Luanda - Depois das eleições de 2017 de que resultou na eleição de João Lourenço como Presidente da República, o cenário político viu erguidos dois momentos, ou efeitos interessantes: Em primeiro lugar, ganhamos os novos descontentes do poder, devido ao combate à corrupção e impunidade que colidiu com a lavandaria do bloco económico dominante que defendia a criminalização do Estado, a seguir os novos grupos simpatizantes ao discurso pela coragem das reformas reiteradas no principal advento de João Lourenço e o sinal de abertura ao convívio no palácio Presidencial.

Fonte: Club-k.net

Logo no início do mandato, João Lourenço recebeu algumas personalidades da sociedade civil e grupos de pressão desavindos com a gestão do anterior poder. Em consequência, nasceram compromissos implícitos e um bom arejamento no espaço público, sendo certo que se criaram legítimas expectativas para se defender a legalidade e o interesse público.

 

O jogo político hoje fica mais combativo e intenso, pelas forças políticas e ganha novos adversários que não estando nos partidos políticos, se encontram no espaço público. O partido governante quer manter o poder e a plataforma de oposição quer alternância, embora, sendo um desejo tão normal nas democracias, se tornou divisionista nas correntes de confluência da sociedade.

 

Nos tempos hodiernos, as ideologias deixaram de ser o elemento de percepção, convicção, da relação entre os partidos e os militantes, ou os partidos e os cidadãos. O povo começa a olhar para as lideranças com menos significado para os programas.

 

A luta política saiu dos partidos políticos e chegou à fase derradeira de muita antecipação até as eleições. As opiniões divergem no espaço público; académicos, activistas, jornalistas, intelectuais vão-se posicionando para viabilizarem as suas pretensões de apoio ao poder ou de apoio à alternância.

 

Os críticos ao poder não desejam alternância, emprestam racionalidade à acção do poder, constatam, dedicam - se a observar para darem eficácia à máquina do poder . Se neste grupo não existem militâncias formais, pelo menos existe proximidade na lógica de afectos de complementaridade.


Os grupos de pressão realizam agendas de alteração para mobilização de alternância, subsidiam as dinâmicas de oposição política ao poder, usam expedientes que promovem o apelo de reivindicação e luta directa com o poder, pelos actos disponíveis ao exercício de participação política.

 

É o paradigma da transição da sociedade que se desenvolve pelo comportamento das redes sociais, meios de comunicação social, mas toda a evidência transposta à comunicação digital. São estes os instrumentos de expressão que fazem advocacia às opções de luta política e cívica, e entram no meio do jogo político fazendo assim declarações de subsidiariedade aos contentores principais.


Nesse jogo político, somente os grupos de pressão manifestam claramente apoio à plataforma de oposição para a alternância, jogam mais um papel directo na vida interna dos seus representantes ( plataforma de oposição) .

 

A necessidade dos freios e contra - pesos deve ser observada pelo diagnóstico da eminência de um conflito pré-eleitoral que, não sendo entre os adversários dos contendores partidários, uma das partes do jogo político está em desvantagem; no caso a oposição política, e por este motivo os seus apoiantes preparam-se para novas soluções de luta para se manterem na concorrência das preferências eleitorais.


Defender o poder é pensar na sua reeleição, proteger a sua representatividade para a condução das políticas de governação. Se o poder tem a missão de procurar lutar pela sua sobrevivência e tem à disposição uma parte dos seus agentes de luta, não mais claro que precisa estacionar o seu " carro " na recauchutagem se quiser ajustar a sua dinâmica no contexto dos objectivos que propõe alcançar .

 

Walter Ferreira ( Consultor político )