentar do país, o ministro assegurou que não há motivos para preocupações, nem razões para especulação de preços, alertando para a responsabilização aos movimentos especulativos por parte de quem violar a lei.

 

Victor Fernandes garantiu que, depois da fusão de dois sectores, o Ministério entra numa fase de organização, com a criação de critérios de importação e a separação de tarefas, para conferir um maior dinamismo ao ramo.

 

“Depois de uma consulta aos operadores, já deu para perceber o que temos que fazer”, assegurou. Actualmente, 80 por cento de produtos que compõem a cesta básica são importados, algo que, na visão de Victor Fernandes, deve servir de reflexão, uma vez que nos últimos anos o país registou um aumento significativo da produção nacional. “Há uma perda considerável do poder de compra dos cidadãos, mas não temos uma situação tão grave quanto esperávamos”, frisou.

Importação de bens

Neste quesito, o ministro da Indústria e Comércio considera que há muita gente a importar bens alimentares. Apesar de nenhum país registar importação zero, é altura de inversão do ciclo. “Não podemos ser um país que não produz aquilo que precisa. Por outro lado, não posso estar satisfeito com os preços actuais”, confessa.

 

Para alterar este paradigma, o ministro afirma ser necessário o aproveitamento do potencial interno, desde a mão-de-obra nacional às riquezas naturais. “Se quisermos evoluir não podemos importar ao mesmo tempo que produzimos”, alerta.

 

Segundo Victor Fernandes, Angola já ratificou o acordo de entrada na Zona de Comércio Livre da SADC, que abre inúmeras vantagens para o país, nomeadamente o acesso a um mercado alargado, a possibilidade de exportação dos produtos nacionais, a busca e exploração de potencialidades regionais, bem como a diversificação de compradores. “Deve haver agora uma quebra de barreiras”, disse.


Mercado informal

Sobre a situação dos mercados informais do país, Victor Fernandes fez saber que está em curso um processo de reorganização destes espaços de venda, com o objectivo de conferir maior qualidade, adequação aos parâmetros, higiene e segurança. “Não queremos acabar com os mercados, mas dar uma outra dinâmica e qualidade. Há entidades com vontade de investir nestes espaços. O nosso objectivo, enquanto Estado, é tornar os mercados credíveis”, alerta.

 

Por outro lado, a questão de superfícies comerciais sob tutela do grupo Zahara, como são os casos do Poupa Lá e Paparoca, o ministro assegurou que estão a ser equacionados novos formatos. “A rede está obsoleta, mas estamos a resolver essa situação”, garante. De acordo com o ministro, o Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (INADEC), no actual formato, vai deixar de existir. Para os devidos efeitos, está em curso um programa de redimensionamento funcional, que passará, também, pelo aumento de pessoal e actuação preventiva.

“A actividade inspectiva e de fiscalização são coisas diferentes. Asua actuação deve ser mais preventiva”, afirma.

Sector industrial

O actual diagnóstico, segundo disse, passa pelo fomento do negócio rural, a criação de uma indústria que esteja associada à produção nacional e à privatização dos equipamentos, processo que já está em curso. “Vamos alinhar a indústria com a capacidade que existir”, avança.

 

Está, igualmente, em fase de reestruturação o funcionamento do Entreposto Aduaneiro, que vive hoje uma série de dificuldades e desafios, abrindo, para isso, uma brecha para entrada em cena dos operadores privados na gestão dos equipamentos. “Não deve ser o Estado a gerir esse tipo de infra-estruturas”, concluiu.