Luanda – As informações segundo as quais altos responsáveis do ministério do interior estariam a municiar ao Presidente João Lourenço relatórios com dados empolados face a conduta de repressão da Polícia Nacional, nas últimas manifestações, são agora evidenciadas num relatório/comunicado produzido pelo comandante da PN na província do Huambo, comissário Francisco Monteiro Ribas da Silva.

Fonte: Club-k.net

Sobre violência policial na cidade do Huambo

Quando na passada quarta-feira (28), surgiram os primeiros relatos de que a Polícia Nacional disparados contra a tiros a sede UNITA na província do Huambo, a fim de impedir uma vigília, o comandante Francisco Monteiro Ribas da Silva, ao ser confrontado por entidades em Luanda, reportou que tudo era “mentira da UNITA”. Os vídeos em que se podiam ouvir os disparos e imagens de agressões policiais acabavam por desmentir o responsável policial.

 

Na manha daquela quarta-feira, o secretario municipal da UNITA, Monteiro Renaldo Eliseu enviou uma comunicação ao administrador municipal do Huambo, Joka Figueiredo, informando que “das 16h00 até as 22h00 de hoje, todos os dias, a JURA levará a cabo uma vigília diante das instalações da PGR, sita no lardo do Pica Pau, de modo a exigir a soltura dos diversos jovens detidos em Luanda aquando da manifestação do dia 24 de Outubro de 2020, em particular o Secretario Geral da JURA”. O documento foi feito com copia a Polícia, ao SINSE e ao Juiz Presidente do Tribunal Provincial do Huambo.

 

Por volta das 19h15min, a Polícia Nacional atacou a tiros a sede da UNITA, e por outro lado feriu cerca de sete cidadãos dentre os quais o líder da juventude do PRS. No dia seguinte, a Polícia Nacional produziu um comunicado na qual detectou-se dados que põem em duvida a credibilidade dos homens da farda azul.

 

O Club-K, ouviu a versão da UNITA, do PRS e vozes da sociedade civil para analisar os dados do referido comunicado, e todas as partes concluem que a nota de imprensa da Polícia Nacional trouxe dados empolados.

 

Extrato de dados do Comunicado da PN no Huambo e a respeitava reação da UNITA e PRS.

 

Comunicado da PN: “A meio da tarde de hoje, 28 de Outubro de 2020, por via da Polícia Nacional do Município do Huambo, soube-se da intenção manifestada pelo Partido UNITA em realizar uma manifestação junto do Largo adjacente à PGR e Tribunal Provincial do Huambo Sito no Largo do Pica-Pau”.

 

Resposta de Jonas Santos/UNITA: “Tratou-se de uma Vigília e não manifestação. A informação que tiveram em mão fala de uma vigília e não de manifestação”.

 

Comunicado da PN: Apreciada ainda assim a comunicação, foram verificadas claras violações ao disposto nos números 3, 4, 5, 6 e 8, da Lei das manifestações, sobre limitação ao exercício do direito, comunicação, interrupção do exercício do direito, prazos de remessa da comunicação e, em contexto de pandemia, o disposto no artigo 29°, n°s 1 e 2, do Decreto n° 276 sobre a situação de Calamidade Pública, que limita ajuntamentos na via pública.

 

Em seguida foi contactada a Direcção do partido UNITA para que de forma cordial, fizesse a desmobilização dos seus militantes, face às infracções em que incorreriam em caso de consumarem seus intentos, abordagem que foi acolhida como sendo de razão. Até porque, a administração local, desaconselhou, igualmente, a realização da referida manifestação.

 

Resposta de Jonas Santos/UNITA: “Ao desaconselhar o local antes previsto, no caso o Tribunal, a Polícia sugeriu arranjar um outro lugar, ao que ficou acordado o Largo do Jardim do Cultura e o Saidy Minga, avaliados os dois lugares, preferiu-se o Jardim da Cultura. O delegado disponibilizou-se em dialogar com a Governadora, daí não disse mais nada. Logo, os jovens não apareceram ao Jardim da Cultura sem a prévia concertação com as autoridades”.

 

Comunicado da PN: Pelas 18 horas e 30 minutos, na cidade Alta, Jardim da Cultura, registou-se a presença de um grupo de cidadãos que alegadamente pretendiam realizar uma manifestação a favor dos cidadãos recentemente detidos na capital do país.

 

Fonte apartidária: “Houve muitos excessos da parte da polícia. Em momento algum houve resistência da parte da UNITA. Não se tratava de uma manifestação, mas de uma vigília. (a comunicação da UNITA é clara). O que aconteceu foi a forma de organização. Os militantes da UNITA se concentraram no comitê e depois partiram a caminhar para o local da vigília".

 

Comunicado da PN: Abordados pelas forças em serviço e orientados a retornar a casa em razão da necessidade de evitar-se aglomerados na via pública, que podem colocar em causa as medidas sobre o combate e prevenção da covid -19, eis que rebelaram-se arremessando objectos contudentes (pedras e paus) às forças e aos transeuntes.

 

Jonas Santos/UNITA: “Não sabemos de onde é que os jovens encontrariam paus e pedras no Jardim da Cultura para arremessarem contra a polícia, outra mentira”

 

Comunicado da PN: “Na sequência e, na medida em que eram afastados do perímetro em que se encontravam a manifestar-se, dirigiram-se nas imediações da Sodispal e confinaram-se frontalmente a sede do partido UNITA”.

 

“Como procedimento normal em sede de actuação policial, fez-se o isolamento do local com efectivos policiais, acto que durou somente o tempo que, o segundo Comandante Provincial da Polícia Nacional de Angola, levou a procurar demover os responsáveis do partido UNITA a procederem a desmobilização dos seus militantes para o bem da saúde pública e paz social”.

“Após encontro consensual, convencionou-se que, os cidadãos abandonariam o local, comité da UNITA, retornando à casa, facto que ficou consumado minutos depois”.

Pelo que, os alegados ataques ao comité do partido são infundados e não têm qualquer razão de ser, até porque os órgãos de Polícia, têm feito o melhor de si para a garantia da segurança e ordem pública, incluindo aos militantes e dirigentes do partido UNITA.

 

Jonas Santos/UNITA: “A polícia perseguiu os jovens a porrada à mordidas de cães, até ao Secretariado Provincial onde começou a Disparar com armas de fogo de pistolas”.


Comunicado da PN: Porém da acção, são controlados até o momento dois feridos que recorreram as unidades hospitalares, causados por arremesso de objecto corto contundente, a uma cidadã que foi assistida pelo Banco de Urgência do Hospital Geral do Huambo, encontrando-se em tratamento ambulatório e a um oficial da PNA, com uma contusão na região facial, com baixa numa das unidades hospitalares da Província.

 

Jonas Santos/UNITA: “Foram 7 feridos e não 2. Não houve agressão de jovens contra a polícia, logo é falsa a informação da existência de um Polícia ferido”.

 

Soliya Lumumba/PRS: “É mentira este comunicado , a Polícia atacou os jovens... Se têm um polícia ferido talvez deve ser noutra confusão. A Polícia feriu 4 jovens do PRS, inclusive o secretário provincial da JURS que ficou muito ferido”.

 

Fonte apartidária: “Não houve polícia ferido. Por outra, o comunicado diz que o suposto policia ferido foi levado para uma unidade hospitalar. Nos perguntamos qual ? Aqui no Huambo temos o Hospital Geral, e o municipal. Mas, a polícia tem um posto médico, não tem polícia nenhum no posto médico. Quem tem duvida pode ir posto médico que fica na cidade alta, junto a administração municipal, nas imediações do largo Saidy Mingas”.