Luanda - O poder, um pouco mais ou menos sempre esteve ligado ao saber. Ou as lideranças sabiam ou rodeavam-se de sábios. Nenhum poder negava ciências. Poder também significava saber mandar, saber falar para os cidadãos.

Fonte: JA

A Segunda Guerra Mundial e o seu fim foram tempos de grandes lideranças desde o inglês dos charutos, passando por De Gaulle até Estaline e, mesmo Hitler fez-se por si com a sabedoria dos que o rodeavam e tentaram pela ciência (falhada) impor a ideia de raça superior e eugenia.


A própria guerra desenvolveu saberes no domínio dos aviões, submarinos ou blindados e mesmo na me-dicina deixando como he-rança a supremacia dos hospitais militares.


As lideranças dos aliados dividiram a Alemanha em duas e o mesmo aconteceu com a Coreia.

 

O mundo passou a respeitar as democracias dando de barato o esclavagismo, o colonialismo e neocolonialismo. A ONU parecia a descoberta para a paz em substituição da Sociedade das Nações. Pura ilusão porque os vencedores da segunda grande guerra ficaram com o direito de veto e as resoluções da Assembleia Geral perderam força e legitimidade democrática.


No nosso continente não podemos esquecer as lideranças que criaram a Organização de Unidade Africana que passou a ter sede na Etiópia. Ainda em África Mandela foi a liderança do séc. XX.


Mais para oriente, na Índia, Ghandi inventou um novo saber para liderar a luta pacífica que derrubou o colonialismo. Embrulhado num pano branco, de óculos muito leves, amparado numa vara e calçando sandálias, foi a Londres falar com a rainha e trouxe a independência.
Na China, Mao encetou a longa marcha que acabou com o feudalismo e de transformação em transformação levou a China à potência que é hoje.


Durante a guerra fria, Estados Unidos e União Soviética desenvolveram uma corrida pela conquista do espaço. O homem chegou à lua com despesas de milhões e milhões e não trouxe de lá nem um pedaço de pão para um pobre. Ir à lua era poder e saber.


A globalização atingiu um nível de de-mocratização e banalização do saber com o milagre da informática. Cidadãos percorrem as ruas de celular na mão como se fosse o mundo e ninguém precisa mais de estudar teoremas como antigamente, agora o celular oferece tudo até filmes sexuais.


E a televisão? O instrumento que poderia servir o saber, manipula o ócio com telenovelas cujos enredos têm sempre amor, violência, dinheiro ou concursos em que o espectador é tentado a telefonar para ir às sobras das toneladas de publicida-de que manipulam a própria manipulação.


Na verdade, com tanto saber, a humanidade sentiu-se fragilizada com a incapacidade de resposta imediata à pandemia que não fosse a luta dos investigadores e cientistas para a descoberta de um fármaco curativo enquanto médicos vão atenuando com a recuperação de infectados e a diminuição de óbitos. As populações aceitam os conselhos da ciência para o distanciamento social e uso de máscara.


Mas o mundo está virado. Há lideranças que não querem o saber mas apenas o poder. O surto dos populismos é pior que a pandemia. O poder opõe-se à ciência, gera o populismo e como fica sem a aliança com a ciência alia-se à imbecilidade que fomenta. Dizia-me um amigo brasileiro: O Presidente? Coitado é do vírus…