Luanda - Tomás Bica é um “produto político tóxico” de Bento Bento, o autor moral das mortes dos activistas Cassule e Kamulingue em 2013 e (renovado) Primeiro Secretário do MPLA em Luanda. Do seu mentor, herdou a truculência, a arrogância, a pesporrência, a intolerância e os discursos incendiários que, convenhamos, em nada abonam e muito menos viabilizam a pretensão da consolidação da Paz e (Re)conciliação nacionais no País. Tais heranças legitimam a implicância e as reticências do malogrado e sebastianista Sérgio Luther Rescova em relação à atribuição de responsabilidades políticas ao actual administrador do Cazenga, um dos maiores municípios da capital angolana.

Fonte: Club-k.net

Sérgio Rescova defendia (em conversas privadas que tivemos bastas vezes, dada a nossa empatia e a consequente relação de amizade) que Tomás Bica era um jovem impreparado para assumir poder político. Predizia, em círculos privados, que Tomás Bica com poder seria um perigo e sequentemente um desastre para imagem do MPLA.


É evidente que, como jornalista, sempre manifestei o meu cepticismo no que à opinião de Sérgio Rescova em relação a Tomás Bica dizia respeito.

Hoje concluo, de forma categórica, que a implicância e as reticências do meu amigo Sérgio Rescova, afinal, tinham razão de ser. As evidências estão ao alcance de todos aqueles que as querem quer ver com olhos de ver. O poder político de que é detentor aliado à sua truculência, arrogancia, pesporrência e a intolerância resulta no temerário “cocktail-molotov” que personifica o pupilo de Bento (Cassule, Kamullingue) Bento.

Há um ano Tomás Bica criou um grupo de milícias, constituído maioritariamente por jovens que um dia escolheram o “lado certo da vida errada”. Deu-lhe o pomposo nome de “Turma do Apito”. Objectivo: Combater a criminalidade no Sambizanga, de Luanda.


Fê-lo com o tácito beneplácito das autoridades (in)competentes governamentais e judiciárias. Foi-lhe permitido porque - ao que tudo indica! - o Estado angolano (ainda) subordina-se total e absolutamente ao partido no poder.

Foi noticiado recentemente pela VOA que existe a pretensão de se desdobrar a “Turma do Apito” a todos bairros periféricos da capital angolana. Sério?! Com a recondução de Bento (Cassule, Kamulingue) Bento para o cargo de Primeiro Secretário do MPLA em Luanda, é possível que tal venha a acontecer.

Penso, todavia, que é chegada a hora e o tempo de se colocar um ponto final à aventura de se pretender criar um Estado paralelo àquele cujas clausulas pétreas estão consagradas no estatuto jurídico-político (Constituição) do País.

Constou-me que o papel das milícias de Tomás Bica é o de supostamente ajudar a prevenir, combater a criminalidade e de colaborar com as autoridades policiais. Isto é o que se diz. Mas é por demais consabido que o papel da “Turma do Apito” é, na verdade, o de fazer chegar a roupa ao pêlo de todos aqueles que, nos bairros tenham o discurso e pensamento político dissonantes ao do partido no poder.

A sua missão é, na verdade, a de pegar em armas em caso de uma sublevação de grandes proporções na capital do País. A maior parte da sociedade e dos municípios onde a “turma” toca o seu apito censuram a existência daquela força e acusam-na de já ter cometido vários crimes.

A “Turma do Apito” tem desencadeado terrorismo de Estado, consolidando a cultura do medo, disseminando o pânico entre os adversários políticos do partido no poder ou do seu presidente nas circunscrições onde se encontram ubicadas.

Não nos admiremos se, por estes dias em que ira e o desvario política andam à solta, a “Turma do Apito” queimar vivo ou ainda fazer desaparecer, na calada da noite, todos aqueles que, de uma ou de outra forma, reivindicam, por Direito, uma vida condigna.

Se ninguém retirar o “apito” ao Tomás Bicas e legalmente desarticular a milícia em causa, vai chegar o dia (acho que não está muito distante) em que este grupo vai expor cadáveres nas ruas de Luanda em plena luz do dia, pendurar corpos de indivíduos mortos em árvores ou apedrejar angolanos que se mostrem contrários ao Sistema.

Afinal, convenhamos, as reticências de Sérgio Rescova em relação a Tomás Bica tinham razão de ser.

Nota: Soube que em entrevista concedida recentemente à Televisão Pública de Angola (TPA), o Comandante-Geral da Polícia Nacional, Paulo de Almeida, disse sem gaguejar nem pestanejar que a “Turma do Apito” é uma organização ilegal.

Jorge Eurico