Luanda - Para a Guiné Bissau, a visita de Marcelo Rebelo de Sousa é um balão de oxigénio na sua luta pelo reconhecimento internacional. Antes, a semana passada, quando se estava a preparar a visita do presidente português, houve manifestação frente ao palácio em Portugal, onde Marcelo Rebelo de Sousa recebeu os manifestantes e falou com eles. Estes saíram do encontro convencidos de que valia a pena a visita pois, Marcelo disse- lhes que era preciso conversar com Chissoko para se saber quais eram as suas intenções!

Fonte: Club-k.net

Esta viagem é uma aproximação não só a Portugal mas também ao mundo que não encarou lá muito bem o modo como o poder foi passado nas últimas eleições. O último alto dirigente português a visitar Bissau, foi Mário Soares. Depois, considerando a suposta natureza criminosa de Bissau, Chissoko pode muito bem, com a visita deste seu homólogo, começar a trabalhar seriamente, se ajudado, para tirar Bissau da lista de países ou Estados falhados.


O narcotráfico, raptos de jornalistas, ilegalidades no trato com a sociedade civil e uma administração pública que tem sido incapaz de gerir a economia, além da forte corrupção e instabilidade institucional, pode a partir de agora merecer uma outra abordagem política, se também o executivo de Umaro Embaló Chissoko acreditar ter chegado o momento da Guiné Bissau ressurgir nos areópagos da modernidade a bem da civilização e do espaço que ocupa regionalmente, rumo a estabilidade deste país desunido e politicamente falhado.


O presidente português foi recebido com circunstância e pompa por ser, aos olhos do poder guineense, o bom samaritano, que os vai reaproximar das instituições internacionais e das relações bilaterais vantajosas, pois a confiança fora perdida pelo modo como Bissau geria a sua vida pública e ao desbarato do respeito das instituições e do direito internacional, além de um total desapego aos direitos humanos.


Tanto Marcelo quanto Chissoko têm noção do valor do momento político perante a presidência portuguesa da união europeia, que pode acrescer valia ao esforço da economia deste país africano, além de um passo politico inicial de confiança perante as nações unidas, a união africana e a união europeia. Também Marcelo não quer deixar o pragmatismo das soluções da presidência portuguesa da união europeia somente ao primeiro ministro Costa, já que a sua presidência tem a tendência a mais actos que palavras, ao menos neste segundo mandato é está a intenção.

Kate Hama
19 de maio de 2021