Maputo - Na tomada de posse do novo chefe da Casa de Segurança, o PR João Lourenço lançou um desafio ao general Francisco Furtado respeitante a "limpeza de todos os efectivos fantasmas que encontrar nos Órgão de Defesa e Segurança”, que é uma realidade que nas últimas décadas tem servido de fonte de enriquecimento para os oficiais deste órgão de auxilio do Chefe de Estado.

Fonte: Club-k.net

Apesar do Presidente da República falar em “efectivos fantasmas”, era desejável que a limpeza se estendesse as “estruturas fantasmas” sob alçada da Casa de Segurança (CS) e que que não constam do seu organograma. Pelo menos cinco já estão identificadas


Ao tempo doo Presidente José Eduardo dos Santos, a Casa de Segurança (CS) acolhia uma estrutura denominada “destacamento de obras especiais” formada por militares cujo o comandante era – de forma acumulativa - o antigo Secretario Geral da CS, tenente general Jesus Mário da Conceição Manuel. Os salários eram pagos a mão, a sombra de uma arvore de um estaleiro do CIF, no quilômetro 28, em Luanda. Quando os soldados solicitavam comprovativo de pagamento ou garantias dos descontos para a segurança social, os mesmos eram penalizados com prisão por parte da Polícia Judiciaria Militar (MP). O major Pedro dos Santos da MPL deve ter uma palavra a dizer. Os soldados deste destacamento é quem faziam guarnição do novo aeroporto internacional de Luanda, em Bom Jesus.

 

Em 2012, o Maka Angola dava conta do Destacamento Central de Protecção e Segurança da Casa Militar da Presidência da República (DCPS), como sendo uma estrutura fantasmas criada em 2004, para garantir a protecção dos projectos de reabilitação de infra-estruturas em todo o país. O portal de Rafael Marques dizia na altura que em Janeiro daquele ano, o chefe da Repartição de Pessoal e Quadros da UGP, coronel Henriques Chilembo Alfredo, explicou à Polícia Judiciária Militar que a UGP não tinha controlo sobre o pessoal afecto ao DCPS da Casa de Segurança.


Na província de Cabinda, havia ou há um chamado “Destacamento da Casa de Segurança” que tinha um financeiro e chefe de pessoal, coronel Domingos Antônio que já fora denunciado como “culpado” pelo atraso dos ordenados dos soldados que eram, na visão dos prejudicados, supostamente descaminhados para financiar o seu clube de futebol “Domante Futebol Clube do Bengo”.

 

Mais ao sul de Angola, na província do Kuando Kubango, há um outro contingente militar de 2000 solados, definidos por “Forças Especiais de Apoio ao Comandante-em-Chefe (FEACC)”. Alega-se terem sido criado para intervir em caso de “Golpe de Estado” contra o Presidente. Os mesmos ficam aquartelados na zona acima, em direcção a nascente do rio Kuebe, há uns 5 km do centro da cidade do Menongue. Na falta de tarefa exacta, os mesmos são colocados a prestar serviços na fazenda do Bimbe, há 60 km, de Menongue.

 

Um quinto contingente desencontrado no organograma da Casa de Segurança é o Chacal treinado por israelitas. O Chacal é uma Unidade de operações especiais que apenas sai a rua em situações de emergência. Os seus elementos possuem treinamento criterioso para combater guerrilha urbana. A informação que se tinha é que o seu coordenador era o tenente-general Francisco Lomba Dias dos Santos "Lindo", que depois passou a desempenhar o cargo de secretário para os Assuntos de Interior e Polícia Nacional da Casa de Segurança. Foi afastado Junho de 2018. Até certa altura, os Chacais tinham os seus salários não “bancarizados” havendo informação de que o quadro mudou. Há, por outro lado, denuncia de que na falta de ocupação cerca de 10 soldados afectos ao Chacal foram disponibilizados para a guarnição de um resorte privado e de um ginásio na rua C-5, bairro Nelito Soares, no Rangel, em Luanda.

 

Estatutariamente, a Casa de Segurança do PR, tem sob sua alçada dois corpos que funcionam em sobreposição que são, a UGP-Unidade da Guarda Presidencial e a USP-Unidade de Segurança Presidencial. Os treinos dos efectivos, eram até 2016 assegurados por assessores norte coreanos, reconhecidos pela valência em matéria de segurança pessoal, contra inteligência, técnica operativa e reconhecimento tático. Para além dos norte coreanos, haviam até 2018 assessores cubanos e russos – especializados em matéria de segurança e preparação combativa - cuja missão centravam-se no acompanhamento destas duas unidades da CS.