Luanda - Seis meses depois de ter sido impedida de ser exibida em Portugal e em Angola, reportagem censurada da portuguesa TVI, sobre corrupção no topo da elite política angolana, é o grande mote de uma petição pública, que está ainda a decorrer, exigindo a divulgação da mesma, em nome da defesa de uma “opinião livre e informada dos cidadãos angolanos e portugueses”.
 
Fonte: Club-k.net

(PODE ACEDER À PETIÇÃO ATRAVÉS DESTE LINK: https://peticaopublica.com/mobile/pview.aspx?pi=PT102247).
 
Era uma das mais aguardadas investigações televisivas sobre a corrupção na mais alta esfera do Poder Político em Angola, ora liderada pelo Presidente João Lourenço. Aliás, o Presidente angolano era um dos visados, sobretudo por causa dos nomes de topo da sua “entourage política”, pelo que se esperava tão ou mais reveladora quanto foram as denúncias do caso “Luanda Leaks”, que investigou a gestão de Isabel dos Santos à frente da Sonangol.


 
A peça, que anunciava a divulgação de contratos públicos de milhões de dólares, offshores, e a implicação de vários familiares de ministros de topo do actual Governo angolano, foi alvo de uma decisão editorial tomada nas vésperas da sua divulgação, impedindo-a assim de ser exibida e a equipa da jornalista Ana Leal, encarregue das investigações, suspensa.

 
“Após o ‘Luanda Leaks’ foi anunciado pela TVI, inúmeras vezes, para os dias 8 e 9 de Março, a divulgação de uma investigação do jornalista André Carvalho Ramos juntamente com a jornalista Ana Leal, sobre o Governo angolano e os ministros de topo do Presidente João Lourenço. Esta reportagem, estando pronta e anunciada nunca foi passada pela TVI em Portugal ou em Angola, o que demonstra que terá sido “silenciada” à última hora”, lê-se na petição ora lançada.

 
A petição, posta a circular há pouco menos de três dias, coloca-se na vanguarda de princípios constitucionais transversais aos dois países, isto é, Angola e Portugal. “Se continuamos a silenciar o que incomoda, o princípio basilar e previsto constitucionalmente em ambos os países de liberdade de imprensa continua a ser gravemente violado, o que não se compadece com sociedades que se dizem democráticas!”.

 
Partindo do princípio segundo o qual “muitas investigações jornalísticas são o mote para o combate à corrupção e sua devida investigação pelos órgãos competentes”, os promotores da petição apegam-se aos vários exemplos ocorridos nos últimos anos sobre a matéria, pelo que exigem que “seja passada pela TVI em Angola e Portugal a reportagem acima referida, na sua versão original”.