Luanda - A primeira-dama de Angola defendeu esta sexta-feira que o país "não pode desperdiçar" os melhores ensinamentos do passado, advogando que precisa de se construir uma sociedade "mais justa, digna, inclusiva e com respeito às experiências dos mais velhos".

Fonte: Lusa

Ana Dias Lourenço, que falava esta sexta-feira na cerimónia de lançamento da plataforma "Dikota_E6.0", projeto que se propõe "criar raízes e deixar marcas" para a sociedade angolana, garantiu "empenho e envolvimento pessoal" na iniciativa.


"É uma plataforma de esperança, de dignidade, de valores, de cidadania e de encontro intergeracional", disse.


Segundo a primeira-dama angolana, a plataforma "Dikota_E6.0" é um meio de "construção do futuro", mas assente no passado e nas pessoas, pois "Angola não pode desperdiçar os melhores ensinamentos do passado".


"E hoje é chegado o momento de as gerações mais velhas darem as mãos aos mais jovens, para que juntos construamos uma sociedade mais justa e inclusiva para todos os angolanos", afirmou.


A plataforma "Dikota_E6.0", iniciativa promovida pela primeira-dama angolana, visa "valorizar a experiência e o conhecimento dos seniores e, simultaneamente, explorar a capacidade e o domínio dos jovens nas áreas de conhecimento e promover uma vantajosa partilha de saberes entre as duas gerações".


"Este é um espaço onde queremos que todos se sintam parte deste nosso tão querido país e onde todos sintam e adquirem novos ensinamentos e novas experiências", notou.


De acordo com Ana Dias Lourenço, Angola tem vindo a registar profundas transformações demográficas, caracterizada pelo aumento da esperança média de vida que passou de 44 anos em 2014 para 60 anos em 2020.


O aumento da esperança média de vida, adiantou, "é um ganho social extraordinário e é um sinal da tendência positiva dos indicadores económicos e sociais" e um desafio de encarar os "mais velhos de maneira diferente".


"Os mais velhos são os guardiões da nossa identidade, que tantas vezes sacrificaram a juventude para um bem maior, temos de pedir a esses, os nossos 'kotas' (mais velhos na língua angolana kimbundu) que estão na origem da denominação da plataforma que procurem conduzir os mais jovens", frisou.


"A plataforma através de estratégias multidisciplinares foi pensada para construir uma sociedade inclusiva, uma sociedade para todas as idades. Esta intergeracionalidade será transversal aos vários setores da sociedade", assegurou.


A pedra basilar da plataforma "Dikota_E6.0" assenta na "valorização do ser, do saber e das experiências acumuladas dos nossos seniores e na aquisição de novas aprendizagens e conhecimentos por parte dos nossos jovens".


"Aos nossos 'kotas' pedimos que se juntem a nós, que não se isolem e que partilhem o seu ser e conhecimento", exortou Ana Dias Lourenço, na cerimónia que decorreu em Luanda.


Por seu lado, o diretor do Gabinete de Quadros da Presidência angolana, Edson Barreto, deu conta que a plataforma surge com o objetivo de catalogar e reconhecer as valências seniores, sensibilizar a sociedade para cultivar o diálogo intergeracional.


O exercício de uma "cidadania plena, ativa e participativa", a proteção contra todas as formas de discriminação dos mais velhos e a criação de espaços de coabitação entre jovens e mais velhos, no meio público e privado, nomeadamente no seio da família e empresas constituem outros objetivos da plataforma.


Edson Barreto, que apresentou os aspetos funcionais da plataforma, disse também que o instrumento compreende vários domínios de atuação, entre os quais o conhecimento e consultoria, a criação de um espaço de orientação e indução e espaço de aprendizagem intergeracional.


A "Dikota_E6.0", com endereço eletrónico dikota.ao, onde tem disponível um "painel de seniores para inscrição dos mais velhos", vai contar com um local físico e de funcionamento com uma equipa diária responsável pela execução dos projetos.


Na ocasião, foi apresentada uma equipa de gestão do projeto composta por 10 membros, entre jovens e mais velhos, coordenada por Manuel Correia Victor.