Luanda - O Presidente de Angola, João Lourenço, afirmou hoje que há "forças internas e externas" ligadas aos que delapidaram o erário público que estão a organizar "uma campanha" que visa denegrir e desacreditar a justiça e o Estado angolano.

Fonte: Lusa

O chefe do executivo angolano, que discursava hoje na cerimónia solene de abertura do ano judicial em Angola, em Luanda, exortou os órgãos judiciais a continuarem o seu trabalho no combate à corrupção e impunidade e salientou que o país "vem dando passos corajosos desde finais de 2017, investigando, julgando e condenando servidores ou ex-servidores públicos de todos os escalões, desde os níveis do município, província e o próprio executivo central, da Assembleia Nacional e de empresas públicas com imparcialidade necessária para o sucesso desta causa".

 

João Lourenço salientou que os órgãos de justiça "têm sido incansáveis", apesar da exiguidade de meios, alguma falta de experiência e de condições de trabalho.

 

"Contudo, forças internas e externas, ligadas aos que mais delapidaram o erário público, organizam campanhas com vista a denegrir e desacreditar a justiça e o Estado angolano, mesmo com tantos exemplos concretos de indiciados, arguidos e alguns já condenados" e que, segundo o Presidente angolano, demonstram o comprometimento na luta contra a corrupção.

 

Na segunda-feira, Isabel dos Santos, filha do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos, visada em vários processos judiciais em Angola e no estrangeiro, acusou João Lourenço de tentar "usurpar" ilegalmente os seus bens e afirma ter provas que revelam "uma conspiração" contra si, urdida pelos serviços secretos angolanos.

 

Esta não foi a primeira vez que a empresária afirmou ser vítima de perseguição política e se queixou de ser alvo de uma justiça seletiva que visa a família dos Santos e figuras ligadas ao antigo presidente.

 

Hoje, João Lourenço insistiu que "os que veem o seu castelo desmoronar de forma inexorável" tentam defender os seus interesses e procuram reverter a situação fora dos tribunais.

 

"Pretendem ser eles a comandar a ação da justiça angolana, envolvendo o chefe de Estado a ponto de determinarem quem deve ser indiciado. É evidente que isto está à partida condenado ao fracasso", avisou, sublinhando que a justiça angolana vai cumprir o seu papel e o Presidente não vai interferir na ação da justiça "em violação da Constituição, como pretendem que o faça".