Luanda - O nosso país nasceu como uma república popular que almejava ser socialista e democrática. Apesar da guerra contra invasores estrangeiros, desde a primeira hora da Independência Nacional, as políticas adoptadas pelo Presidente Agostinho Neto foram sempre no sentido de resolver, em primeiro lugar, os problemas do Povo e combater nas frentes de batalha, pela soberania e a integridade territorial.

Fonte: FAAN

Combate pelo Respeito e o Direito à Honra A propósito do combate à corrupção em Angola surgiram recentemente notícias nos Media nacionais e internacionais referindo o nome do Dr. António Agostinho Neto, primeiro Presidente da República Popular de Angola. Consideramos esta referência abusiva, caluniosa e inamistosa. Como primeiro Chefe de Estado de Angola, o seu nome e a sua memória de pessoa falecida merecem o respeito de qualquer país.

 

O Dr. Agostinho Neto faleceu em Moscovo no dia 10 de Setembro de 1979, seis anos antes do casamento da sua primeira filha com o Dr. Carlos Manuel de São Vicente, em 1985. Não o conheceu e nem tem qualquer ligação com a sua vida pessoal e profissional. Daqui a poucos dias decorre o 41º aniversário da sua morte. É um absurdo associar o seu nome a processos judiciais em investigação. O Presidente Agostinho Neto, o MPLA e o seu Governo, de 1975 a 1979, nunca pactuaram com a corrupção em Angola. Os fraccionistas levantaram suspeitas sobre alguns membros da direcção do MPLA e do Governo. Todas essas denúncias foram investigadas e não foi encontrada qualquer prova. Não passavam de atoardas irresponsáveis e falsos pretextos para desencadearem o golpe de estado militar de 27 de Maio de 1977.

 

O Presidente Agostinho Neto faleceu e o Bureau Político do MPLA publicou, no Diário da República, uma lista dos seus bens e que faziam parte da herança da sua família: Maria Eugénia da Silva Neto, sua viúva, e os três filhos, Mário Jorge da Silva Neto, Irene Alexandra da Silva Neto e Leda da Silva Neto. A maior parte desses bens eram nossas propriedades privadas e nada tinham a ver com o Estado Angolano. Mas foi tudo misturado. Alguns desses bens, entretanto, foram ocupados e vandalizados ante a indiferença do Estado. Uma espécie de confisco não declarado.


A minha família nunca teve acesso a fundos públicos, nunca teve mais do que aquilo que está definido na Lei. Pelo contrário, durante longos períodos, até teve muito menos. Só recentemente o estatuto dos antigos Presidentes da República foi definido por lei.


Agostinho Neto e eu sujeitámos os nossos filhos a provações tremendas. Vivemos sempre em casas humildes de bairros pobres, no exílio. No regresso à Pátria Angolana, a nossa vida foi sempre frugal, sem luxos de qualquer espécie. É a nossa forma de estar na vida com dignidade.

 

O Presidente Agostinho Neto foi probo e teve uma presidência decente, honesta e transparente. Não atribuiu negócios nem concessões nem licenças ou privilégios aos seus filhos. Sejam quais forem as circunstâncias do processo judicial em curso em Angola, é absolutamente condenável que, seja quem for, directamente ou por intermédio de terceiros, evoque o nome do Presidente Agostinho Neto. Quem faleceu há 41 anos nada tem a ver com isso. Não queremos nem devemos substituir-nos à Justiça. Mas temos o dever de defender o nosso bom-nome, dignidade e honra. Na nossa família e na nossa Fundação ninguém é corrupto. Por isso vimos a público apelar aos Media nacionais e internacionais, às Autoridades de Angola e da Suíça, que se abstenham de envolver o nome do Presidente Agostinho Neto em processos judiciais em curso ou em massacres mediáticos de uma crueldade indizível. E que ninguém se antecipe aos Tribunais, lavrando sentenças em forma de notícias, sem factos, sem provas, sem rigor, sem respeito do segredo de justiça nem do sigilo bancário, e sem respeito pelos direitos de personalidade e da vida privada e íntima.

Peço respeito pela memória do Presidente Agostinho Neto e pela minha família.

FUNDAÇÃO DR. ANTÓNIO AGOSTINHO NETO, em Luanda, aos 3 de Setembro de 2020.

Maria Eugénia da Silva Neto

Mário Jorge da Silva Neto

Irene Alexandra da Silva Neto

Leda da Silva Neto

Fundação Dr. António Agostinho Neto