Luanda - Derrotada no concurso público para a gestão do terminal multiusos do porto de luanda, a International Terminal Services (ICTSI), uma multinacional com sede nas Filipinas, interpôs junto do Tribunal Supremo angolano duas providências cautelares contestando os resultados e presumindo em causa própria a justiça da vitória. Mas o que não revelou foi o manancial de escândalos em que está envolvida fruto das operações desenvolvidas em pelo menos 29 concessões ao redor do Mundo.

Fonte: Club-k.net

Os detalhes sórdidos da história de um mau perdedor

Desde acusações de corrupção no seu país de origem, as Filipinas, às alegações de racismo e violação sistemática das leis trabalhistas nos países em que se acha envolvida, um relatório independente destapou o véu sob o rosto de uma empresa que não se conforma com a derrota no concurso público para a gestão da principal unidade portuária do País.


As denúncias que impendem sobre a empresa foram levantadas pelo Senado das Filipinas a partir de 2014, altura em que altos dirigentes da companhia acharam-se acusados de montar uma intrigante teia de corrupção, envolvendo desde funcionários de baixo escalão, agentes administrativos, agentes da polícia até políticos locais. Denúncias, inclusive, alvo de extenso tratamento nos órgãos de comunicação social daquele país.


A jornalista Christina Mendez escreveu, para o jornal Philstar Global, que dirigentes de topo da ICTSI confirmaram, em audiência no senado em 2014, que a corrupção se tinha transformado em cultura nas infra-estruturas portuárias sob gestão da companha em Manila, comportamento entretanto multiplicado pelas diversas operações da empresa ao redor do Mundo.


Como se não bastassem as constantes acusações de corrupção, ao currículo da ICTSI é, ainda, acrescido um rol de imputações de abusos às leis trabalhistas em vários países, tendo constituído, esta, a principal preocupação de um relatório da Federação Internacional de Trabalhadores em Transportes (ITF), especificamente dedicado às constantes violações atribuídas à multinacional filipina. Entre estas, figuram as violações das normas de pagamentos aos trabalhadores que, ao serviço da ICTSI, recebem 15 por cento abaixo do ordenado liquidado por outras empresas d sector.


Problemas iguais, que incluem denúncias de racismo contra funcionários nacionais dos países onde desenvolve as operações, foram reportados na Indonésia, posteriormente, na Austrália de onde saíram questionamentos sobre como uma empresa “de reputação tão ruim” conseguia contratos tão significativos.


No Madagáscar, por exemplo, um sindicalista descreveu as acções da ICTSII como um “câncer” que se espalha pelo mundo, aludindo às constantes denúncias de corrupção assim como às práticas antissindicais.