Luanda - Angola conta com 82 projetos privados em funcionamento no país desde 1990, com um valor global de 460 milhões de dólares (387,2 milhões de euros), informou hoje o presidente da Agência de Promoção de Investimentos e Exportações (Aipex).

Fonte: Lusa

António Henriques falava à margem do Fórum Empresarial Angola/Espanha, realizado em Luanda, no âmbito da visita que o presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez, efetua ao país africano.

Segundo António Henriques, a relação com Espanha "tem sido positiva", frisando que, desde 1990 a finais de 2020, o país conta com 23 projetos espanhóis na área da construção civil, 17 na prestação de serviços, 15 na indústria, 13 no comércio, sete nas pescas, três na saúde, dois no imobiliário, dois na indústria extrativa e igual número na agricultura.

"Este somatório é importante pela sua diversidade de setores e também realçar que, do ponto de vista da sua implementação, temos 64 projetos implementados em Luanda, cinco em Benguela, três no Zaire, o mesmo número no Cuanza Sul e os demais cada província tem mais um projeto", enumerou.

"Não são as 18 províncias [que constituem o país], mas verificamos que começamos a ter uma capilaridade da presença dos projetos de origem espanhola no nosso país", acrescentou.

António Henriques considerou a deslocação de Pedro Sánchez "um momento particular", tendo em conta que a economia e o Governo espanhol orientam-se para África.

"É um dos destinos escolhidos [Angola] e obviamente que para as empresas existentes e aquelas que pretendam se estabelecer temos que estar aqui, enquanto agência de investimento privado, a proporcionar a noção clara das mudanças que estão em curso e do impacto que queremos que elas tenham no 'doing business' e da atratividade do nosso mercado", sublinhou.

Participou também do fórum, que contou com uma equipa significativa de empresários espanhóis, que acompanham Pedro Sánchez, o empresário espanhol Roman Bailon, presente em Angola há 35 anos, e membro da Câmara de Comércio Angola/Espanha, que realçou as mudanças do mercado económico angolano, lembrando que até há bem pouco tempo o único cliente era o Estado angolano.

"Neste momento, não se pode iniciar uma atividade sem pensar em passar o setor privado, o Estado vai deixando cada vez mais de ser cliente para passar esta atividade ao setor privado, nesse sentido, já algum tempo que temos nos dedicado a trabalhar com as empresas privadas", regozijou-se o empresário.

Roman Bailon frisou que nesta altura da pandemia de covid-19 e de crise económica, quando o Estado enfrenta problemas, tendo que dar prioridade ao setor da saúde e da alimentação, "é bom que as empresas estejam já introduzidas no mercado privado, pois é onde ainda existe possibilidade de continuarem com a atividade".

De acordo com o empresário, a visita de Pedro Sánchez a Angola é importante, porque "alimenta o fogo".

"O fogo já está aceso há muito tempo e se não vamos colocando lenha apaga-se. Então, essas visitas sempre ajudam a alimentar para que se mantenha. Por outro lado, tem importância porque animam outros empresários que ainda não vieram para que venham, porque veem que nós que estamos aqui há muito tempo, estamos contentes, satisfeitos, trabalhamos em colaboração com empresários angolanos", disse.

O empresário espanhol salientou que os desafios que as empresas de Espanha enfrentam em Angola são os mesmos que em outros países, realçando que as empresas espanholas têm um certo temor de investirem fora da Espanha, estando historicamente mais ligadas à América Latina.