Luanda - Quando a fome e outras dificuldades apertam o povo sente saudades de José Eduardo dos Santos, assim como foi com os israelitas quando se rebelaram contra Moisés, em virtude da fome e outras carências que haviam tomado conta deles, durante a dura e longa travessia do deserto.

Fonte: Club-k.net

O ESTÔMAGO DO POVO NÃO PENSA!

Haviam ganho a liberdade, mas diziam: no Egipto éramos escravos mas tínhamos comida em fartura. Episódio igual foi vivido por muitos ex-escravos que havia ganho a liberdade, mas que diante das dificuldades em se manterem preferiram regressar à casa dos antigos senhores.

Senhor Presidente João Lourenço!


O povo não tem valor meramente jurídico, estatístico ou demográfico, o povo é uma entidade concreta com necessidades, desejos, aspirações, memória, expectativas, sonhos, frustrações e isto tem que ser tido na devida conta.


O combate à corrupção é um desafio enorme, necessário, mas não deve ser a única premissa da vossa governação, há muito mais vida além da perseguição jurídica aos larápios. Em rigor, seria necessário enviar o MPLA à oposição política, se tivermos em conta o papel que desempenhou enquanto organização e seus militantes, mas não estamos dispostos a fazer julgamentos de quem quer que seja. É tão somente um reparo realista, despido de qualquer paixão!


Revisão pontual da Constituição, Leis, Sentenças Condenatórias, Decretos e Outros Actos não enchem barriga nem aliviam o humilhante e injustificável sofrimento deste martirizado povo, são necessárias acções concretas imediatas para aliviar este pesado fardo.


A visão de pessoas invadindo a privacidade do lixo, como necrofagos, para tentar reciclar alimentos não encontra memória em Luanda, nem mesmo durante os duros momentos da guerra, nunca nós em Luanda havíamos descido tão fundo na cadeia alimentar, ao ponto de disputar alimentos com gatos e cães vadios, incluindo ratazanas. Fomos relegados a condição de sub-humanos ????, semi-homens! Nunca nossa dignidade foi tão insignificante como nos dias actuais.


Fome e misérias são as palavras de ordem, diante de uma cega política económica cujo fim único é o equilíbrio das contas públicas, ainda que isto signifique morrer de fome ou comer no lixo, do lixo e lixo, como bactérias recicladoras.


A COVID-19 não poderá ser usada para justificar toda esta situação, é necessário que se assuma algum fracasso nas políticas públicas, não se justifica que passados três anos nossa vida tenha recuados a níveis tão dramáticos, com uma varredura total a emergente classe média que estava em construção.

 

Senhor Presidente!


Apelamos que em Junho proponha à Assembleia Nacional a revisão da Lei do Orçamento Geral do Estado para o Exercício Económico 2021, mudando as prioridades de modos a conferir uma fatia bem maior a agricultura, pescas, indústria nacional, saúde (sem o vício do negócio COVID-19) e terraplanagem às vias de acesso e escoamento da produção agrícola.


Apelamos igualmente que pense seriamente na possibilidade de reformar a equipa económica, substituindo por gente que pensa em economia (produção, distribuição e consumo de bens e serviços), afastando esta lógica financeira que tudo capturou, incluindo as políticas do BNA.


A COVID-19 não vai nos matar mais do que faz a malária e outras! Remova a cerca sanitária de Luanda e reduza a burocracia na administração pública, para acelerar a circulação de bens, dos centros de produção aos centros de consumo.


2022 é o virar da esquina e mais de metade dos jovens não estuda nem trabalho, não vejo como o senhor fará as pazes com esta importante franja da sociedade... o voto destes descontentes será decisivo!

Pense bem!
Era só isso, por enquanto!