Luanda - Nascido em 23 de Julho de 1945, no conselho dos Dembos (Ndembo), mais concretamente no Piri. Em 6 de Outubro de 1966 com 21 anos de idade se doa para a luta clandestina. Integrando assim o Esquadrão Cienfuegos comandados por João Jacob Caetano-Monstro Imortal. Dois anos mais tarde é convidado a ocupar um cargo de direção do CIR (Centro de Instrução Revolucionaria). Seu nome de guerra era Agir, ou Chou en Lai, mas para seu Pai era apenas Bernardo Alves Baptista ou simplesmente Nito Alves. Nito era uma estrela que nasceu pra brilhar e sua vida político-militar dava passos galopantes. Assim em 1972 se torna o responsável pelo departamento de segurança da 1ª região político militar do MPLA.

Fonte: Club-k.net

NITO SALVA NETO


Em 1974 enquanto ia para o Congresso de Lusaka-Zâmbia, em representação da 1ª político-militar. Passa antes no Kongo Brazzaville, precisamente numa fase em que a liderança de Agostinho Neto estava a ser fortemente questionada e mergulhado no mais absoluto descrédito. Vendo a situação de extrema desesperança de Neto, Nito Alves usa seu extraordinário poder de persuasão e oratório. Fazendo um discurso transcendental e filipado que foi determinante para permanência de Agostinho Neto na liderança do MPLA. Pouco depois disso num gesto de pura gratidão Agostinho Neto promove Nito Alves para o Comité Central e para o Bureau Politico do MPLA e na sequência Nito Alves é nomeado para o cargo de Ministro da Administração Interna, isto em 15 de Novembro de 1975.

NITO É ACUSADO DE GOLPE


Agostinho Neto regressa à Angola vindo de Cabo Verde no dia 1 de Abril de 1976, neste dia Lúcio Lara cozinha uma mentira e serve para Neto comer. Ele disse: Camarada Presidente, o Ministro da Administração Interna Nito Alves está a preparar um golpe de estado contra o senhor.


Nito é acusado de fraccionismo e de golpe de estado. Desolado com tanha acusação falsa, Nito escreve uma carta para seu amigo Albertino Almeida. Onde esclarece que seus detratores querem desprestigiar sua carreira política e que se não conseguissem fariam de tudo para lhe assassinar. Nito termina a carta agradecendo os conselhos e as advertências do amigo.

Nos dias seguintes a isso Nito disponibiliza um documento com mais ou menos 143 páginas ao qual chamou de as 13 teses em minha defesa. Onde propõe a criação de uma Comissão de Inquérito para averiguar a veracidade das acusações que pesam sobre si e que devia apresentar provas num prazo de 60 dias. Pouco depois a Comissão de Inquérito é criada por Agostinho Neto que destaque o Ministro dos Negócios Estrangeiros José Eduardo dos Santos como seu máximo responsável.

Dentre os que queriam fatigar Nito estão nomes como os de Pepetela, Ndunduma We Lepi, Henriques Abrantes, Hélder Neto, Danjeré, Iko Carreira, Lúcio Lara, Ludy Kissassunda, Ambrósio Lukoki, Lopo do Nascimento, Manuel Rui Monteiro, só para citar alguns.


OS PRIMEIROS SINAIS DE REPREENSÃO

Os programas de rádio Kudibanguela e o programa o Povo em Armas e ainda o Jornal Diário de Luanda foram encerrados em Outubro de 1976. Nos meses seguintes ouviu-se falar de indivíduos presos no Huambo por apenas declamarem poemas de Nito Alves. Em vista disso e de outros episódios repressivos Nito declara a seus próximos o seguinte: vem aí uma tragedia todos os que estiverem relacionados comigo e com a 1ª região politica militar vão ser presos.


APRESENTACÃO DAS PROVAS DE ACUSAÇÃO CONTRA NITO


Durante a 5ª reunião plenária do Comité Central do MPLA que se deu no dia 20 de Maio de 1977. Foram apresentados os resultados do inquérito. O inquérito que foi até uma sugestão de Nito em Outubro de 1976 até Maio de 1977 não continha nenhum elemento conclusivo que fosse servir de provas para acusar Nito. Contudo no dia seguinte, dia 21 de Maio de 1977 durante o comício na Cidadela Desportiva perante uma vasta audiência Agostinho Neto disse: … isto é uma ditadura, se for necessário medidas duras, nós vamos tomar medidas duras. Quem manda aqui é o MPLA. Neste mesmo dia Nito Alves que se encontrava suspenso de exercer sua actividade de Ministro da Administração Interna foi afastado do Comité Central e do Bureau Politico do MPLA. Assim como foi José Van Dunem ambos acusados de fraccionismo. Poucos dias depois Nito e Van Dunem são convidados por Neto que lhes tenta persuadir a pedirem desculpas publicamente. Estes não tendo de que se desculpar, pois tinham suas consciências limpas em relação as falsas acusações se recusam e são presos sob orientação de Agostinho Neto.

 

OS DIAS DE TERROR NA PRÁTICA


Muito mais do que Neto, Nito era muito querido entre as massas populares. Logo o seu afastamento e aprisionamento foram encarados com olhos de reprovação. Então na sexta-feira dia 27 de Maio de 1977 pelas 4 horas da manhã um destacamento da Brigada Feminina sob as ordens da comandante Elvira da Conceição-Virinha. Supostamente apoiados pela 9ª Brigada tomam a cadeia de São Paulo como manifestação de apoio e soltam todos. Principalmente os cidadãos injustamente presos apenas por nutrirem simpatia por Nito Alves.


Enquanto isso a DISA (Direção de Informação e Segurança de Angola) monta uma armadilha para incriminar Nito e persuadir Neto à uma ação mais violenta. Membros do circulo próximos e fiéis a Agostinho Neto foram fuzilados no Sambizanga-Boavista e depois carbonizados numa ambulância que Melo Xavier foi buscar num hospital. Tal ação foi montada para incriminar Nito e a 9ª Brigada. Porque é no Sambila onde Nito se reunia preferencialmente. Alarmado com a notícia dos fuzilados no Sambila Neto liga para Fidel de Castro que dá ordens expressas ao contingente militar cubano destacado em Angola (no âmbito das operações carlota e cobra), para intervir e aí foi o descalabro.


Os cubanos armados até aos dentes em tanques de guerra, camiões com um enorme punhado de tropas se dirigem para Rádio Nacional de Angola e depois para Cadeia de São Paulo e então para o Quartel da 9ª Brigada. Acompanhados naturalmente por elementos da DISA e da Guarda Presidencial. Eles levavam metralhadoras pesadas, Kalashinikov, Siminov, Bazucas, Granadas e Canhões. As ordens eram de cumprimento obrigatório e Agostinho Neto disse: não haverá perdão, não perderemos tempo com julgamentos. Nisso mandou matar os integrantes da Brigada Feminina, os da 9ª Brigada e os do Movimento Juvenil. Com esta ordem Neto acabava por desrespeitar os artigos 17º e 32º da Lei Constitucional de 1975.


As tropas cubanas em companhia das angolanas dispararam contra a população que fazia uma manifestação pacífica em frente a Rádio Nacional de Angola matando um punhado de pessoas civis, desarmadas e inocentes. A onda de assassinatos se espalha por todo País, na Huila desencadeia-se uma onda de matança contra pessoas só porque tinham concluído a 5ª classe. Outros, em várias partes do País foram presos apenas por serem críticos, ou por ter bens, ou por ser inteligente, ou por ter fotografia de Nito.


O Pai de Nito Alves cujo nome é Bernardo Panzo Ngongo que n`altura tinha 92 anos de idade foi igualmente preso. Mas não foi morto. As mulheres cujos maridos eram levados à prisão, quando fossem visitar seus maridos presos,entravam em desespero ao não encontrar os maridos e lhes diziam que seus maridos fizeram uma viagem à Cuba. A palavra Cuba na verdade significava morte, talvez seja por isso que hoje se usa o termo cubou para dizer morreu.

 

Alguns indivíduos bastante conhecidos já tinham certidão de óbito passados em seus nomes antes mesmo de serem assassinados. Pessoas de todo tipo foram torturadas pela Comissão das Lágrimas, um órgão criado pelo Bureau Politico do MPLA. No qual integravam Pepetela, Luandino Viera, Wanhenga Xitu e Ambrósio Lukoki, só pra citar alguns. Estes e outros que constituíam a Comissão das Lágrimas torturavam pah CARALHO. Usavam cigarros acesos para queimar os presos, usavam choques elétricos. Usavam o método de tortura que se conhece por Nguelelo. Onde os pés e as mãos são amarrados nas costas, a mesma corda passa nos colhões onde aperta violentamente causando muita dor. Usavam também a Chinkwalia, onde te amarram os pulsos e os tornozelos nas costas e te penduram numa banda.

NETO MATA NITO


Em vista a tanta violência Nito que tinha sido heroicamente solto sentiu necessidade de se entregar para ver se pudesse acabar com a violência generalizada. Outra versão diz que Nito foi capturado pela DISA que lhe prendeu na fortaleza São Miguel. Onde ficou dias sem comer até ser fuzilado por um agente da DISA de nome João Eurico Miguel Kandanda. O corpo de Nito Alves foi lançado no mar e estava completamente furado com mais de trinta tiros de arma de fogo. As mortes continuaram até 1979 e estima-se que mais de 80.000 almas foram mortas durante o terror que começou em 27 de Maio de 1977. Nomes como David Zé, Artur Nunes e Urbano de Castro… também foram mortos neste período. Um período amargo onde expressão MPLA-PT era interpretada da seguinte forma: Mulatos e Pulas Libertaram Angola, e os Pretos Também


Hoje derramo uma lágrima e deposito uma flor tumular em homenagem a todas as vítimas do 27 de Maio de 1977