Lisboa – As detenções multiplicam-se em Cabinda, gerando um «clima de terror», e já se alastraram ao vizinho Congo (Brazzaville) onde os serviços de segurança estão a deter «todos os indivíduos originários de Cabinda» considerados «nacionalistas».
*RN
PNN Portuguese News Network
Angola está decidida a acabar definitivamente com a «questão de Cabinda», e todos que no passado participaram em encontros e reuniões que visavam o estabelecimento de diálogo entre as autoridades angolanas e a resistência cabindesa são hoje encarados como elementos perigosos contra a «segurança do Estado». Todos os intelectuais cabindeses são agora um alvo de Luanda, independentemente se tiveram, ou não, contactos com a guerrilha.
Depois das detenções do professor universitário, Belchior Lanso Tati, do ex-vigário geral da Diocese de Cabinda, Raul Tati, sábado, e do advogado Francisco Luemba, na manhã deste domingo, fonte revelou à PNN a existência de duas «listas de pessoas a deter». Na primeira são indicados Belchior Tati, padre Raul Tati, padre Jorge Casimiro Congo, Agostinho Chicaia e o advogado Martinho Nombo. A segunda lista menciona o advogado Francisco Luemba, o deputado da UNITA Raul Danda e o activista dos direitos humanos Marcos Mavungo.
O denominador comum em todos os elementos citados é o facto de terem estado ligados à extinta Associação Cívica de Cabinda – Mpalabanda que denunciava as violações dos direitos humanos no enclave, mas também se opuseram aos acordos assinados pelo ex chefe da guerrilha e actual Ministro sem pasta, Antonio Bento Bembe, considerando que o Memorando de Entendimento só abrangia uma facção minoritária das «forças vivas cabindesas».
De Cabinda indicam também que a prisão de Yabi, Cabinda, está «neste momento inundada de prisioneiros», informação impossível de confirmar. Activistas da extinta Mplabanda solicitaram a presença de observadores internacionais para constatarem as condições das detenções e os termos das acusações.
Contrariamente às informações difundidas por alguns órgãos de comunicação social o advogado e ex vice-governador de Cabinda, Martinho Nombo, não foi detido. Francisco Luemba e Martinho Nombo destacaram-se em Cabinda como os advogados que sempre defenderam as acções contra os activistas dos direitos humanos no enclave.
Segundo fonte da PNN em Ponta Negra, cidade portuária e centro económico do Congo Brazzaville, António Vicente, elemento dissidente do FCD de António Bento Bembe, João Aimé, Coronel Kosomax, militar congolês reformado de origem cabindesa, Peso Mbambi, irmão do padre Carlos Mbambi e organizador da conferência inter-cabindesa em Lisboa em 1992, Manguinala e Fiaka Boundji, foram detidos pela DST congolesa para interrogatórios por alegadas actividades nacionalistas cabindesas. Mbambi e os irmãos Boundji teriam sido libertados por falta de provas.