Paris - Em França, existem várias instituições cujo o objecto social é o combate à fome e ao crime, através de várias acções concretas nas comunidades, como a distribuição (gratuita e diária), de alimentos,vestimenta, apoio financeiro, à todas as pessoas vulneráveis: desempregadas, jovens e famílias com poucos meios de subsistência. Este maravilhoso e gigastesco programa só tem sido possível graças a sensibilidade dos contribuentes franceses, o apoio de várias instituições do ramo alimentar e não só, a criatividade dos governantes, o amor aos necessitados, a competência e a honestidade dos responsáveis do programa. E neste período de crise provocada pela pandemia de COVID-19, as ajudas financeiras foram alargadas, abrangindo as micro e pequenas empresas que já não conseguiam cobrir as suas despesas correntes, como o pagamento de arrendamento dos imóveis, electricidade, água e salários dos funcionários, por falta de produtividade. Não é, portanto, impossível implementar um projecto destes em Angola, pessoalmente sei como fazê-lo, pois tive informações exaustivas de como funciona. O que é difícil, é termos dirigentes à altura, e, infelizmente, é o que nunca tivemos desde a nossa "independência". Se, por exemplo, subtraíssemos 60% dos valores "assaltados" por Manuel Vicente, na Sonangol, dava para liquidar as dívidas contraídas com a China e com outros países e ainda sobrariam valores suficientes, para implementar um programa igual em todo território nacional. Infelizmente, enquanto tivermos criminosos no poder camuflados em políticos, o povo angolano continuará na miséria.

Fonte: Club-k.net

CONSEQUÊNCIAS DA VIOLAÇÃO DO ACORDO DE ALVOR

Estamos em 15 de Janeiro 1975, na vila turística de Alvor, em Portugal. Num ano repleto de grandes acontecimentos, políticos e sociais, em diferentes partes do mundo: O fim da guerra no Vietnam, o início da guerra civil em Moçambique, a criação da empresa de computadores Microsoft, pelos americanos Bill Gates e Paul Allen, a reabertura do canal de Suez, a morte de Hail Selassie I, último imperador da Etiópia e pai do movimento religioso Rastafari, dentre outros. Neste mesmo ano, (em Portugal) , os três principais movimentos de libertação de Angola, nomeadamente, a UNITA, a FNLA e o MPLA, e o governo português, assinavam o histórico Acordo de Alvor, que estabelecia os parâmetros para a partilha do poder, após a proclamação da independência de Angola, à 11 de Novembro de 1975. No acordo assinado, ficou previsto a criação de um governo de transição até a realização das eleições, que estavam previstas para o mês de Outubro do mesmo ano. Todavia, a grande satisfação de Jonas Savimbi, nacionalista, líder e fundador do partido UNITA, e de Holden Roberto, fundador do partido histórico da FNLA, foi de pouca dura, sendo que,o partido MPLA, liderado pelo antigo presidente angolano, "o sanguinário", comunista e ditador, António Agostinho Neto, já havia preparado o "golpe fatal" contra os angolanos, negando partilhar o poder com as outras duas forças políticas, violando, deste modo e de forma premeditada o acordo assinado, que, pela primeira vez daria a magnífica oportunidade aos angolanos de votarem no partido e candidato da sua eleição. Lopo do Nascimento, ex-primeiro-ministro e secretário-geral do MPLA, numa palestra, na universidade Católica de Angola, confirmou a mesma versão, ou seja, foi o seu partido, o "violador" do Acordo de Alvor. É neste cenário e por conta desta violação, com consequências irremediáveis que teve início a guerra civil em Angola.

 

Aquando da morte de Jonas Savimbi, em 22 de Fevereiro de 2002, houve grande festa em quase todo território nacional. Eram gritos de alegria, bebedeiras, muitos disparos, músicas e danças, choros, muitas orações e agradecimentos públicos à José Eduardo dos Santos, por este ter tirado a vida a Savimbi, que, para muitos, era o monstro, o assassino, o criminoso, o obstáculo à paz e ao bem-estar dos angolanos. Nesta altura, eu estava em Moçambique, numa "missão religiosa" , e ao me deparar com a notícia da sua morte, e ter visto a forma como os angolanos tinham reagido, fiquei muito triste e desapontado, porque, apesar de Jonas Savimbi ter sido um homem que em vida cometeu muitos erros, eu percebi que Angola havia perdido o único angolano que verdadeiramente combatia as roubalheiras e as trafulhices do MPLA. E foi mesmo na sequência da sua morte que o maior corrupto da história de Angola até hoje, o ex-presidente angolano, José Eduardo dos Santos e seus comparsas, alguns dos quais, o general Leopoldino "Dino" Fragoso do Nascimento, Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, o ex-vice-Presidente de Angola, Manuel Vicente, tomaram de assalto o país. Aos pobres nem uma migalha sobrou.

 

PRESIDENTE SEM SOLUÇÕES, ADOTA "MÉTODOS EDUARDISTA"

 

Já lá se foram os três anos de mandato do novo ditador de Angola, João Lourenço. O país não melhorou em nada, aliás, as coisas estão cada vez piores, porque o presidente da República continua usando os mesmos métodos de governação do seu antecessor: A tão propalada luta contra a corrupção, o nepotismo e outras práticas nefastas, que foi a "bandeira hasteada" no início do seu consulado cujo sucesso dessa luta parece depender a sobrevivência do MPLA enquanto partido governante - o modus operandi da Procuradoria-Geral da República, de ilibar os ex-gestores públicos acusados de corrupção quando devolvessem ao Estado os dinheiros roubados, ao passo que os "gatunos de botija", como sempre, continuam sendo tratados com inclemência - foi suficiente para os angolanos chegarem a conclusão, de que, afinal, o país não tem um presidente com competências necessárias para dirigir uma nação como Angola. João Lourenço tem se mostrado incapaz de trazer soluções para as necessidades mais básicas dos angolanos, tem sido indiligente e complacente às más práticas, das quais os autores são sempre os mesmos, (os da sua ala). Continuam descaradamente e abusivamente roubando os dinheiros dos cofres públicos, por via de projectos inexequíveis e não só, os bajuladores estão de volta nos meios de comunicação, os concursos públicos é só para o "inglês ver", a corrupção continua sendo o único meio para se merecer um serviço de qualidade nas instituições públicas e privadas.

 

A nomeação de Cristina Giovanna Dias Lourenço, filha do presidente da República de Angola, para o cargo de administradora executiva da Bolsa de Valores de Angola (BODIVA), ainda que tal nomeação seja revista, não deixará de ser uma ofensa a inteligência e paciência dos angolanos e uma apologia ao nepotismo, de quem tanto denunciou e reprovou os mesmos "vícios" praticados pelo antigo governo, liderado pelo ditador José Eduardo do Santos, (estamos todos lembrados da polémica nomeação de Isabel dos Santos para o cargo de presidente do Conselho de Administração da Sonangol, na altura), esqueceu-se do juramento feito perante a Constituição da República de Angola, no dia de tomada de posse como novo presidente da República, tendo prometido respeitar e fazer cumprir a Constituição. Na sua página oficial do facebook, no dia 29 de Setembro de 2017, publicou o seguinte : - A partir de hoje sou o presidente de todos os angolanos. Vamos trabalhar pela melhoria das condições de vida e bem-estar de todo nosso povo. A constituição da República será a nossa bússola e as leis, o nosso critério de decisão. Com esse discurso disfarçado, João Lourenço enganou-nos a todos, pois que, a nomeação da sua filha para o cargo de administradora executiva da Bolsa de Valores de Angola (BODIVA), é uma violação flagrante do artigo 23° da nossa Constituição, e sito : Artigo 23.º (Princípio da igualdade), 1. Todos são iguais perante a Constituição e a lei, 2. Ninguém pode ser prejudicado, privilegiado, privado de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão da sua ascendência, sexo, raça, etnia, cor, deficiência, língua, local de nascimento, religião, convicções políticas, ideológicas ou filosóficas, grau de instrução, condição económica ou social
ou profissão.

 

As mulheres angolanas, (casadas, solteiras e as "catorzinhas") , continuam sendo "obrigadas a se prostituirem", devido a fome e outras necessidades básicas, por uma vaga de emprego ou promoção, com os corruptos do regime, empregadores, superiores hierárquicos, até mesmo nas Forças Armadas, Polícia Nacional, na Televisão, nas Universidades, na Indústria Musical, sem esquecer a prostituição dentro das Igrejas cristãs, promovidas por alguns pastores. É urgente que se traga este assunto à um grande debate público, se encontre soluções eficazes criando-se leis exequíveis, para inibir os promotores destas práticas vergonhas. Pena não termos dirigentes competentes e comprometidos com o povo, não custava nada criar um subsídio mensal para as mães solteiras, isso ajudaria a diminuir a prática da "prostituição", pois aliviaria os encargos nas famílias. Se há dinheiro para transformar criminosos camuflados em políticos, em bilionários ou para alocar em futilidades, então temos dinheiros suficientes para criar bons projectos sociais. Haja cérebro!

 

A violação do Acordo de Alvor pelo MPLA em 1975, a falta de imparcialidade da CNE nos períodos eleitorais, as manobras dilatórias do regime, relativamente a questão das eleições autárquicas em todo território nacional e o voto dos angolanos na diáspora, são, sem dúvidas, a causa principal da desgraça dos angolanos. Se quisermos verdadeiramente colocar Angola no caminho do desenvolvimento, não há outra alternativa, senão "tirarmos" os gatunos do MPLA do poder.

Miguel Gaspar