Discurso do Secretário-Geral da UNITA, por ocasião do 8º aniversário da morte do Dr. Savimbi


Caros dirigentes da UNITA
Caros Membros da UNITA
Caros Membros
Minhas senhoras e meus senhores!


Voltamos hoje 22 de Fevereiro de 2010, passados que são 8 anos depois do fatídico 22 de Fevereiro de 2002 que nos levou prematuramente o nosso líder e mestre a reunirmo-nos para no quadro actual dos desenvolvimentos políticos, sociais, económicos, culturais e diplomáticos de Angola e do resto do continente Africano discernirmos sobre as certezas da UNITA magistralmente transmitidos pelo mestre, se ainda se mantêm no rumo projectado.


Antes disso é importante esclarecermos as razões que nos levaram ao facto consumado com o 22 de Fevereiro de 2002. A resposta está em olharmos com sentido crítico e selectivo e honestidade intelectual para os tempos que precederam este dia, com a certeza de que nos recordaremos do envenenado ambiente político contra a UNITA e fundamentalmente contra o seu líder naquele tempo. Um ambiente sustentado por uma gigantesca máquina de propaganda aqui e fora do país. Uma gigantesca máquina militar de caça ao homem com firme apoio, com tecnologias da última geração, unindo países do leste e do oeste num único propósito; o de acabar com o homem.


Chegados a isso, perguntamo-nos hoje, se era isso que o mundo queria; instaurar em Angola uma ditadura das mais corruptas, das mais incompetentes, das menos sensíveis aos direitos humanos e com super poderes. Se era isso, então está conseguido.


Mas fica por esclarecer depois de tudo isso o povo Angolano que continua espoliado, pobre, sem emprego, espezinhado.


Já em Setembro de 1978 a partir das zonas de resistência ao expansionismo russo cubano, o Dr Savimbi denunciava naquilo que ficou conhecido como o “espírito de Bissau”,as tramas contra a povo angolano e contra a UNITA. Nessa mensagem o Dr. Savimbi fala sobre o inenarrável Dr. Neto,” denuncia “ Neto não conhecer regras de direito,” porque até aquela altura já tinha no seu palmarés o incumprimento de vários acordos dentre os quais os acordos com a FNLA, sob o patrocínio de Nyerere, Kaunda, Nguabi e Mobutu. os acordos de Mombaça, Alvor Nakuru. Ainda, fala sobre “ profecias de um homem de Moscovo”,sobre a “ aproximação Angola-Zaire : um casamento com dote…”,sobre “ A paz passar pela UNITA” e a promessa de”Angola que voltará a ser mãe”.Procurem por esta declaração que já foi editada através do livro”Jonas Savimbi-Discursos e entrevista(1976-1991) volume I.


Esta declaração tem um entendimento tão profundo que promove a curiosidade de melhor se perceber todos estes acontecimentos.Com este legado, mestre ficou ligado à Angola e África como espírito que esclarecerá por muito tempo as tramas que temos de vencer e como vencê-las.


Passados esses 8 anos depois de tombar no campo de batalha, no espectro político-social-cultural e económico de Angola, estão bem visíveis as acções da burguesia mercenária e ladra que delapida o erário público, escondendo-se atrás do poder do estado Angolano, corrompendo generais que se transformam em autênticos verdugos, transformando o poder legislativo num órgão subordinado ao executivo o poder judicial em serviçal dos seus interesses e toda máquina informativa em veiculadora da sua ideologia. Ainda hoje, os que se apõem a esta monstruosa máquina, são ameaçados, mortos e socialmente descriminados. Ainda hoje, treinam-se pessoas para assassínios políticos só por discordarem com o regime, do mesmo jeito como no passado o foram M’fulupinga.


Ainda hoje intensificam-se as acções de secar a UNITA e promover partidecos (aqueles que fazem a vontade do MPLA, mesmo contra os seus interesses). Enviam-se recados aos deputados da UNITA por não terem votado a actual constituição com ameaças de que seriam penalizados individualmente.


Ainda hoje o ministério do interior dá ordens as polícias para matarem seus concidadãos, temos os casos da frescura, Yuri Almeida e outros bem conhecidos por todo pais.


Ainda hoje o cidadão Angolano não pode confiar nas instituições do estado, porque quem quiser desde que esteja a trabalhar no local leva o dinheiro que bem lhe apetecer. Quando é que isso começou? Os ricos desse país não passaram todos por este processo de roubos? Porque só hoje a tolerância zero, não será para atirar areia para os olhos dos coitadinhos dos Angolanos?


Falando verdade e para que esta”tolerância zero”tenha alguma credibilidade, o Eng. José Eduardo do Santos presidente de Angola, primeiro tem de demonstra aos Angolanos que não é o pai da corrupção e do nepotismo.


O super presidencialismo que lhe confere e constituição de Angola, que também desvaloriza o parlamento, não lhe dá o direito de esconder as verdades sobre os dinheiros públicos desviados do erário público desde que é presidente da República. Não se inventem pequenos ladrões imitadores dos grandes ladrões como responsáveis da actual situação de insustentabilidade da posição de Angola como um dos países mais corruptos do mundo.


Queremos toda verdade e só a verdade. Se isso nos custar as nossas vidas estamos preparados há bastante, seguindo o exemplo daqueles que foram assassinados por terem cometido o único crime, o de amar Angola e os Angolanos.


Minhas senhoras
Meus senhores


Em 1985,no encerramento da Conferência da Internacional Democrática, o Dr. Savimbi dizia; “há nove anos atrás, em 1976,a UNITA tinha sido abandonada por todos : só não fomos abandonados pelo inimigo. O Russo e o Cubano continuaram a persegui-nos”.


Passados 25 anos depois, ao comemorarmos o 8º aniversário da morte do presidente fundador, voltamos a repeti-lo, há 18 anos desde 1992 que a UNITA se encontra abandonada na luta pela democratização de Angola. Mas, a crescente força da sociedade civil e partidos político sérios, são a esperança deste processo estar a chegar ao seu fim. Mas, até lá haja muita coragem porque o inimigo da democracia continua armado com a firme vontade de destruí-la.


Não permitamos que isso aconteça porque com a democracia realizaremos as razões de luta do povo Angolano, as razões da criação da UNITA que segundo Jonas Malheiro Savimbi são:


- Instauração no país de um regime de justiça social.

- Um regime da não espoliação dos ricos e nem humilhação dos pobres a quem o Estado deve defender permanentemente para conquistarem um lugar ao sol;

- Um regime que dá emprego a todos cidadãos;

- Um regime que luta contra todas formas de exploração. O Angolano não explore o outro Angolano;

- Um regime onde terra é sagrada, é nossa e pertença do povo;

- Um regime que construa a pátria:
• Conhecendo as suas nações;
• Conhecendo as suas tradições;
• Eternizando a sua africanidade;
• Lutando pela sua unicidade.


Porque se pensarmos como João Melo que julga a República Socialista Negro-Africana como um escândalo a abater, tenho a firme certeza de Angola nunca se achar. Porque o que é escândalo para João Melo, não o seria para os Nigerianos ou Congolenses..


Também convido este ideólogo a perceber o que pensa a maioria do povo Angolano. O tempo de impôr tudo pela força está a chegar ao fim. Haja debate civilizado de que a África tem melhores escolas.


Este 22 de Fevereiro de 2010, deve marcar um ponto de viragem da dignificação dos injustiçados. Todos eles mereçam paz condigna e sejam sepultados onde devem estar sem que as famílias sejam coagidas.


Este 22 de Fevereiro de 2010, reinicie o verdadeiro processo de reconciliação nacional e a UNITA saiba colocar-se na dimensão do seu papel histórico, unindo-se internamente em torno da sua tradição.

Obrigado