Luanda - Cerca de oito em cada 10 angolanos consideram que o Governo do país está a ter um desempenho "mau" ou "muito mau" no desenvolvimento da sua economia, de acordo com um estudo realizado pelo Afrobarometer hoje divulgado.

Fonte: Lusa

"Cerca de oito em cada 10 angolanos avaliam como sendo "mau" ou "muito mau" o desempenho do Governo na manutenção da estabilidade dos preços (78%), criação de emprego (75%), melhoria da condição de vida dos pobres (75%) e a gestão geral da economia (71%)", referem as conclusões hoje divulgadas.


De acordo com os dados divulgados pelo Afrobarometer, uma rede de pesquisa pan-africana e não partidária que fornece dados quantitativos sobre a vivência e avaliação dos africanos da democracia, da governação e da qualidade de vida, os residentes das províncias de Luanda e de Cabinda são os mais descontentes com o desempenho do Governo de João Lourenço.


No caso de Luanda, 88% dos entrevistados estão descontentes com o desempenho do executivo na criação de emprego, enquanto 90% estão descontentes com o desempenho do Governo na manutenção da estabilidade dos preços.


Já em Cabinda, o estudo refere que 90% dos entrevistados estão descontentes com o desempenho na criação de emprego e 89% não estão satisfeitos com o trabalho do Governo para manter a estabilidade dos preços.


"Estas avaliações bastante negativas que os angolanos fazem sobre o desempenho macroeconómico do governo revelam também os desafios que o país enfrenta para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ODS) Nº 8 ('Trabalho decente e crescimento económico') e Nº 10 ('Redução das desigualdades')", sublinha o documento.


No meio urbano, a reprovação do desempenho do Governo na criação de empregos situa-se nos 80%, enquanto no meio rural esta alcança os 65%.


No que toca à avaliação do desempenho do executivo angolano na manutenção da estabilidade dos preços, 84% da população em regiões urbanas está descontente, enquanto em regiões rurais a taxa de reprovação alcança os 68%.


Há também uma maior taxa de reprovação do desempenho do Governo consoante o nível de educação formal obtido.


De acordo com os dados divulgados, 64% da população sem educação formal não está satisfeita com o desempenho na criação de emprego e 67% não aprova os esforços realizados para a manutenção da estabilidade dos preços.


Por outro lado, a população com grau universitário apresenta uma taxa de reprovação de 88% no âmbito da criação de emprego e de 90% no que toca à manutenção da estabilidade dos preços.


Para este inquérito, a equipa do Afrobarometer, liderada pela Ovilongwa -- Estudos de Opinião Pública, entrevistou 2.400 angolanos adultos, entre 27 de novembro e 27 de dezembro 2019.


Em agosto, o Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano anunciou que a taxa de desemprego no segundo trimestre de 2020 em Angola aumentou 4% face ao período homólogo do ano passado, estimando-se em 32,7% e em cerca de 4,7 milhões de desempregados.


De acordo com o mais recente Índice de Preços no Consumidor Nacional, também do INE angolano, a inflação angolana ficou no acumulado nos últimos 12 meses, entre setembro de 2019 e agosto de 2020, nos 23,41%, o valor mais alto desde dezembro de 2017 (23,67%).


Desde o início do ano os preços no consumidor nacional aumentaram um total de 15,97%, o valor mais alto nos últimos quatro anos. Em 2019, este valor situava-se nos 9,85%, valor mais baixo que no ano anterior (10,88%) ou do que em 2017 (15,65%).