Luanda - Um dos maiores desafio na descolonização do pensamento é aquilo que a filósofa brasileira de origem africana Katiuscia Ribeiro Pontes, denomina de “reconstruir a nossa própria subjetividade filosófica1”.


Fonte: Club-k.net

Num trabalho de fim dum programa de pós-graduação, Katiuscia Ribeiro defende a descolonização do pensamento, como uma resistência à discriminação racial, ao mesmo tempo em que se busca de uma identidade Negro-africana positivada. A utilização da ideia de raça como um instrumento para construção de uma identidade Negro-africana positiva. O combate as desigualdade estruturas que atingiam a população de origem africana na diáspora e no próprio continente.

 

O conceito de epistemicídio foi cunhado pelo filósofo Mogobe Ramose e pode ser definido como”(...) o assassinato das maneiras de conhecer e agir (...) (RAMOSE, 2011,P.6).A hegemonia europeia dos últimos 500 anos reservou à Europa a legitimidade representativa ao redor do mundo, tornando-a, paradigma e referência essencial na construção identitária dos demais povos de toda humanidade. Na busca do entendimento e a compreensão a não visibilidade africana nos conceitos filosóficos a raiz que neutraliza os saberes africanos em local de marginalidade epistémica é preciso apresentarmos novos conceitos que revalidem os conceitos de matrizes eurocêntricas e desenvolvem outros saberes fundamentais. A perspetiva de Franz Fanon, sua descrição do processo de descolonização mental e a importância de seus estados a perceber os saberes africanos fora do olhar construído pelo processo de colonização., A compreensão sobre Epistemicídio aqui referida parte de uma reflexão crítico, na perspetiva do filósofo Mongobe Ramose, ao ralentificar no processo de colonização a inferiorização dos povos africanos e seu lugar de humanidade negado ao longo da história. É preciso identificar pensadores africanos com responsabilidade para compreendermos e compreendermos e conhecemos a filosofia africana. O colonialismo quanto constructo que parte de perspetivas eurocêntricas no imaginário social.


Segundo Frantz Fanon (2006), o combate à violência e a necessidade de lidar com os danos geracionais e psicológicos decorrentes do colonialismo partem de perspetivas eurocêntricas no imaginário social, centrado no eurocentrismo o desdobramento de qualquer perceção de si e do mundo. Nos habilitarmos a repensar as referências europeias que possuímos muita das vezes inconscientemente e a busca por outros modelos de humanidade para além do europeu. Pensar as injustiças sociais e raciais que o sistema colonial nas submeteu e as suas sistemas consequências no nosso imaginário coletivo. As injustificáveis desigualdades raciais, ao longo dos séculos, marcaram inaceitáveis distâncias que ainda hoje separam brancos e negros de origem africana em diferentes esferas sociais. Trabalhamos junto das comunidade para reverter a visão eurocêntrica de cunho racista, com novas medidas nas relações sociais, politicas, na educação e na economia, baseando se se numa ideia de progresso na pluriversalidade. Recriemos novas filosofias que garantem a reintegração dos laços identitárias de matriz africana, como suporte às futuras gerações de todos Negros de origem africana, para recuperar o seu protagonismo epistêmico.

 

O termo decolonial foi cunhado primeiramente por Nelson Maldonado Torres (2007;2008) no âmbito das discussões do Grupo de Investigação Modernidade/Decolonialidade (Escobar,2003). O Termo refere-se a um movimento de resistência politica e epistêmica à lógica da modernidade/colonialidade. Um projeto politico e epistêmico, cuja a finalidade é afirmação e dar corpo-geopolítico do conhecimento e a resistência a colonialidade do poder, do saber e do ser. Num artigo publicado Revista Sociedade e Estado, Joaze Bernardino-Costas2 apresentou duma forma brilhante o objetivo e a evolução da decolonialidade. O objetivo deste projeto é propor um diálogo horizontal simétrico as teorias da decolonialidade e a produção de intelectuais brasileiros de origem africana. Esta afirmação quanto corpo-geopolítico do conhecimento e das raízes, como chave tanto para a afirmação ontológica e epistemológica das comunidades de origem africana na diáspora e convida-los num dialogo pluriversal e transmoderno, no qual as experiências não se percam num universalismo abstrato.

 

Para a afirmação ontológica e epistemológica Joaze Costas baseia-se na noção gramisciana do intelectual orgânico, a saber, pessoas ligadas a determinados grupos sociais, cuja função e criar consciência do papel destes grupos, tanto na economia, na sociedade e na politica (Gramsci, 1981; Collins, 2000;hooks, 1995). Cabe a estes grupos sociais produzir um contradiscurso sobre a modernidade africana, onde a pessoa de origem africana afirma-se como sujeito da sua própria história. Uma das ferramentas eficaz na construção da decolonialidade é a historiografia produzida pelos intelectuais de origem africana e alguns autores ocidentais com a objetividade comprova.