Luanda - Estranho mutismo esse que observamos da parte da governação e da PGR, em relação ao calote dos 900 milhões de dólares (que também pode ser de 3 mil milhões) aplicado pelo economista São Vicente. Ninguém tuge, ninguém muge.

Fonte: Club-k.net

Estranha falta de reacção. Estranho combate à corrupção. Mais estranho ainda, é entendermos como é que um trambiqueiro refinado de todo o tamanho, que não herdou sequer uma horta de gindungo dos seus pais, pessoas honradas apesar das precárias condições em que viviam no Rangel, que nasceu pobre, viveu e cresceu no musseque, tal como eu, tornou-se num dos maiores investidores privados sem beneficiar de dinheiros públicos, como o próprio afirmou, construiu a maior rede hoteleira por Angola fora, e ninguém esteve preocupado em saber qual foi o pote de mel em que mergulhou. E o dinheiro saia pelo canal do BNA.

 

Mais estranho ainda, foi sabermos agora que, com essa folha de serviço com todos os requisitos para passar o resto da vida em Bentiaba ou na cadeia de Viana, sem acesso a qualquer privilegio de fora (a excepção da visita da família), ainda recebeu como prémio do novo Governo, mais uma transferência de 200 milhões de dólares, e beneficiou do pecúlio da venda de um edifício para instalar os serviços da PGR, estranhamente, a mesma instituição que recebeu, em 2018, informação substancial da Suíça, reconfirmada em Julho último, dando conta da existência de um processo na Corte de Justiça do Canton de Geneve contra São Vicente e sua esposa, Irene Neto.

 

Estranho silêncio, que nos faz questionar se Angola, com as mudanças operadas, é mesmo governada por gente que sabe, de facto, qual é o significado de seriedade, da transparência, do que é justiça, do que é sermos iguais perante a Lei e que tem a obrigação de prestar-nos contas sobre tudo o que nos diz respeito. Continuo com dúvidas, e o caso São Vicente, apenas reconfirmou a justeza desse meu sentimento. Porque num país sério, este caso seria oficialmente público e esmiuçado até ao mais ínfimo dos pormenores. Merecia abordagem imediata da PGR, dos deputados, do Governador do BNA, da direcção da Sonangol, de todos nós, vitimas da malandragem. Daí que, esse silêncio, no mínimo é intrigante. Beneficia o malandro de lacinho vermelho, mais um que às custas do nosso petróleo, engordou e tornou-se porco, canalha. Sim, canalha. Até que nos prove o contrário São Vicente portou-se como um canalha refinado, escondido sob a capa de investidor impoluto, que não teve respeito sequer do nome da figura histórica a qual se ligou por via de matrimónio.

 

Aguardamos por uma investigação profunda, por arrestos, congelamento de contas, cartas rogatórias e reuniões com a PGR portuguesa e se necessário, mandados internacionais de captura. Porque não? Essa massa, ainda que o sujeito tenha pago impostos, também deve retornar ao País e o Engenheiro Manuel Vicente, deve ser chamado também para esclarecer porque razão influenciou (enganou) o ex-Presidente da República na constituição da Seguradora AAA. É também um dos beneficiários na distribuição do bolo?