Trata-se de uma medida correcta e perfeitamente adequada à realidade sociológica do país, já pré-anunciada, aliás, na 3ª conferência nacional do partido no poder, no mês transacto. Por outro lado, é mais uma demonstração da capacidade de adaptação do MPLA às necessidades de mudança da sociedade angolana.

É bom entender que não será uma mudança abstracta e muito menos populista. Como disse o Presidente José Eduardo dos Santos, o objectivo global do MPLA é “tornar mais eficaz e dinâmica a acção das instituições” – o que, reconheça-se, é crucial para a consolidação da democracia -, pelo que, no caso concreto do Parlamento,o partido no poder quer torná-lo mais representativo e melhorar a qualificação dos seus quadros. O conhecimento técnico e científico adquirido pelos mais jovens será, pois, o critério determinante dessa renovação, associado à imprescindível experiência e pragmatismo de alguns quadros mais antigos.

Acredito que ninguém, em sã consciência, deverá questionar esse critério. O aumento da capacidade técnico-científica dos deputados é particularmente importante para o reforço do peso do Parlamento dentro do nosso sistema democrático, onde o executivo possui uma influência preponderante, não apenas em função do quadro legal existente, mas também da massa crítica de que dispõe.

Entretanto, e obviamente, a capacidade técnico-científica não é o único critério para a escolha de candidatos a deputado. Estou confiante, por isso, que a direcção do MPLA leve em consideração outros factores, dos quais três me parecem absolutamente essenciais: a ideologia (sim, o MPLA tem uma ideologia), a ética e a responsabilidade social.

Considero os referidos factores especialmente incontornáveis no caso dos mais jovens. Talvez seja um paradoxo da actual realidade sociológica angolana, mas conheço muitos jovens que são mais conservadores e alheios a considerações éticas ou exigências sociais do que indivíduos mais velhos. A pretensão de ganhar dinheiro sem sacrifícios e até de ficar milionários da noite para o dia parece a única coisa que os anima.

Espero, sobretudo, que a escolha dos jovens que integrarão a futura lista do MPLA não obedeça a critérios exclusivamente orgânicos. Não é este o espaço, pelos menos neste momento, para fundamentar a minha opinião, mas, pessoalmente, considero a organização juvenil do MPLA muito menos dinâmica e actuante do que a sua organização feminina. Para resumir com uma frase, direi que a JMPLA, em regra, é pouco ousada, inovadora e reivindicativa, limitando-se a ir a reboque da direcção do MPLA, o que, para uma organização de jovens, é uma profunda contradição.

Pelo contrário, a OMA é uma organização vibrante, lúcida, realista, com bandeiras próprias e uma estratégia adequada para fazê-las vingar. A decisão do MPLA de aumentar a quota de 30% de mulheres em cargos políticos, por exemplo, não caíu do céu. É resultado da luta da OMA. Definitivamente, eu sou fã da OMA.

Fonte: Jornal de Angola