Luanda - Os problemas da África, assentam no desrespeito das constituições e, na construção de concordatas partidárias para a manutenção do poder por todos os meios, a que se chama, jocosamente, de constituição atípica e na estruturação social desconexa da realidade dos estados.

Fonte: Club-k.net

Tomemos o exemplo do falecido presidente do Chad: uma constituição que lhe permitia ir sendo eleito até 2033! O que é que isso significa? E foram todos eles, os presidentes desse país, ditadores que prometiam ou simulavam eleições para que parecesse existir uma democracia formal: ou foram depostos ou foram assassinados.


Na África, só com estabilidade política e respeito pela soberania interna dos estados, em democracia, e que pode haver desenvolvimento económico e social. Sempre que surgirem homens e grupos de homens que se proponham impor sobre outros homens e sobre outros grupos de homens a sua vontade, não haverá segurança para ninguém.

 

Todo o homem ou estrutura politico-social, que não crie pontes de entendimento entre homens ou outras estruturas, não servem para as lides de um estado.
Isto é histórico.

 

A ditadura, em África, nunca foi aceite. Foi sempre uma forma de submissão que levou o continente a não se destacar no concerto das nações. A Ásia e a América latina também foram zonas do globo onde se sofreu muito pela ganância dos homens. Mas, o desenvolvimento da consciência política e noção dos valores da cidadania, fez com que muitos dos estados com atrasos notórios na economia e na protecção social e vínculo humano, surgissem, hoje, referenciados no mapa do desenvolvimento e do crescimento sustentado.

 

A África precisa de ter o seu sistema de poder, que venha do povo e se mantenha nele, e não das sabidas artimanhas. Os abusos das elites ante a fragilidade do entendimento popular de poder, devem ser dirimidos pelos intelectuais, que por via de regra, procuram a estabilidade social e financeira e percebem o valor da harmonia social para as sociedades emergentes, pobres, negligenciadas, sofredoras e subgovernadas.


As hecatombes, resultantes da ambição desproporcional dos homens, ensinaram os países do mundo e suas populações que, no estimulo da vida e da sua protecção, o respeito mútuo, era melhor solução que o assassinato.

Os genocídios transformaram os modos desregrados dos homens do passado, no tratamento entre estes, em modos mais lúcidos de convergência social e construção de sociedades sóbrias e prenhas de valor humano.

Na nossa África, ainda se procura o poder eterno na terra!

Não é aceitável.

Nem para Deus, porque o homem tem de morrer, nem para a natureza, Porque nela, segundo Antoine-Laurent De Lavoisier, "nada se cria, nada se perde, tudo se transforma", nem para os homens! Estes são falíveis. E de que maneira.

O poder é subserviente ao cidadão; todo tipo de autoritarismo, actualmente, na política nacional, é imoral e condenável!

Um Estado moderno tem de assentar em pilares da ciência, da tecnologia, do saber, pilares do conhecimento que se assentem no sustentáculo da verdade, da paz e da busca da felicidade comum: assente na busca da prosperidade para todos.

O comum somos todos nós.

Enquanto continuarmos frágeis perante nós mesmos, seremos moldados pelo estrangeiro; seremos a imagem da dívida criada pelo estrangeiro arguto, perante a Cegueira da nossa Ganância!


Podemos ter dinheiro, podemos progredir, se formos justos e altruístas. Se deixarmos de ser instrumentos da nossa própria desgraça.


A incompetência dos homens nunca deviam atrasar o desenvolvimento dos seus países.


Os modos como são criados os estratagemas de governação, limitam o avanço da vida e o encontro com o futuro no nosso continente. Vive-se num presente que tem, necessariamente um amanhã, mas não um futuro. Enquanto não se fazer frente ao mal da nossa realidade do hoje, a África se vai negar, a ela mesma, como tem feito até agora: Olha-se, por tudo e por nada, para o exterior do país. Quando chega o momento de fazer contas, as culpas são do exterior do país. Mas eles sabem que não é verdade. Nós é que queremos começar e acabar ao mesmo tempo. Não pode ser!?! Cada um de nós só pode fazer um pouco e , quiçá, do seu melhor. O querer fazer, mesmo sendo ineficiência, tem sido um dos entraves no continente.


Agora é hora de olhar para dentro de nós mesmos, sem esguelha. A África somos nós! Todos, somos um... Mas quando só um, não somos todos.


Os nossos problemas são criados por nós mesmos: não é o que nós pensamos que nos deve orientar o caminho. Mas o acúmulo das necessidades, vontades, possibilidades e utilidade no nosso esforço, que só é coroado de êxito, quando soubemos servir para o bem comum. E nunca é este o nosso pensamento!
Deixemos de culpar os outros. Aproximemo-nos do poder com sabedoria. Para servir.


Em tempo adequado.

 

E depois, virá sempre alguém melhor. Para o seu tempo. E assim outros, e mais outros. É assim a humanidade hoje, pois foi sempre assim: se não for assim seremos a força que cria a inércia que sempre nos limitará.

Haverá conflitos e jamais avançaremos.

O autoritarismo e a monarquia são estados de alma aldeã!

E lá se deve limitar.

Kate Hama
21 de Abril de 2021