Luanda - Pertencemos à geração que vem de famílias nacionalistas bem estruturadas e com formação integral muito sólida que tinha como lema “Deus, Pátria e Família”, infelizmente nada disso aproveitado.

Fonte: Club-k.net

Somos a geração das diferenças políticas que nossos Mais Velhos nos transmitiram, levando-nos para cultura da violência e da banalização da vida humana.


Somos uma geração com experiência positiva acumulada. Experiência de quem sofreu e sabe ultrapassar rapidamente as diferenças, fitos na memória de nossos camaradas que deixamos em várias batalhas, enterrados ou não, mas que temos de honrar. Experiência de quem tem de legar segurança às futuras gerações.


Nessa experiência recordo-me de 1986 quando me encontrava na Frente do Munhango – Província do Moxico - com General Chilingutila como Comandante e eu a coadjuvá-lo. Nesse período, tivemos dias de combates muito renhidos. Combates com recordações que me perseguem até hoje. Porque, num desses dias, uma das bombas do multi-rocte BM21 que caiu no nosso posto de Comando, nos teria ceifado a vida. Nesse dia capturamos vários compatriotas das ex-FAPLA e de entre eles um que de forma muito corojosa se nos dirigiu, fazendo as seguintes perguntas: ELE - “Onde estão os vossos tanks de combate?”.

NÓS – “Não temos tanks de combate”.

ELE – “O dia que nos unirmos ninguém nos segurará”.


Quando chegará o dia da concretização do vaticínio deste humilde soldado, filho do povo, com aldeia, bairro ou cidade desconhecida e que o tempo teima em não apagar da minha memória?


Pessoas que não viveram directamente estes momentos épicos da história do nosso país, ainda teimam em escrever que a UNITA quando ganhar vai perseguir pessoas, outros dizem-se prontos para usar “Bazukas”. Não permitamos isso. O MPLA ou a UNITA ninguém mais deve matar angolanos em nome de interesses egoístas. Porque o que fazemos hoje, reflecte exactamente o nível da nossa memória colectiva turvada pelos erros do passado que se replicam para o futuro e nisso a nossa loucura de continuarmos a fazer as mesmas coisas, esperando resultados diferentes.


Nossa preocupação deve estar centrada na recuperação do tempo perdido, potenciar nossa experiência militar num activo em benefício de Angola e não a de colocar “Kabilas” no poder em benefício de pessoas e não do país. Experiência militar que deve modernizar as FAA, dar estabilidade a África Austral, Central e ao Golfo da Guiné em cooperação com África do Sul, a Nigéria e o Egípto. Dar estabilidade as instituições nacionais (Estado Democrático de Direito, Soberania e Órgãos de Soberania) e participar como instituição decisiva no crescimento e desenvolvimento da economia nacional. Conhecemos bem Angola, onde o Moxico, o Kuando Kubango e as Lundas não têm vias de comunicação que permitam falarmos na coesão nacional. Somos um país com uma grande costa marítima que pode ajudar os países do interior continental como o leste da RDC, Zâmbia, Burundi, Ruanda, Malawi, Uganda, RCA e outros.


Esta é uma oportunidade que nossa geração tem para ser bem lembrada no futuro. Um de entre nós é hoje Chefe de Estado de Angola e em 2022 esta tendência irá manter-se. Não repitamos as mesmas coisas que temos feito há 46 anos, esperando resultados diferentes. A roptura é capacidade de gente excepcional e Angola espera que sejamos os Generais expcionais.

- OBRIGADO -