Luanda - Estive à procura das imagens de máscaras negras e cartões vermelhos antecipados, exibidos pelos deputados do grupo parlamentar da UNITA, a mando do seu presidente Adalberto Costa Junior, durante o discurso sobre o Estado da Nação 2020.

Fonte: Facebook

Pude verificar que o deputado Manuel David Mendes não participou nessa palhaçada.


Fica cada vez mais evidente que o jurista David Mendes é dos poucos, da dita "sociedade civil", que não seguem a força do vento, mesmo estando num grupo parlamentar com uma "linha editorial" antecipada e conhecida.


Existem pessoas neste país que pensam com a sua própria cabeça e que não seguem estritamente "ordens superiores".


Eu gosto da verticalidade do deputado David Mendes. Fez muito bem em não ter aceitado entrar nesse jogo de arruaça de Adalberto Costa Júnior.


Não faz muito sentido estar a exibir cartões vermelhos antecipados ao Presidente da República João Lourenço, durante o discurso sobre o Estado da Nação, quando não se tem argumentos contra o que disse ter alcançado.


O que uma oposição séria devia fazer, o que não é o caso da UNITA, evidentemente, era constatar se os números avançados pelo Presidente da República constituem ou não verdade. Se não for verdade, que a UNITA mostre a verdade sem medo de ninguém.


Ser oposição não é contestar tudo e nada.


Ser oposição é, acima de tudo, ser uma força de pressão POSITIVA para que o BEM PLURAL seja alcançado. Tudo o que for positivo na governação é um BEM tanto para o MPLA quanto para a própria UNITA. Tudo o que é positivo é um BEM para todos os filhos deste país.

Nós somos filhos da mesma pátria.

Não faz sentido estar a molestar os outros por mero capricho, só porque se pretende ser Poder a todo o custo.


Eu, se fosse deputado do grupo parlamentar da UNITA, faria exactamente igual ao que David Mendes mostrou: não entrar em palhaçadas políticas.

 

Estado da Nação: um João Lourenço tranquilo mas "peca" na Comunicação Social


João Lourenço mostrou tranquilidade no seu discurso sobre o Estado da Nação 2020, algo que eu já previa, e escrevi ontem a prognosticar isso mesmo, não cedeu à pressão da imprensa portuguesa, paga por "marimbondos" contra o "combate à corrupção", nem a manifestações para a demissão de Edeltrudes Costa e penso que fez muito bem, o que não invalida uma posterior responsabilização ao seu director de gabinete, caso se prove que tais denúncias sejam verdadeiras. Eu não tenho dúvidas de que João Lourenço "não é amigo de ninguém" quando o assunto é "combate à corrupção".


Com toda a pressão, João Lourenço fez, para mim, um discurso mais tranquilo do que o esperado, um discurso de estatísticas de cada sector do Executivo, o que tínhamos prognosticado também.


Até conseguiu corrigir lapsos na leitura, com tranquilidade, e dizer o que não estava escrito em papel, mostrando que estudou bem o que iria dizer ao país. Foi de facto um sinal muito positivo.


Apresentou números mais humildes e que mais se ajustam à realidade, comparando com o seu discurso de 2019.


Não gostei, entretanto, do balanço que fez do sector da Comunicação Social.


João Lourenço tinha de fazer um balanço da Comunicação Social partindo da base do ano passado e não dos 3 anos de mandato. Não faz muito sentido não fazer menção do destino dos novos órgãos de comunicação social, TV ZIMBO, jornal O País, Rádio Mais, Rádio Global e Palanca TV, que passaram a ser geridos pelo Executivo, a partir de uma decisão muito estranha da Procuradoria-Geral da República (PGR).


É uma omissão que pode significar várias interpretações. Do meu ponto de vista, é um erro do Presidente da República, se for o caso, achar que a nossa imprensa (actual) está no bom caminho na Liberdade de Expressão e na Liberdade de Imprensa.


Pelo facto de o Executivo ter recebido outros órgãos de comunicação social, que no Estado da Nação 2019 não eram de sua alçada, a lógica é que o titular do Poder Executivo dissesse ao país, no seu balanço 2020, o que pensa fazer com tais órgãos para se ter maiores liberdades de informar e um maior pluralismo da informação.


Também não gostei do facto de o Presidente da República não se ter referido, com precisão, quando entra em vigor o novo Pacote Legislativo da Imprensa, uma vez que essa promessa já tinha sido feita no Estado da Nação 2019 e a Covid-19 não pode entrar nas contas como impedimento.


Gostei do facto de o Executivo estar a trabalhar num plano de comunicação institucional para se melhorar a comunicação em todos os níveis da governação. A comunicação institucional (competente) é de facto uma peça-chave se João Lourenço quiser ser reeleito.

Carlos Alberto (on facebook)
15.10.2020