Luanda - Processo surgiu na sequência de um relatório produzido pelo anterior CEO, cujo conteúdo denuncia a elevada exposição da carteira de crédito do banco às suas partes relacionadas. Banco central investiga situações em que a "gestão tomou decisões prejudiciais para o banco, mas benéficas para os accionistas ou gestores".

Fonte: Expansão

O Banco Nacional de Angola (BNA) iniciou um processo de "averiguação preliminar" às operações do Banco Sol que "poderá dar lugar a uma inspecção", na sequência de um reporte interno do banco que revela irregularidades na carteira de crédito e situação de conflitos de interesse na relação da entidade bancária com seus accionistas, apurou o Expansão de várias fontes, incluindo do banco central.


De momento, decorrem trabalhos de recolha de evidências das denúncias que, confirmadas, põem em curso a acção inspectiva do regulador.


"Estamos a trabalhar num processo preliminar que, em função das evidências recolhidas poderá resultar numa inspecção, caso se prove necessário. Mas as inspecções aos bancos são regulares", disse.


O Expansão sabe ainda que o processo de "averiguação" foi desencadeado na sequência de um relatório interno produzido pela anterior comissão executiva do Banco Sol, e que seguiu para os accionistas e para os presidentes dos órgãos sociais, que concluiu haver, entre outros , "conflitos de interesses" na gestão do banco.


De acordo com outra fonte ligada ao processo, algumas das decisões da anterior administração geravam mais proveitos particulares para os accionistas e afastava vantagens para a entidade bancária, situação que está na base da decisão do ex-CEO, Mário Nascimento, a avançar com o relatório e a sair do banco.


Entretanto, o documento que era para ficar entre as "paredes" da instituição bancária foi parar às mãos do regulador do sistema bancário nacional, este que por sua vez decidiu "averiguar".


"No geral, o relatório concluiu haver conflitos de interesse em situações em que a gestão toma decisões que muitas vezes podem ser prejudiciais para o banco, mas benéficas para os accionistas ou gestores", disse a fonte conhecedora de todo o processo.


Ao Expansão, o ex-banqueiro e antigo administrador do extinto Banco Mais, Filipe Lemos, considera que a actuação do regulador terá como ponto de partida a inspecção às áreas de compliance e de controlo interno banco. Ou seja, o banco central vai passar a pente-fino e questionar se o compliance funciona ou não.