Lisboa – Juristas em Luanda, que acompanham o desfecho da condenação do antigo diretor do GRECIMA, Manuel Antônio Rabelais entendem que o juiz do processo Daniel Modesto Geraldes, terá manipulado o conteúdo de conteúdo de uma carta enviada pelo antigo Presidente José Eduardo dos Santos, em defesa do réu, quando ao tema do “segredo de Estado” naquela instituição.

Fonte: Club-k.net

Quando decorria o processo, Manuel Rabelais terá alegado que os seus actos eram acompanhados pelo seu então superior hierárquico, neste caso o antigo Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos. A pedido da defesa do arguido, o antigo Presidente da República foi solicitado a pronuncia-se, tendo feito por intermédio de uma carta na qual, atribuiu ao então ministro de Estado e chefe da Casa Militar, Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa”, a responsabilidade sobre a forma como foi gerido o Gabinete de Revitalização da Comunicação Institucional e Marketing da Administração (GRECIMA).

 

Na carta de apenas dois pontos, chegada de Barcelona (Espanha), JES afirmava que "se mais esclarecimentos forem necessários, Manuel Hélder Vieira Dias também os podia fazer, desde que não se trate de matéria de Segredo do Estado.”

 

Na ocasião, o juiz principal da causa, Daniel Modesto Geraldes, afirmou que a carta de José Eduardo dos Santos criava uma "nuvem cinzenta” em relação a algumas questões feitas desde o início do processo. Com a condenação pronunciada, penalistas que acompanham ao processo levanta suspeitas de que o magistrado terá sido parcial ao não ouvir a versão de “Kopelipa”, e violando assim o artigo 217, n 2, do CPP. Acusam-no também de manipulação do conteúdo da mesma carta ao fazer a interpretação de que em momento algum o ex-PR pediu para que se preservasse o segredo de Estado.


De realçar que o antigo ministro angolano da Comunicação e ex-director do Gabinete de Revitalização e Marketing da Administração da Presidência da República (Grecima), Manuel Rabelais, foi condenado a 14 anos e seis meses de prisão pelos crimes de peculato sob forma continuada e branqueamento de capitais. O seu assistente, Hilário dos Santos, recebeu uma pena de 10 anos e seis meses de prisão pelos mesmos crimes.