Luanda - O pacto de silêncio cúmplice dos clubes do Girabola e jornalistas que cobrem a competição também está a contribuir para que o nosso futebol seja mesmo "de mentira", como sentenciou Victor Geovete Barros, ex-secretário-geral da federação de futebol. Custa acreditar que os dirigentes e jornalistas estejam mais preocupados em ver girar a bola, sem se importar com o cumprimento do regulamento da competição.

Fonte: Club-k.net

Há um conjunto de situações que deveriam obrigar os jornalistas a sair da zona de conforto em que se encontram, não sei se por ignorância ou por terem telhados de vidro. Eu temo que amanhã já seja tarde demais para esclarecer se, até nós que seguimos o campeonato a distância, temos ou não o direito de saber o que se passa no Girabola, de que também fomos contribuintes, afinal sem o nosso dinheiro o estado nem com mandioca e ginguba teria leite para dar as equipas que patrocina no Girabola.


Nessa publicação não quero cansar ninguém com todas as inquietações que tenho sobre o nosso desporto, por isso, vou manter o foco só no Girabola, por causa de duas situações simples, porém actuais, uma delas envolvendo um PENTA. Se o campeonato tem um regulamento e esse com o passar dos anos é ignorado pela federação, clubes e até jornalistas, é justo questionar se eu é que estou confuso ou se ninguém mais se importa com o que forçosamente deveria ser esclarecido para o bem de todos. Começo com Júpiter! O começo da segunda volta significa que o primeiro turno foi considerado legal pela federação. Como sabemos, o último jogo da primeira volta foi disputado na sexta-feira no Dundo, Sagrada 1 - Petro 0, até agora ainda não entendi como é que a segunda volta iniciou no dia seguinte ao jogo do Dundo. Se houve alteração ao regulamento, eu peço perdão por não ter me apercebido de nada, mas eu agora fiquei curioso para saber como é que a federação fez para homologar a primeira volta com a inclusão do jogo do Dundo.


Eu vou aceitar a hipótese de que federação foi zelosa, prolongou o turno e esperou pelo boletim do jogo enviado pelo árbitro para deliberar, mas bastaria esse boletim do árbitro para fazer a homologação do jogo? Se me querem fazer crer que a resposta é sim, essa resposta levanta uma outra pergunta: O Sagrada e o Petro perderam o direito de apresentar um protesto? Não quero me basear no ouvir dizer, relato do jogo em directo pela Rádio 5, mas e se do nada surgirem evidências de que houve mesmo irregularidades, ainda está fresco o Santa Rita - Interclube, com base em que regulamento a federação vai agir? Há uma outra questão que está a ganhar corpo e que merece ser esclarecida para o bem da verdade desportiva. Se é bíblico que da mesma fonte não nasce água doce e água amarga, é imperdoável que os jornalistas usem estatísticas diferentes quer para contar o número de campeonatos realizados quer para referir a última vez em que determinadas equipas se defrontaram. Se o critério fosse uniforme e com a devida explicação, quero acreditar que o penta não seria nem uma questão de vida ou morte nem uma inverdade desportiva.


Os jornalistas que estão a subscrever que o 1 de Agosto vai ser penta se ganhar o Girabola estão a ser seguidistas para satisfazer a paixão clubista ou eles e o 1 de Agosto inventaram um novo regulamento para o Girabola? Se sim, eu quero saber quem lhes deu essa legitimidade porque esse penta não pode ser fruto da imaginação! Eu o ano passado já fiz uma publicação de propósito, a ideia não era gozar por eu ser do Petro de Luanda, o primeiro e único penta do Girabola, mas se esse penta de que estou a ler e ouvir for mesmo verdadeiro, como é que o 1 de Maio de Benguela ainda não disputou um jogo sequer no campeonato? Não estou a me armar em nada, tampouco quero meter minha foice em seara alheia, se a federação alterou o regulamento, mais uma vez peço minhas sinceras desculpas por essa publicação, mas se está tudo como dantes, quartel general em Abrantes, os dirigentes dos clubes e sobretudo os jornalistas que cobrem o Girabola tinham de romper o silêncio, calados como estão prova muita coisa ainda mais porque nem mesmo depois do ontem polémico Desportivo 3 - 1 de Agosto 3, vimos um dirigente duma outra equipa interessado no desfecho desse caso em que a federação abriu um claro precedente, que se juntou aos muitos outros acumulados ao longo da história.


Com excepção do Jornal dos Desportos que mexeu um pouco no polémico empate de um jogo que teve transmissão televisiva em directo, os demais interessados fingiram que eram cegos, surdos e mudos, talvez porque tentaram nos furar os olhos para nos fazer crer que o regulamento do Girabola é como o vento, quando não sopra na nossa direcção, não nos afecta.