Luanda – O Ministério do Interior e a Polícia Nacional apresentaram, esta semana, discursos que se contradizem entre si, quanto ao respaldo da repressão policial contra população que participou na manifestação pacífica do dia 11 de Novembro, ocorrida em Luanda, que resultou no assassinato de um jovem Inocêncio de Matos e de centenas de feridos.

Fonte: Club-k.net

Quanto a repressão e assassinatos em manifestações

De acordo com um levantamento, no passado dia 13, o porta-voz do comando provincial de Luanda da polícia, Nestor Goubel ao falar a imprensa afastou qualquer responsabilidade dos agentes no assassinato de Inocêncio de Matos durante a manifestação, reiterando que a atuação policial foi "legal e legítima".

 

Cinco dias depois, o ministro do Interior de Angola, Eugénio Laborinho, que tem a tutela a polícia nacional, reconheceu que as forças policiais cometem algumas falhas no exercício das suas funções, pelo que, disse que se deve reconhecer e desculpar-se de tais falhas. O governante apresentou esta posição quando discursava esta semana no Conselho Consultivo Alargado do Ministério do Interior.

 

Eis as contradições:

 

Porta voz da PN: A polícia, agiu para "travar uma manifestação que não reuniu os pressupostos necessários para sua realização", reforçando que a corporação "não se usou munições reais". A polícia, segundo Nestor Goubel, agiu com o "uso de força proporcional" neste tipo de ocasiões e "atuou de forma legal, legítima e habitual nessas situações",

 

Ministro Laborinho: "Reconhecemos que ainda cometemos algumas falhas, mas isso é próprio do ser humano, que é imperfeito e tenta superar-se a cada dia que passa. Por esta razão, desculpamo-nos pelas eventuais irregularidades ou excessos de zelos por nós cometidos, prometendo que havemos de os superar e corrigi-los, a medida que forem ocorrendo".

 

"Assim, aproveitamos o ensejo para apelar a essa importante franja do nosso ministério, os efetivos da Polícia Nacional, a tudo fazerem para evitar alguns excessos enquadrados no erro profissional, pois, entre a ordem suportável e a desordem insuportável, como a que assistimos nas duas últimas manifestações, há que atuar com equilíbrio, proporcionalidade e sempre com base na Constituição e na lei vigentes no país".

 

O Ministro Laborinho exortou aos efectivos do seu pelouro, a estreitar a relação com os cidadãos, tendo em conta que o polícia também é um cidadão e vive nas comunidades onde a segurança é um bem elementar.