Apesar da previsão de desaceleração, o Bird realça que a previsão de crescimento africano para 2008 é "a mais elevada em 38 anos" e, mesmo o crescimento previsto para 2010, está "ligeiramente acima da média dos últimos cinco anos".

O Bird prevê, em geral, que a desaceleração dos países em desenvolvimento será "mais moderada, mas mais prolongada do que nos países desenvolvidos, reflectindo um ajuste para uma taxa de crescimento mais sustentável".

"Apesar deste ajuste, as projecções de crescimento dos países em desenvolvimento [6,4% em 2009-2010] está acima da média da primeira metade desta década [5,6%] e muito acima da média dos anos 80 e 90 [3,4%]", diz o relatório.

O relatório sobre o desenvolvimento global, divulgado nesta terça-feira, em conferência na África do Sul, conclui que os países africanos - e, genericamente, os países em desenvolvimento - vão resistir melhor ao esfriamento económico global por terem alcançado "fundamentos económicos mais saudáveis" e estarem pouco expostos à crise no sistema financeiro internacional originada nos Estados Unidos.

No entanto, o Bird avisa sobre alguns riscos que ameaçam as economias africanas, como as pressões inflacionárias causadas pela escalada internacional do preço dos alimentos e do petróleo.

"A inflação acelerou de forma pronunciada nos primeiros meses de 2008 em um conjunto significativo de países da região, reflectindo o aumento significativo do preço dos alimentos e os custos acrescidos dos transportes e da electricidade. As pressões inflacionárias estão subindo em espiral", diz o relatório.

A instituição também alerta para a possibilidade de se repetirem os tumultos registrados em alguns países por causa do encarecimento do custo de vida, apesar de, actualmente, as tensões sociais parecerem "atenuadas".

Outro risco em potencial para os países africanos é o de uma desaceleração da economia mundial maior do que a esperada, o que teria impacto negativo nas exportações e no investimento no continente, reduziria o preço das mercadorias e uma maior volatilidade no sistema financeiro internacional.

Países lusófonos

Dos países da África que falam português, recorde-se que Angola é o que mais
diminuir seu ritmo de crescimento em 2009 de acordo com as previsões do Banco Mundial.

Para 2008, a previsão de crescimento angolano é de 25,4%, número que deve cair para 6,7% em 2009 e voltar a subir para 10,2% em 2010.

A oscilação, de acordo com o co-autor do relatório, Hans Timmer, reflecte quase integralmente o desempenho da produção petrolífera angolana.

Ainda segundo o Bird, a economia de Moçambique deve desacelerar de 7,2% em 2008, para 6,7% em 2009 e 6,6% em 2010.

Em Cabo Verde, a tendência é semelhante: o crescimento deve passar de 7,1% em para 6,9% em 2009 e 6,4% em 2010.

O Banco Mundial revela que a Guiné-Bissau será o único país africano lusófono que não diminuirá seu ritmo de crescimento nos próximos anos, embora a expansão continue bastante tímida: 2,9% em 2008, 3,3% em 2009 e 3,4% em 2010.


Fonte: Lusa