Luanda - NANUTU é um saxofonista que dispensa apresentações. Os angolanos podem dar-se ao luxo de exprimir o seu orgulho e satisfação pelo trabalho deste exímio e habilidoso instrumentista, com faro apurado para o sopro do saxofone.

Fonte: Club-k.net

MAIO, O MÊS DE ÁFRICA

ANTILHANOS CLAMAM PARA VER TOCAR AO VIVO O INSTRUMENTISTA MAIS INTERNACIONAL DE ANGOLA

NANUTU acompanha muitos artistas de diferentes valências, e por isso continua a pisar vários palcos consagrados da música internacional, em diversos continentes e regiões, desde à África, Europa, Ásia, Médio Oriente, América do Norte, América Latina... faltando-lhe (apenas) a conquista do concorrido e restrito mercado antilhano, mas precisamente nos lados da América Central. Ainda assim, NANUTU pode ser considerado o (único) instrumentista angolano que viu o seu nome pronunciado por responsáveis do Centro Cultural de Guadalupe, para fazer parte do tradicional "Festival de Jazz nas Antilhas Francesas", ao lado de Gigantes da música internacional. Este ciclo de concertos estava inicialmente marcado para o (passado) mês de Dezembro de 2020, mas a situação da pandemia mundial, Covid-19, acabou por inibir o show e colocou-o em águas paradas, pelo menos por agora.

A CARREIRA DO COMANDANTE

António Manuel Fernandes, NANUTU, nasceu no Sambizanga, em Luanda, aos 03 de Setembro de 1961. Começa a tocar bateria aos 8 anos e com a mesma idade passa a tocar também clarinete. Aos 10 anos começa a tocar saxofone, sendo que a partir desta altura começa a Ascensão na música angolana, pela facilidade de o saxofone ser o instrumento de sopro melhor adaptado para a generalidade da música africana. É na Casa dos Rapazes de Luanda e na Academia de Música de Luanda que amadurece como compositor e instrumentista talentoso. NANUTU começa a trabalhar com o conjunto militar "Aliança FAPLA-Povo", a partir de 1975, cujos os artistas principais eram David Zé, Urbano de Castro, Artur Nunes, Santocas, entre outros. Passa ainda pelo conjunto "Os Merengues" com o líder Carlitos Vieira Dias (guitarra baixo) Zé Keno (viola solo), Zeca Tirilene (guitarra ritmo), Joãozinho Morgado (congas), Tony Henriques (bateria), Lopes Pereira (teclados), Gregório Mulato (bongôs, mukindu, choca e vocalista principal), Nando Nunes (trompete), Tony Almeida (trombone), e o próprio NANUTU (sax sopranino, soprano, alto, tenor, barítono e clarinete).

A FAMA EM ÁFRICA

A fama de NANUTU começa a circular em África pouco tempo depois de o músico conquistar o primeiro lugar no Concurso de Bandas e Artistas dos PALOP, Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, por volta de 1984. NANUTU é um artista com uma forte intelectualidade musical, e por isso produz vários cantores em todo o mundo. Na sua trajectória de quase 50 anos ligados à Música Popular Angolana e à música internacional, podem ser encontradas muitas e belas composições com as suas ideias e arranjos, com o toque do seu saxo, o seu distinto instrumento, com conjuntos ou artistas como "Os Merengues", Paulo Flores, Luís Represas, Pablo Milanês, entre outros.

O FIEL DEPOSITÁRIO DA MÚSICA INSTRUMENTAL

NANUTU tem sido o mais notável e fiel depositário da Música Popular-Instrumental Angolana junto da Diáspora, não fosse o "Ximbika" (um dos mais recentes álbuns de NANUTU) ter ficado em primeiro lugar durante dois meses na Rádio África Number One, em Paris, onde até à data presente continua a ser ouvido. Preponderante, NANUTU arrasa quando reencontra Paulo Flores e juntos regravam "reencontré", de Super Combo et Ryco, deixando os próprios antilhanos originais do tema irreversivelmente alucinados por tão espectacular (re) interpretação. O mesmo passara já com a conhecida canção baptizada com o nome "Maria-Maria", de Gérard Dupervil, e uma outra canção que o tempo até hoje não consegue apagar, "Aki Yaka", do género Kadence lypso, de Exile One, regravadas por NANUTU, nas fabulosas versões instrumentais, que ainda hoje fazem presença obrigatória nas festas africanas de casamento.

O QUE PENSAM OS FRANCESES SOBRE NANUTU?

Um estudo recente da Alliance Française em Paris dá conta que NANUTU é um dos melhores saxofonistas de África. Esta "informação francesa" vem reforçar ainda mais o que tem sido há anos o nosso entendimento em relação ao trabalho de NANUTU. Até aqui (Angola e França), estamos conversados!

Em alusão ao Dia de África, o nosso-merecido tributo ao "Chefe da Música Popular Instrumental Angolana", um saxofonista astuto, irrequieto em palco, que sabe sempre imprimir jovialidade e conceder à música africana a essência que lhe é devida.

Boa escuta

LUÍS PAULO