Lisboa - As autoridades angolanas (PGR junto ao SIC) preparam uma versão para justificar o orifício encontrado na cabeça do Inocêncio de Matos que corresponde a trajectoria da bala que, no passado dia 11 de Novembro, tirou a vida deste jovem manifestante. O porta-voz do comando provincial de Luanda da polícia, Nestor Goubel afastou qualquer responsabilidade dos agentes no assassinato de Inocêncio de Matos, reiterando que a atuação policial foi "legal e legítima".

Fonte: Club-k.net

Para não haver responsabilização criminal contra o Estado angolano, o médico e chefe da equipa médica de urgência do Hospital Américo Boavida, Augusto Manuel foi instruído a justificar que o orifício na cabeça do manifestante, corresponde a uma perfuração feita pelos próprios médicos quando supostamente tentaram salvar o manifestante.

 

A versão preparada pelas autoridades é de que Inocêncio de Matos não morreu em consequência de algum tiro mas de um “fragmento ósseo que lesou o cérebro”.

 

Segundo apurou o Club-K, a decisão das autoridades em não assumir que Inocêncio de Matos foi morto a tiro é destinada a preservar a imagem das instituições, mas também para não colidir com a informação enviada ao Presidente João Lourenço segundo a qual a Policia Nacional apenas usou “balas de borradas e jatos de água” para dispersar os jovens da manifestação do dia 11 de Novembro.

 

A equipa médica que conduziu a segunda autopsia a Inocêncio de Matos, encontrou o orifício na parte direita, da cabeça concretamente entre a boca e o pescoço indicando o trajecto da bala, que terá saído na parte esquerda da cabeça. Foi também notado que Inocêncio ficou com a parte direita dos lábios inflamadas como consequência do efeito da perfuração.

 

Foi igualmente visto ferimentos da parte detrás da cabeça que se presume ter sido o efeito da saída bala.

 

Segundo os amigos, Inocêncio de Matos foi levado para o hospital já sem vida, pelo que terá falecido na rua, no momento em que foi atingido. Depois de levado ao Hospital, as autoridades limparam os seus ferimentos, colocaram lhe algumas ligaduras e fizeram uma fotografia do mesmo com os olhos semi abertos para dar a entender que o chegou vivo ao hospital e que esteve a receber tratamento médico.

 

A família por via dos seus advogados está a mover uma ação contra o Estado angolano e contra os agentes da Polícia Nacional que praticaram o crime.