Lisboa – A UNITA perdeu das suas fileiras um oficial que ao tempo da guerrilha integrou a sua missão externa. Trata-se do brigadeiro Amílcar José Mateus, também conhecido por “Aníbal Kandeias” ou “Kilé”, falecido este sábado (29) vitima de doença, em Luanda.

Fonte: Club-k.net

Nascido na província do Huambo, Aníbal Kandeias iria completar 67 primaveras no próximo dia 21 de Agosto. Na historia da UNITA, fez parte do grupo que no inicio da década de 80 integrava a área das transmissões da guerrilha, depois de ter concluído uma  formação   em  'transmissões de guerra eletrônica', na  Alemanha Federal (Munique). Foi enquadrado  no secretariado dos negócios estrangeiros sob comando de Tito Chingunji e Ernesto Mulato, para de seguida ser catapultado para a representação da UNITA,  em Kinshasa, ao lado dos coronéis Abel Chivukuvuku, Kanyalulku, Marcelo Moisés Dachala “Carriça” e outros.


Estava-se mesmo em meados da década de 80, um período em que o líder da UNITA, Jonas Savimbi, seria apresentado pelo Presidente do Togo Gnassingbé Eyadéma ao influente Franz Josef Strauss, então Ministro- Presidente do Estado da Bavieria e ex - Presidente da SCU (União Socialista Cristã), que nutria fortes simpatias ao guerrilheiro angolano. Com as ligações privilegiadas com Strauss, Jonas Savimbi escolheu Aníbal Kandeias para representar o seu movimento no Estado da Bavieira, terras de Josef Strauss, em substituição do então representante, general Tiago Kandanda que operava inicialmente a partir de Liechtenstein e mais tarde em Munique.


Aníbal Kandeias que trabalhou como diplomata da UNITA, na Alemanha entre 1987 a 1993 ficou notado pelo “Bundes Nachrichten Dienst-BN” os Serviços de Inteligência Externa Alemão, no decorrer de uma viagem com cunho de "visita de Estado" que Jonas Savimbi realiza neste país europeu pouco depois da assinatura dos Acordos de Bicesse aos 31 de Maio de 1991. “Kilé”, na altura coronel, era o oficial de ligação entre a segurança pessoal de Savimbi, e a equipa da guarda Federal Alemã encarregue pela proteção do líder do “Galo Negro”.


Em 1995, Jonas Savimbi refaz a sua missão externa, já em fase de conflito armado, e Aníbal Kandeias “Kilé”, é nestas mudanças, transferido para o Reino Unido, Londres, onde as sanções decretadas pelas Nações Unidas o apanham e fica impedido de circular com um passaporte que o apresentava como funcionário do governo da Costa do Marfim. Com o fim do conflito armado regressou ao país, e desmobilizou-se como brigadeiro das extintas FALA. A sua última acção partidária foi a subscrição de um manifesto de apoio a candidatura de Adalberto Costa Júnior a liderança da UNITA.