Luanda - Mais uma vez, a sociedade civil e entidades políticas do país e não só, estão à reboque de uma notícia divulgada pela mídia portuguesa, no caso concreto o Jornal de Negócios. Em causa, a nomeação da filha do Presidente da República, Cristina Giovana Dias Lourenço, para o cargo de administradora executiva da Bolsa de Valores de Angola (BODIVA). Por cá, o assunto está a dividir opiniões.

Fonte: Club-k.net

Cristina Lourenço, que é quadro das finanças desde 2016, estava até Fevereiro do corrente ano a exercer funções de directora geral-adjunta da Unidade Técnica de Acompanhamento de Projectos de Financiamento Externo do Ministério das Finanças. Foi exonerada pelo Despacho n.º1215/20, e de seguida, no passado mês de Março.

 

Contudo, o meu sentimento patriótico leva-me a tecer mais uma "epístola" acerca de uma das nomeação que só veio à ribalta, por conta do velho país "irmão", que cedo nos deu a "péssima" lição de "dividir para melhor reinar", ou seja, a melhor forma de destruir um povo é semear o ódio entre "irmãos" e o tempo faz o resto.


Mas uma vez, de Portugal veio uma lição do género que cegamente, sem fazer uma análise profunda do perfil da cidadã indicada para fazer parte do Conselho de Administração da BODIVA.

 

O texto "incendiário" que levanta um "falso problema", estabelece uma analogia entre o combate à corrupção que tem sido a bandeira do Governo de João Lourenço, e a corrupção institicionalizada e nepotismo, caracterizado pela Administração de José Eduardo dos Santos, onde gentilmente, o antigo presidente colocou a filha primogénita, Isabel dos Santos, a afundar a Sonangol, e ofereceu de bandeja a gestão do Fundo Soberano ao filho José Paulino dos Santos "Zenú". Por outro lado, o texto carrega uma carga saudosista que procura a todo custo ignorar a trajectória de uma "economista" formada com distinção, e cedo ganhou consideração não pelo seu sobrenome que carregava, mas sim, pelo background que transbordava, e que sempre "partilhou" os seus conhecimentos em prol do engrandecimento da BODIVA.

Em parte, a posição do Jornal Português justifica-se, tal como argumenta o jornalista Rafael Marques à um portal digital de notícias angolano, disse "ainda existirem muitos sectores da sociedade angolana, "inclusive dentro do Governo e do MPLA", partido no poder, e no exterior do país que "apostam no insucesso" de João Lourenço, 'por tocar' em muitos interesses instalados nacionais e estrangeiros. Muitos interesses portugueses instalados em Angola que estavam habituados aos grandes esquemas de corrupção". A nomeação da filha do Presidente angolano para um cargo público como "uma distração evitável e corrigível", referindo que o processo, que não considerou nepotismo, é "desaconselhável.

Para uma análise abrangente, convido- lhe a seguinte reflexão:


a) A associação entre a indicação de Cristina Lourenço para o Conselho de Administração da BODIVA e a nomeação de Isabel dos Santos para a Sonangol e Zenu dos Santos para o Fundo Soberano só pode parecer disparatada e puramente maldosa;

b) Importa referir que, os Administradores da BODIVA não são nomeados por Decreto Presidencial. A BODIVA é uma empresa de domínio público, constituída sob a forma de sociedade anónima, em que a função accionista é exercida pelo Ministério das Finanças (MINFIN);

c) Assim sendo, os administradores da BODIVA são nomeados por deliberação dos accionistas e tomam posse perante a Mesa da Assembleia Geral da sociedade, nos termos da Lei das Sociedades Comerciais;

d) Seria muita ingenuidade e insignificante pensar-se que o PR é o grande olheiro e controla tudo e todos, bem à moda de Zédu;

c) Um "bom" conhecedor da administração do Estado sabe (ou devia saber) que os ministros exercem também as suas funções e responsabilidades, e inclusive, geralmente, os Secretários de Estado são geralmente uma indicação dos Ministros, por uma questão de "confiança" laboral, tal como acontece com as escolhas dos vice- Governadores, que muitas vezes acabam sendo escolhidos pelos Governadores, ou ainda, os PCA sugerem os seus administradores, na lógica do “primus inter pares”.

d) No caso presente, do mote da nossa análise, Cristina Lourenço é um quadro do MINFIN, antes do actual Presidente da República assumir as funções, começou na BODIVA, teve uma passagem pela Unidade Tecnica de Acompanhamento de Projectos de Apoio Externos (UTAP), ou seja, está de regresso à casa, que bem conhece;

f) Vale lembrar que, para além da sua sólida formação, ela integra um Conselho de Administração formado por jovens que estão a contribuir, com muita ousadia, para a dinamização do mercado de capitais e esperemos que venham a conseguir que a Bolsa de Luanda tenha também um mercado de ações forte.

 

A ligação de "CL" data de 2016, ou seja, uma altura que o Pai da "vítima" de uma cabala inglória e sem nexo, não era Titular do Poder Executivo .

No fundo, a falta de uma cultura de meritocracia leva-nos a isso. Felizmente essa é uma boa excepção, rematou à fonte.