Luanda - Caros compatriotas, 6 dias depois do rapto e da detenção que tive em Maio de 2019, o cidadão Isaías Kalunga que eu não conhecia de parte alguma, compareceu na minha casa em gesto de visita. Neste dia, soube que ele era da JMPLA e ao mesmo tempo responsável pelo CPJ, ou seja, Conselho Provincial da Juventude. Depois de uma longa conversa, o mesmo ligou ao Ministro da Habitação e colocou viva voz a conversa para eu ouvir o assunto das casas.

Fonte: Club-k.net

QUEREM DESVIAR O FOCO

Neste dia, Kalunga alegou que o CPJ gostaria de oferecer residências para Nito Alves e Hitler Samussuku , mas que tinha possibilidade de conseguir até 10 casas. Eu disse ao cidadão Isaias Kalunga que estava conformado com a minha pobreza…não tenho interesse em receber a suposta residência no Zango 0, Vida Pacífica.


Ele pediu para pensar bem porque não havia mal algum em receber. Foi-se depois de 3 horas de conversa, isto foi das 17h às 19h. Dois dias depois, recebi um SMS do activista Mbanza Hanza para participar de uma reunião na casa do Arante. Mas sem destacar pontos para discussão. Tratando de amigos, fui sem nenhum receio. Lembro que neste dia, cheguei meio atrasado e encontrei um monte de activistas, mas o que marcou-me foi a forma como eles olhavam para mim porque eu acabava de sair da cadeia depois de ter sido raptado e àquilo só aumentou respeito no seio dos activistas. Disseram-me que a reunião era para falar sobre as supostas casas e que eram apenas 12 , mas as duas estavam reservadas para o Nito e o Hitler.


Eu disse-lhes o mesmo que disse ao Kalunga. Não preciso de casa até porque sou uma pessoa formada que a qualquer momento iria conseguir com o suor do meu rosto. Não tive muito tempo de conversa porque tinha outro encontro com a Alexandra Simeão. Passando algum tempo, o cidadão Kalunga ligava-me para saber se eu havia mudado de opinião, foi quando eu farto decidi escrever no facebook que o MPLA estava a aliciar-me com casas depois do rapto que sofri no dia 10 de Maio. O Isaias Kalunga deixou de ligar para mim e disse ao pessoal que só tinham chance de receber as casas caso eu Hitler iria receber também porque era o alvo. Ligaram alguns activistas para convencerem-me, ligaram jornalistas para convencer-me que era normal e lembro de um ter dito no telefone o seguinte:

 

-Samussuku, mas você estudou na UAN, andou de autocarro público, isso tudo é do MPLA. A casa é direito a habitação. Não dificulta as coisas.


Eu insistia que não estava interessado. O Kalunga deixou claro que a minha aceitação era condição sine quo non para os outros receberem as supostas casas.


Soube mais tarde que o activista Mbanza Hanza elaborou uma lista com 100 integrantes sem o consentimento da maior parte e encaminhou para o CNJ. O documento na qual aparece o meu nome escrito tal como eu não escrevo é da inteira responsabilidade do Mbanza. Reitero que não preciso, não precisarei desta residência e não dei autorização para o meu nome figurar na lista. Todas as pessoas que participaram da reunião são os meus testemunhas, tal como o próprio Kalunga se alguém dizer que eu autorizei estaria a agir de má fé.

 

Para mim este assunto voltou à ribalta com vista a desviar o foco da nossa onda de manifestações. Muitos activistas que querem receber as casas há muito que não participam nas manifestações. Por isso, apelo a resistência porque dia 10 de Dezembro haverá mais manifestação.