Luanda - Membros da sociedade civil angolana anunciaram hoje para o próximo sábado uma nova manifestação contra a corrupção e a impunidade, dez dias depois da última marcha que terminou sob forte repressão policial e um estudante morto.

Fonte: Lusa

"Angola Diz Basta!!!" lê-se no cartaz divulgado pelos promotores do protesto, Laura Macedo, Helena Vitória Pereira, Fernando Macedo, Leandro Freire e Mwata Sebastião.

 

A manifestação tem concentração marcada às 12:00 no Largo da Independência (1.º de maio) em Luanda, e foi comunicada ao Governo Provincial de Luanda a 28 de setembro.

 

De acordo com um comunicado enviado à Lusa, o lema da manifestação é: "por um combate à corrupção e à impunidade em Angola, sério e justo, contra todos os suspeitos".

 

O cartaz alusivo à iniciativa exorta os angolanos a "sair do Facebook e exigir justiça", para dizerem "basta" à "falta de seriedade e transparência na luta contra a corrupção, manipulação da imprensa, mentiras e adiamentos das eleições autárquicas".

 

Na última quarta-feira, dia da Independência em Angola, milhares de jovens em Luanda tentaram aceder ao centro da cidade para participar numa manifestação, mas foram impedidos pela polícia que foi dispersando os grupos com recurso a gás lacrimogéneo e canhões de água.

 

A polícia alega ter usado apenas meios não letais para conter os manifestantes, mas um jovem estudante morreu nos confrontos. Testemunhas oculares afirmam ter sido baleado pela polícia, que nega responsabilidades. Os médicos do hospital onde o estudante, Inocêncio de Matos, morreu, dizem ter sido vítima de agressão com objeto não especificado.

 

A manifestação tinha sido proibida pelo Governo Provincial de Luanda, invocando entre outros argumentos, as normas vigentes na atual situação de calamidade que limitam ajuntamentos na via publica a cinco pessoas.

 

A marcha pacífica pretendia reivindicar melhores condições de vida, eleições autárquicas em 2021 e a demissão do chefe de gabinete do Presidente da República, Edeltrudes Costa, alegadamente envolvido em esquemas de enriquecimento ilícito.

 

Nos dias seguintes, os ativistas continuaram a queixar-se de repressão e criticam a atuação policial.

 

Laurinda Gouveia afirmou, num vídeo partilhado na sua página do Facebook ter sido raptada e ameaçada de morte pela polícia, juntamente com outros ativistas, quando pretendia participar numa vigília em homenagem a Inocêncio de Matos, tendo sido abandonados depois numa mata a horas de distância.

 

Dito Dali disse hoje à Lusa que estão ainda detidos no município de Balombo, província de Benguela, cinco jovens que foram recolhidos no dia 10 de novembro, um dia antes da maracha, quando preparavam o evento.